29 novembro 2016

RESPONSABILIDADES nos RESULTADOS da CGD

Não deixa de ser curioso, que o PS e o PSD nomearam nos últimos 40 anos o Presidente deste banco público e a maioria dos Administradores.
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De fundo, temos as seguintes posições:...
- O PSD quer privatizar a Caixa Geral dos Depósitos: dizem analistas que pretende enfraquecê-la com as acções actuais e, assim, obrigar à sua privatização.
- O PS não quer privatizar.
- O CDS também não, ou pelo menos não queria quando sabia o que andava a fazer.
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A C.G.D. e os partidos
Ambos, PS e PSD, por acordo entre os dois partidos, alienaram partes significativas da Soberania do Estado Português e parte significativa da Independência de Portugal, de que um dos resultados visíveis é o facto de que, para tratarem dos assuntos referentes ao Banco, propriedade exclusiva do Estado Soberano de Portugal, terem que pedir licença a Bruxelas.
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Ambos dominaram a gestão do Banco durante 40 anos.
Ambos nomearam “boys” para a Presidência e para a Administração. Ambos tinham a obrigação de conhecer bem os resultados da actividade do Banco público.
E agora estão ambos incomodados?

Num Governo PS (2005-2011), com a queda do BPN, a Caixa Geral de Depósitos foi chamada a financiar, na prática, a operação de nacionalização deste banco.
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Tal custou, segundo estimativas de vários analistas, cerca de 6 mil milhões de euros, financiados e suportados pela CGD.
(a recapitalização actual, de 5,2 mil milhões, terá alguma coisa a ver com este caso?)
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O Governo do PSD que lhe sucedeu (2011-2015) continuou a deixar de fora os bens líquidos do BPN, permitindo que a SLN (proprietária do BPN) ficasse ilesa no processo.
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Resulta do que se descreveu, que é caso para dizer que não há inocentes e que os interesses nacionais têm ficado para trás, nesta luta política entre os dois partidos.
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Vários negócios, um pouco estranhos, foram vindo a público através dos vários órgãos de informação.
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Caso para perguntar: o que fizeram os Governos do PS e do PSD?
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O que fez o "Regulador" (entre comas), Banco de Portugal?
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Onde está o interesse de Portugal a ser defendido por qualquer deles?
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Confesso estar um pouco farto da atitude dos dirigentes do actual PSD, agora que, finalmente, se tapou o "buraco" do BPN., (o Banco do PSD, recorde-se) com a recapitalização em curso..!
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Confesso estar um pouco farto do PS que, em vez de simplificar o processo, tem permitido a sua complicação.
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Quem paga: Portugal e os Portugueses!
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Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
 

25 novembro 2016

A CGD - Objectivos desvirtuados pelas “clientelas”

