União Europeia
– Para onde vamos?
U.E. - FORMAÇÃO / INFORMAÇÃO - para
quem estiver interessado!
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PERGUNTA a que
RESPONDO:
"Estamos
a pouco mais de 1 mês das próximas Eleições Europeias. É sabido que em vários
países europeus, movimentos e partidos de extrema-direita têm estado a ganhar
maior notoriedade e até há quem diga que haverá uma forte clivagem entre os
Federalistas e os Eurocépticos. Poderemos considerar decisivas as próximas
eleições europeias para a própria estabilidade e manutenção da própria União
Europeia?"
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RESPOSTA: As próximas eleições europeias são muito importantes pois trata-se de
escolher qual o caminho futuro das Nações que integram a actual União Europeia.
Vejamos então qual o quadro em que
as mesmas se disputarão, pois trata-se de fazer escolhas fundamentais para o
nosso futuro:
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1. Que Modelo de Poder querem os
Portugueses?
2. O que defende cada um dos
Candidatos/Partidos?
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1ª. - Que Modelo de Poder querem os
Portugueses?
Querem a constituição dos ESTADOS
UNIDOS da EUROPA ou querem pertencer a uma EUROPA das NAÇÕES Soberanas.
Ou seja, nas próximas eleições o
que está realmente em confronto é a escolha entre os Partidos que defendem as
posições Federais (aprofundamento, integração) e os partidos que defendem o
modelo intergovernamental, sem mais transferências de Soberania dos Estados em
favor da União Europeia.
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Esta questão não tem sido discutida
junto da opinião pública.
Mas isto é a velha luta de pelo
menos 76 anos, que é travada entre as pessoas que no continente defendem um
modelo Federal para a Europa e as que defendem um modelo de Cooperação
Voluntária entre Estados, a denominada Cooperação Intergovernamental.
Na realidade, estas são as duas
verdadeiras e grandes balizas da discussão de fundo (Poder dos Estados e sua
distribuição) embora no seu intervalo existam posições intermédias, como
veremos.
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Aprofundemos então esta questão,
que é fundamental para o nosso futuro.
As gerações que atravessaram as
guerras queriam, compreensivelmente, chegar a uma plataforma de entendimento,
no continente que permitisse alcançar uma situação de Paz perene.
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1.1.- Por isso percebe-se que
nalguns casos o medo de não se conseguir esse objectivo, levou algumas dessas
pessoas a tentarem encontrar um “remédio” que fosse definitivo para a situação
europeia; – e, entre outros “remédios”, a Federação aparecia-lhes como uma
entidade, que por ser supranacional, não permitiria a existência de conflitos,
já que o seu poder se exerceria perante todos os integrantes. Estão neste caso
Alcide De Gasperi, Alexandre Marc, Joseph Rettinger e Jean Monnet;
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1.2 – Outras pessoas da mesma época
desejando igualmente a paz, acharam que não se podia destruir séculos de
história da formação de nacionalidades, de Estados independentes, em prol de
uma entidade terceira. Alertaram para a possibilidade de em caso de haver
transferências de soberania, (perda de soberania dos Estados em favor de
entidades europeias) tal provocasse sérias convulsões, que pusessem em perigo o
equilíbrio necessário entre os países e que isso acabasse com a paz.
Preferiam, em consequência dessa
possibilidade, defender um outro modelo – o da Cooperação Voluntária
Inter-governos. Estão neste caso por exemplo Aristide Briand, Robert Schuman,
Paul Henry Spaak, Charles De Gaulle, Konrad Adenauer, Paul Van Zeeland.
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1.3 – Ainda outros, mais próximos
da linha federalista, mas percebendo que as coisas não podem, ou não devem,
andar muito depressa, sobretudo em matérias tão sensíveis como as questões dos
símbolos nacionais e das soberanias, preferiram seguir a via de uma integração
progressiva, sector a sector, esperando que surgisse o fenómeno do “spillover”.
Isto é, que a integração, sector a
sector, fosse “empurrando” os países da Europa para uma União que integrasse
cada vez mais sectores, até acabar numa União Federal.
Estes são os neofuncionalistas,
inspirados por um Jean Monnet da segunda fase, e que têm influenciado todo o
processo de construção europeia, desde há 50 anos para cá. Recorde-se que Jean
Monnet começou por defender a Federação a todo o custo, e acabou por defender a
Federação (integração, aprofundamento) a prazo mais dilatado, através da
progressiva integração por sectores, até à integração final plena.
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Bom, mas este
tema não se esgota aqui.
Há que tentar perceber na prática,
na realidade dos factos, todas as visões e posições dos actuais Partidos
políticos para que as pessoas possam escolher livremente o Modelo que mais se
adequa com a sua posição individual, com o seu pensamento e desejo.
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1.4 – Então poderá perguntar-se,
quais são as posições?
E estas são basicamente três:
1º Os que não
querem esta União Europeia;
2º Os que têm
muitas dúvidas sobre se será útil uma União de Estados no continente europeu –
os denominados Eurocépticos;
3º Os que
querem a União Europeia.