A Caixa Geral de Depósitos esteve entregue, durante anos, a incompetentes, para não lhes colocar outros epítetos mais graves. A prova deste adjectivo está na situação financeira e económica a que esta instituição chegou, e que é do conhecimento dos analistas do mercado financeiro. E, como também é público, e do conhecimento dos analistas, não foram apenas condições do mercado financeiro que a provocaram.
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Por tal facto, chegou-se ao ponto de se ter que recapitalizar a Caixa, em mais de cinco mil milhões de euros, com o dinheiro de todos nós.
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Como os partidos do “centrão” colocaram Portugal numa situação de dependência excessiva da União Europeia, agora tiveram que pedir autorização a Bruxelas para o fazer, quando antes o podiam fazer sem que tal acontecesse.
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E assim, finalmente, ao fim de mais de quarenta anos de más práticas, consubstanciadas nomeadamente na contratação de pessoas sem qualquer experiência de governarem bancos, para a respectiva administração, o actual Governo contratou uma equipa de pessoas com experiência de gestão de bancos e conhecimentos técnicos bancários, considerados suficientes para efeito.
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Já há mais de trinta anos que tal deveria ter sido feito.
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Não tenho ilusões sobre esta mudança de práticas. Creio mesmo que não me engano, quando afirmo que o Governo foi “empurrado” pelo Banco Central Europeu e pela Comissão Europeia, para contratar pessoas com este perfil.
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Na verdade, sabe-se que a autorização de recapitalização desta instituição incluiu, como uma das contrapartidas, a exigência de colocar na administração da Caixa gestores profissionais. Quanto a mim, muito bem. Até que enfim!
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Mas a negociação de contratação dos novos gestores da CGD, de que sabemos apenas os resultados tornados públicos, é o resultado da confusão em que o “centrão dos interesses” e o “centrão político” colocaram o País, nesta matéria.
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Ao que parece, estes gestores exigiram condições iguais às que usufruíam quando estavam ao serviço de bancos privados, quer em termos de remuneração, quer em termos de se eximirem ao cumprimento da norma que os obriga a declararem ao Tribunal Constitucional a sua situação económico-financeira.
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Quanto a este último ponto, deixo uma pequena interrogação: com os meios informáticos que a Autoridade Tributária tem ao seu dispor, será que não sabem exactamente tudo acerca do património dos novos gestores?
Não podem comunicá-lo directamente ao Tribunal Constitucional?
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A resposta é ‘sim’ na primeira parte da questão, e é ‘não’ na segunda parte.
Na verdade, as vulgarmente conhecidas “Finanças” sabem bem qual a situação de cada um dos novos gestores, como sabem tudo acerca de todos nós, nessa matéria.
Mas não podem comunicar directamente ao TC, pois a Lei de 1983 que regula esta matéria impõe que sejam os próprios a fazê-lo.
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Sendo esta lei do tempo em que tudo se fazia à mão, não seria tempo de a modificar?
Ter-se-ia evitado muito desta inútil polémica, que afecta a Caixa Geral de Depósitos e todos nós.
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Posto isto, no que refere a salários nada tenho a dizer, pois é a lei do mercado a funcionar. Nem sequer percebo o falso e populista “escândalo” à volta deste tema, quando existem salários muito superiores a serem praticados em Portugal.
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Para não ir mais longe, cito o exemplo do atribuído ao Dr. Sérgio Monteiro (ex-Secretário de Estado do PSD, que está a negociar a venda do Novo Banco) e (utilizando o mesmo populismo dos que estão contra) dos treinadores e futebolistas.
Mas neste caso é popular, no segundo caso é perigoso eleitoralmente. Percebo!
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Já no que se refere à declaração de rendimentos e património, tenho a dizer que os novos Administradores, ao eximirem-se de a cumprir junto do TC, não deviam ter sequer tomado posse.
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A lei existe e, enquanto não for modificada, é para cumprir por todos.
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Quanto às ameaças de que se demitem, se tiverem que cumprir a Lei (ameaças veladas, e mandadas - por quem? - circular junto da opinião pública), a minha posição é clara: não há insubstituíveis.
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Os cemitérios estão cheios desse tipo de pessoas.
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Quanto ao “ruído” político à volta deste assunto, temos a actual direcção do PSD a querer desestabilizar a Caixa, pois quer à viva força privatizá-la.
Aqui direi que estranho não o ter feito enquanto era Governo, mas isso é outro assunto.
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Em resumo: PS e PSD nomearam, desde 1980, à vez, os administradores desta instituição.
E inclusivé o meu partido ainda lá meteu 1, sem qualquer experiência. Enfim diz bem da desorientação que grassa n o mesmo.
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A CDD foi criada para guardar o dinheiro proveniente das receitas do Estado.
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Foi criada, também, para ser o “regulador” dos preços do dinheiro na economia, através da sua prática de empréstimos, evitando, assim, a especulação potencial de bancos privados.
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Foi criada, também, para garantir, por esta via, que a actividade, sobretudo das empresas, tivesse créditos a preços (juros+spreads) justos que lhes garantissem a possibilidade de sobreviver, de concorrer e de investir.
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Ora todos estes objectivos foram desvirtuados pelas “clientelas” dos dois partidos.
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Saúdo, assim, a contratação de gestores profissionais!
Mas estes não podem estar acima da Lei!
Quanto aos dirigentes dos Partidos direi que Portugal não precisa de dirigentes populistas e demagógicos. Já cá os tem!
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É lamentável o quadro da discussão a que assisti no Parlamento. ...
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Lamentável pelo tom.
Lamentável pela falta de educação de boa parte dos intervenientes. Lamentável pelo mau exemplo que transmitiram aos cidadãos.
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Como Português sinto-me envergonhado.
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Com os melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Militante e ex-dirigente nacional do CDS-PP
Director do semanário “O Diabo”

21 novembro 2016

Dívida Soberana – Renegociação, esse tema incómodo!

Muito se tem falado, desde há cerca de quatro anos, sobre este tema. ...
A maior parte das vezes nota-se nos discursos e escritos um confrangedor desconhecimento sobre o significado da palavra, e sobre o seu conteúdo técnico.
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Se não fosse grave, daria vontade de rir os disparates que alguns políticos e, pasme-se, alguns “economistas” têm dito públicamente.
Tentarei hoje desmistificar o termo, e clarificar o seu significado técnico.
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No campo empresarial, quando uma empresa grande, média ou pequena, contraiu dívidas e, posteriormente, tem dificuldades em as pagar, por ter surgido uma conjuntura económica desfavorável, ou por acontecimentos supervenientes inesperados, o que faz?
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A resposta é de uma simplicidade meridiana:
- tenta conversar com o credor para a renegociar. Ora Renegociar quer dizer - negociar de novo! O quê? Os parâmetros e condições de pagamento. Nem mais, nem menos.
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Só em casos extremos pode significar negociar o perdão de juros (parcial ou total) ou em casos ainda mais extremos de dificuldades insanáveis, o perdão de parte da dívida.
No caso Português, do que qualquer pessoa séria fala é do primeiro caso. Ou seja renegociar juros e prazos.
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Dito isto, tenho assistido num misto de incredulidade, estupefacção e divertimento, ao que, a propósito da necessidade de renegociar a Dívida Pública do Estado português, se tem dito públicamente.
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Vamos então por partes:
Dependendo da dívida e seu desenho (juros, spreads, capital e prazos de pagamento), e da capacidade da tesouraria da empresa em satisfazer, os montantes, ou as prestações, nos prazos previstos no primeiro acordo, em primeiro lugar quando verifica ser incomportável ou difícil satisfazê-las, tenta o devedor renegociar os Juros, e nomeadamente os Spreads, (margens bancárias) junto do credor ou credores. Isto faz-se conversando e demostrando a este, que sem essa baixa de juros não poderá cumprir, pois se o fizesse o serviço da dívida poderia afogar a empresa e impedi-la de continuar a sua actividade, sem benefício para nenhum deles.
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Em caso de dificuldade mais acentuada, tenta renegociar o prazo de pagamento, do capital e juros, estendendo esse prazo no tempo, para que a "renda" as prestações do empréstimo, baixem, a fim de possibilitar à empresa pagar o que deve, sem afogar a sua actividade produtiva.
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Neste quadro, qualquer destas duas possibilidades convém ao devedor, mas também ao credor. Este fica com mais certezas de reaver o seu crédito.
Porquê? Porque assim viabiliza a actividade da empresa. Para a empresa, esta renegociação é boa. Porquê? Porque lhe permite manter o emprego, continuar a produzir e continuar a vender e a libertar meios para pagar o que deve ao credor!
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Transpondo estes conceitos para o Estado, com as necessárias adaptações, temos que:
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Em primeiro lugar não é o Estado que produz a esmagadora maioria dos bens de uma economia;
em segundo lugar não deve ser o mesmo a dar emprego, mas sim a favorecer a criação do mesmo pelos agentes privados; em terceiro lugar a sua tesouraria vem maioritáriamente das receitas obtidas com os impostos directos e indirectos que cobra aos cidadãos. Mas onde tem mais domínio, é sobre a sua própria despesa.
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Assim, tanto o Devedor como o Credor têm o mesmo interesse em Viabilizar a actividade da Economia do País.
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Um acordo destes convém às duas partes, pois dessa forma:
- O Devedor – (o Estado) – fica mais aliviado, em termos de tesouraria, pode encetar políticas de alavancagem do Desenvolvimento, tentando por essa via gerar mais receitas e libertar mais meios para o seu pagamento;
´...
- O Credor (no caso Português – o BCE, a “União” europeia e o FMI) - assegura dessa forma que o Estado lhe pagará com maior facilidade a sua dívida, embora num prazo mais alargado, dado que lhe será permitido continuar a gerar riqueza, ou mesmo ampliar essa capacidade.
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Assim sendo, vejo com estranheza a mistura de várias coisas.
Em primeiro lugar:
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- Renegociar, não é não pagar!
É diferir no tempo o pagamento!

É assegurar uma Economia mais saudável, com libertação de mais meios para o investimento e crescimento!
É baixar a remuneração da Dívida, Juros, Spreads, aliviando a Tesouraria de Portugal!
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Será a compreensão do que acima se expôs, de forma muito sucinta, muito complicada?
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Por último:
A quem cabe pedir a renegociação? Naturalmente ao devedor! Não se espere que seja o credor a fazê-lo, como é óbvio.
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Posto isto: bem sei que alguns “economistas” e alguns políticos de primeira linha, nunca trabalharam em empresas!
Bem sei que não têm qualquer experiência fora dos Gabinetes!
Mas, neste tema, do que se trata é tão sómente de ter bom senso e tentar seguir as boas práticas de gestão!
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Será pedir muito aos governantes que o façam?
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Se não sabem fazê-lo, renegociar, peçam a quem sabe!
É claríssimo para quem percebe um mínimo, dos mínimos, de economia, que Portugal terá que renegociar a sua dívida soberana, dado que, por exemplo, só o pagamento dos juros significa actualmente cerca de 4,4% do PIB.
...
A pergunta é: quando o farão? Quanto mais tarde, pior!
Portugal está a espera!
Quer desenvolver-se! Não quer definhar!
...
Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves

18 novembro 2016

Economia do Bloco Lusófono: um gigante em potência

As oito economias do Bloco Lusófono valem 2,1 biliões de euros e têm uma população total de 271 milhões de pessoas

The Portuguese Language Bloc value is 2,1 billion Us Dollars and has a population of 271 million people.

Economia do Bloco Lusófono: um gigante em potência

Se as nações que integram o Universo Lusófono constituíssem um único país, este seria a sétima maior Economia do Mundo, à frente da Índia, da Itália, do Canadá ou da Rússia. Todos os países lusófonos teriam a lucrar com o fortalecimento da articulação entre si: cada um deles se tornaria menos dependente do bloco regional em que está inserido e ganharia um peso internacional totalmente diferente. Juntos, passariam a constituir um bloco organizado com voz activa no globo.

Muito se tem falado da Lusofonia e da sua importância. Muito se tem falado da organização da CPLP/Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que congrega nações com uma História e uma Língua comum de mais de 500 anos, e que deu corpo organizativo e visibilidade internacional a uma comunidade cuja matriz é Portugal. Muito se tem falado na necessidade de aprofundar a mesma, com benefício para todos os seus integrantes.

Partilho destas asserções e apoio-as inteiramente.

Há uns dias perguntei-me qual a dimensão económico-financeira deste bloco. E meti mãos à obra para, de forma simples e fácil de ler, compreender melhor a sua dimensão, neste capítulo.

É esse trabalho que agora partilho, de bom grado e boa vontade, com os leitores. Creio que ficamos todos mais informados e mais aptos a exigir dos Poderes políticos o aprofundamento deste bloco de países irmãos.

Vejamos, então, a dimensão económica do Mundo Lusófono.

O conjunto dos Oito
As oito economias do Bloco Lusófono (isto é, os países originariamente lusófonos da CPLP, cinco dos quais são Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa/PALOP) valem cerca de 2,1 biliões de euros e têm uma população total de cerca de 271 milhões de pessoas.

Vejamos então qual a sua dimensão, no particular de cada país, e no seu conjunto.

Quadro 1 - Principais Indicadores - Países do Bloco Lusófono
País
PIB / GDP
(Billion USD)
População (Million People)
PIB/GDP
per Capita
 
 
Saldo % Contas Nacionais
Investiment
%
PIB/GDP
Angola
102,90
25,115
4,097
-8,5%
9,3%
Brasil
1.772,60
204,451
8,670
-3,3%
19,7%
Cabo Verde
1,60
0,525
3,048
-9,2%
40,7%
Guiné-Bissau
1,05
1,777
0,591
-0,9%
11,2%
Moçambique
14,90
27,978
0,533
-41,3%
28,2%
Portugal
199,10
10,411
19,124
0,5%
15,1%
São Tomé e Principe
0,34
0,203
1,675
-11,2%
26,2%
Timor
2,60
1,167
2,228
16,5%
22,3%
TOTAL NOS 8 PAÍSES DO BLOCO LUSÓFONO
2.095,09
271,627
7,713
__
__
Fonte: FMI – Outubro de 2015

Como se infere da leitura do Quadro 1 – sendo um conjunto de países com uma dimensão apreciável, tem no entanto algumas fragilidades, como é o caso de as contas nacionais serem negativas, exceptuando Portugal e Timor, e o facto de ser um bloco com grandes assimetrias, quer em termos populacionais que em termos de riqueza gerada por cada país.

Vejamos então mais alguns indicadores, e algumas previsões do FMI sobre as respectivas economias para 2016 e para 2017, bem como a importância relativa de cada um deles no seu conjunto e a sua importância relativa nos Blocos Regionais em que se inserem.

Angola
Angola é o maior produtor de petróleo na África subsaariana e é a terceira maior economia do Continente Africano. Tem um défice nas contas nacionais de cerca de 8,5%. As perspectivas de evolução da economia são de estagnação: o FMI prevê que o país sofra uma estagnação este ano, recuperando depois em 2017 para os 1,5%.

“Angola está, como a Nigéria e a África do Sul, a adaptar-se à forte queda nas receitas das exportações de petróleo, não deverá crescer este ano e vai ter um fraco crescimento no próximo ano”, lê-se no relatório divulgado em Washington. O FMI revê em forte baixa as previsões de crescimento da economia angolana, já que em Maio apontava para um crescimento de 2,5% este ano e uma ligeira aceleração para os 2,7% no próximo ano.

Angola tem um PIB que ronda os 102,9 mil milhões de dólares e está inserida num espaço regional mais alargado, a África Austral, cujo PIB conjunto dos seus 15 membros chega a cerca de 650 mil milhões de dólares.

Brasil
Este país é, naturalmente, a maior economia do conjunto dos oito países da CPLP analisados. O FMI, na actualização de Outubro ao 'World Economic Outlook', antecipa uma recuperação económica no Brasil em 2017, ano em que o crescimento da economia deverá rondar os 0,5%, depois de dois anos de recessão.

“A economia brasileira permanece em recessão, mas a actividade parece estar perto de sair do fundo do poço”, disseram os analistas do FMI, sobre a nona maior economia mundial.

Cabo Verde
Cabo Verde deverá crescer 3,6% este ano e 4% em 2017.

Guiné-Bissau
A Guiné-Bissau deve crescer 4,8% e 5% neste e no próximo ano.

Moçambique
Também em Moçambique os analistas do FMI esperam um crescimento de 4,5% este ano e 5,5% em 2017. Está também inserido no espaço regional da África Austral, cujo PIB conjunto dos 15 membros chega quase a 650 mil milhões.

Portugal
As previsões do FMI apontam para um crescimento de 1% este ano e uma ligeira aceleração para 1,1% em 2017.

São Tomé e Príncipe
São Tomé e Príncipe deverá registar taxas de crescimento de 4% e 5% em 2016 e 2017. É o país com a economia mais fraca dos PALOP.

Timor
Para Timor-Leste, o FMI prevê taxas de crescimento de 5% e 5,5%, em 2016 e em 2017, respectivamente.

Quadro 2 – Quotas de Importância Relativa sobre o Conjunto dos 8
País
Quota/Share
 % 
PIB/GDP
 (Riqueza)
Quota/Share
 %
Pessoas (Population)
Angola
4,91%
9,25%
Brasil
84,61%
75,27%
Cabo Verde
0,08%
0,19%
Guiné-Bissau
0,05%
0,65%
Moçambique
0,71%
10,30%
Portugal
9,50%
3,83%
São Tomé e Principe
0,02%
0,07%
Timor
0,12%
0,43%
TOTAL NOS 8 PAÍSES DO BLOCO LUSÓFONO
100,00%
100,00%
Fonte: autor do trabalho, a partir dos indicadores

Ao analisarmos, quer em termos do tamanho da sua economia e riqueza produzida, quer em termos de população, chegamos às seguintes conclusões:

Embora não seja muito correcta, tecnicamente, a afirmação de que se fosse um único país, o Bloco CPLP seria a 7ª maior economia do mundo, aqui fica esta nota de mera curiosidade. De facto, um Bloco é constituído por vários países. Como é do conhecimento geral, mesmo sem a produção deste trabalho, a maior economia dos oito é o Brasil, com uma quota de 84,61% do PIB do conjunto. Portugal significa 9,5% da riqueza produzida neste bloco de países, ficando em terceiro lugar. Angola com 4,91%. No seu conjunto, estes três países (Brasil, Portugal e Angola) somam 99,02% da riqueza produzida no total do Bloco Lusófono. Sem o Brasil, o conjunto teria um PIB total de 322,5 mil milhões de dólares, um PIB per Capita de 1.187 dólares e cerca de 67 milhões de habitantes.

Em termos de População, o quadro de importância relativa apresenta algumas diferenças importantes, face ao anterior, mantendo naturalmente, mesmo assim, também neste capítulo, a liderança do Brasil com 75,5%. Mas em segundo lugar aparece Moçambique com 10,3%, seguindo-se Angola com 9,3%. Portugal, neste capítulo, aparece apenas em 4º lugar.

Performance – Capacidade Instalada vs. Riqueza Produzida
Num exercício teórico, em que a população total fosse considerada como a “capacidade produtiva instalada” e a comparássemos com o resultado em riqueza produzida, medindo assim a performance de cada país, em termos de resultados, teríamos o seguinte quadro.

Com performances positivas estariam Portugal e Brasil, pois têm uma quota de riqueza produzida (PIB) superior à quota da sua “capacidade produtiva instalada”, neste caso a população, como acima se referiu.

Blocos Regionais - Comunidades Económicas
Todos estes países estão inseridos em Blocos Regionais, mais ou menos formais, em termos económicos. Vejamos então a dimensão dos mesmos, e a importância de cada um dos países no seu seio.

Quadro 3 - Blocos Regionais mais significativos
Bloco
PIB/GDP Bloco
Quota/Share
RANKING
 
(Billion USD)
%
 
NAFTA
20.644,0
41,54%
U.E.
16.500,0
33,20%
Mercosul
3.500,0
7,04%
ASEAN
2.400,0
4,83%
BLOCO LUSÓFONO
2.095,1
4,22%
ECO
1.899,5
3,82%
SAARC
998,0
2,01%
CEDEAO
675,0
1,36%
África Austral
650,0
1,31%
CEEAC
334,0
0,67%
10º
Total 10 Blocos
49.695,6
100,00%
--
Fonte: FMI – Outubro de 2015

Pela leitura do quadro 3, pode-se verificar que o Bloco Lusófono, em riqueza gerada (PIB), está em 5º lugar, a meio da tabela, na classificação dos principais blocos de cooperação económico-financeira mundiais. O bloco mais rico é a NAFTA, de que fazem parte os EUA, o Canadá e o México. O mais pobre é a CEEAC, de que também faz parte São Tomé e Príncipe.

O Bloco Lusófono tem, como se pode ver, uma importância relativa considerável, apesar de o Brasil ter um peso predominante no mesmo. Considerável, pois em termos geográficos é aquele em que mais zonas do globo estão integradas (Ásia, África, América do Sul e Europa). Os restantes blocos têm uma menor dispersão geográfica.

Quanto ao peso predominante de um país, o mesmo, então, se poderá dizer do bloco NAFTA, onde os EUA pesam 86,9%. E nem por isso este bloco deixa de ter a importância que tem.

Vejamos agora mais alguns dados dos blocos regionais, em que os vários países da Lusofonia se inserem.

ASEAN
A ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) é uma organização regional de Estados do Sudeste asiático instituída em 8 de Agosto de 1967 através da Declaração de Bangkok. A ASEAN engloba 12 nações: dez delas são países-membros e duas são observadores em processo de adesão ao grupo.

Na Ásia, Timor-Leste, com um PIB de 2,6 mil milhões de dólares, está inserido neste bloco, uma comunidade com um PIB conjunto de 2,4 biliões de dólares.

CEEAC
É uma Comunidade Económica da África Central criada em Libreville, Gabão, em Dezembro de 1981. A CEEAC tornou-se operacional em 1985 e os seus objectivos são promover a cooperação e o desenvolvimento auto-sustentável, com particular ênfase na estabilidade económica e a melhoria da qualidade de vida. Na Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) está São Tomé e Príncipe. Esta comunidade tem um PIB que, no conjunto dos países que a compõem, vale 337 milhões de dólares.

CEDEAO
Na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que engloba quinze países da África Ocidental e que vale 675 mil milhões de dólares, estão Cabo Verde, com um PIB de 1,6 mil milhões, e a Guiné-Bissau, com 1,05 milhões de dólares.

MERCOSUL
O Mercado Comum do Sul é um bloco composto pela Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai; mais tarde, a ele aderiram a Venezuela e a Bolívia. O Brasil vale 1,77 biliões de dólares. O PIB conjunto do Mercosul conjunto cifra-se em cerca de 3,5 biliões de dólares. O Brasil significa, portanto neste bloco, 50,65% do mesmo.

U.E.
Portugal, com um PIB de 199,1 mil milhões de dólares, está inserido na União Europeia, cujo PIB está estimado em cerca de 16,5 biliões de euros. A economia portuguesa pesa, neste grupo (antes do alargamento – CE a 15 países) 1,33%. Face ao actual (U.E.) e ao total dos 28, Portugal significa 1,21%.

Vejamos então, num quadro resumo, a importância relativa de cada país-membro da Lusofonia e da CPLP, face aos blocos regionais em que se integram:

Quadro 4 – Países da CPLP e sua importância dentro de cada
Bloco Regional

Bloco /
Regional Org
Countries/País da
PIB/GDP Bloco/Reg Org
PIB/GDP  País/Country
Share
% 
 
Lusofonia
(Billion  USD)
(Billion  USD)
Country / Region Org.
África Austral
Angola
 
102,90
15,83%
 
Moçambique
 
14,90
2,29%
Total Bloco Regional
 Af. Austral
650,00
 --
 100%
ASEAN
Timor
2.400,00
2,60
0,11%
CEDEAO
Cabo Verde
 
1,60
0,24%
 
Guiné-Bissau
 
1,05
0,16%
Total Bloco Regional
CEDEAO
675,00
-- 
 100%
CEEAC
São Tomé
334,00
0,34
0,10%
MERCOSUL
Brasil
3.500,00
1.772,60
50,65%
UNIÃO EUROPEIA
Portugal
16.500,00
199,10
1,21%
Total LUSOFONIA
8 Países
24.059,00
2.095,09
8,71%
Fonte: autor do trabalho, a partir dos indicadores

Como é fácil de verificar, apenas o Brasil tem uma posição predominante, ou significativa, dentro do bloco regional em que se insere – o MERCOSUL – onde a sua economia tem um peso de 50,65%. A seguir, o país que tem mais peso no bloco regional a que pertence é Angola, cujo PIB significa 15,83% do total do mesmo, seguindo-se Portugal com apenas 1,21% de peso no seu bloco regional, a União Europeia.

Postos os números a descoberto, algumas conclusões se podem retirar:

Em primeiro lugar, que todos os países da CPLP teriam a lucrar com o fortalecimento desta organização. Porquê? Porque não só os tornaria menos dependentes dos blocos regionais em que estão inseridos, como o seu peso internacional seria totalmente diferente, por mais significativo.

Em segundo lugar, por se inserirem num bloco de expressão mundial com um peso, no seu conjunto, mais significativo do que cada um isoladamente considerado.

Em terceiro lugar, por se constituírem como um bloco organizado que tem uma história e língua comuns, o que, a par de uma eventual concertação de posições políticas de carácter internacional, lhes proporcionaria uma voz activa no globo.

Este facto pode agora ser potenciado, dada a circunstância de a Comunidade Lusíada ter um seu membro a ocupar o alto cargo de Secretário-geral das Nações Unidas. Poderia, assim, se houvesse vontade política e discernimento dos líderes de cada país, vir a ser uma potência ouvida e respeitada no Sistema Internacional das Nações.

É preciso que os mais altos dirigentes, de cada um dos países da CPLP, percebam que se se unirem de facto, e não só nos discursos de circunstância, cada país ganhará um espaço e uma influência no Sistema Internacional muito superior à sua importância individual.

Não é por acaso que pediram para serem Membros Observadores (antecâmara de adesão plena) países tão diversos como a Hungria, República Checa, Eslováquia e Uruguai, que foram aceites na Cimeira da CPLP, da semana passada, e que se juntaram assim à ilha Maurícia, Namíbia, Senegal, Turquia, Japão e Geórgia.

Se este grupo de países, que têm uma História e uma Língua comum de mais de 500 anos, fosse um País, seria a sétima maior economia do mundo, atrás da França e à frente de países como a Índia, a Itália, o Canadá, Rússia e outros, como veremos no quadro seguinte:

Quadro 5 - Maiores Economias Mundiais

25 World Economies
País/Country
PIB/ G.D.P.
População
Population
Regional Organisations
RANKING
Billion USD
(Millions People)
USA
17.947
321,601
NAFTA
China
10.983
1.374,620
APEC/ASEAN
Japão
4.123
126,926
APEC/ASEAN
Alemanha
3.358
81,900
U.E.
Reino Unido
2.849
65,097
?
França
2.422
64,275
U.E.
India
2.091
1.292,707
SAARC
Itália
1.816
126,926
U.E.
Brasil
1.773
204,451
MERCOSUL
10º
Canadá
1.552
35,825
NAFTA
11º
Coreia do Sul
1.377
50,629
APEC
12º
Rússia
1.325
146,300
APEC/ASEAN
13º
Austrália
1.224
24,016
APEC/ASEAN
14º
Espanha
1.200
46,384
U.E.
15º
México
1.144
127,017
NAFTA
16º
Indonésia
859
255,462
ANSA/ASEAN
17º
Holanda
738
16,935
U.E.
18º
Turquia
734
77,738
ECO
19º
Suíça
665
8,238
E.F.T.A.
20º
Arábia Saudita
653
31,386
CCG
21º
Argentina
586
43,096
MERCOSUL
22º
Suécia
493
9,879
U.E.
23º
Polónia
475
38,006
U.E.
24º
Bélgica
455
11,337
U.E.
25º
Noruega
389
5,205
E.F.T.A.

 
Ou seja, na minha opinião, e dados os factos, o fortalecimento e o aprofundamento do Bloco Lusófono seria benéfico para cada país da Lusofonia, para o Bloco em si mesmo, para a Economia conjunta do mesmo e de cada um dos integrantes.

Seria sobretudo útil e benéfico para os habitantes de cada um dos países-membros. ■

Miguel Mattos Chaves
Doutorado em Estudos Europeus
Auditor de Defesa Nacional

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