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Dentro desta última posição, os
defensores da existência de uma união dos países da Europa, existem 4
abordagens, em termos de modelo, isto desde 1948 (Congresso de Haia):
(c.1) A abordagem pluralista – A Europa das Pátrias, a Europa das Nações Soberanas, a Europa da
Cooperação Intergovernamental;
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(c.2) A abordagem funcionalista – que defende que as relações técnicas e económicas levarão os Estados a
cooperar mais estreitamente;
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(c.3) A abordagem neofuncionalista
– que diz que a dimensão meramente técnica e económica é redutora, ou
insuficiente, e que a construção europeia exige uma dimensão política;
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(c.4) A abordagem federalista – que defende a constituição formal de uma federação de Estados, governada
por Órgãos centrais, supranacionais.
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1.5 – Em primeiro lugar creio que o
pecado original desta discussão, não no seio dos fundadores, mas nos nossos
dias, nos seus “herdeiros”, é a mistura que se faz entre os temas sociais,
económicos e políticos.
Adopta-se mentalmente um modelo, e
esse torna-se geral para todos os segmentos da vida em comunidade. A solução
que defendem para um dos campos, defendam-na para os outros todos.
Ora se existe um entendimento,
quase generalizado, de que a integração, leia-se federação, económica e
financeira é uma boa ideia, porque não assumi-la sem arrastar outros segmentos
da vida em sociedade?
O que acontece é que ao se querer
extrapolar esse modelo de organização, de carácter económico-financeiro, para
outros âmbitos, a questão já não é tão pacífica, pelo menos nos países onde
este tema é abertamente discutido, o que não é o caso de Portugal onde estas
questões fundamentais não são discutidas por verdadeira impreparação dos
actores políticos.
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2. Vejamos então o que defende cada
um dos Candidatos/Partidos (CHEGA, CDS, PSD, PS, PCP, BE)?
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Aproxima-se a data em que os
Portugueses terão que saber muito bem o que defendem os candidatos/partidos e o
que está em causa para Portugal.
É meu Dever tentar informar,
deixando a cada um a Sua Decisão. É meu Dever tentar informar, desvendando, no
final deste texto, a minha posição.
Como já acima se disse, faço aqui
uma advertência: - três Posições Fundamentais estão em jogo e (qualquer delas)
terão consequências para os Portugueses e para o País em geral e para o seu
Futuro.
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As Três (3) POSIÇÕES DIFERENTES ESTÃO em CIMA da MESA,
para os portugueses Votarem e Legitimarem, nestas eleições. E estas são:
1ª e 2ª POSIÇÃO:
a). - Os que são Contra a U.E. !
b). - Os Eurocépticos !
– Estas Posições são defendidas
pelo PCP e pelo BE.
Ambos defendem que esta União
Europeia não serve, por ser governada segundo o modelo Capitalista que ambos
rejeitam, dado preferirem o modelo Comunista, no primeiro caso, e indefinido,
no segundo caso.
De há pouco tempo para cá e dadas
as condições actuais do panorama europeu, mas apenas por questões tácticas,
passaram a dizer não são contra, mas que têm grandes dúvidas.
Defendem, embora não muito
claramente, o modelo Neo-funcional, que postula uma organização e integração
por sectores, sem definir mais nenhum caminho, a não ser o PCP que defende
mesmo a saída de Portugal da União.
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3ª POSIÇÃO: Os que defendem a União
Europeia:
Dentro deste grupo de partidos
temos duas posições principais:
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A). - Os que defendem o Modelo
FEDERAL
– Os Estados Unidos da Europa
Esta posição é defendida pelo PSD e
pelo PS:
Na verdade, e atento aos seus
discursos políticos, verifica-se que ambos defendem, a adopção do Modelo de
Organização do Poder Federal. Isto é, querem e defendem a construção de um
Estado Federal Europeu que assumirá centralmente os destinos e o futuro de
todos os países europeus, governado por de cima dos países membros.
Segundo este modelo, os Estados
Soberanos estarão subordinados ao Estado Central Europeu. As Nações
independentes, os Povos, que têm delegado a sua representação e o seu
Auto-Governo nos respectivos Estados Nacionais, passam a delegar a sua
Representação e Governo num Estado Central da União Europeia.
Só que por receio da reação dos
portugueses os dirigentes do PSD e do PS têm disfarçado esta sua posição
empregando as expressões:
- “ maior integração”, “mais
aprofundamento”, evitando a todo o custo proferir o verdadeiro termo do que
defendem:
– A federalização.
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B). - Os que defendem o Modelo
INTERGOVERNAMENTAL – A EUROPA das NAÇÕES
– Até 2002 era este o modelo
defendido pelo CDS-PP.
- Actualmente este Modelo é apenas
defendido pelo novo partido da Direita Conservadora, o CHEGA.
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Este modelo postula que Portugal
deverá permanecer na União Europeia seguindo o Modelo Político da Decisão entre
Governos/Estados Iguais.
Defende uma integração Económica e
Comercial e o respeito pelas 4 Liberdades Fundamentais do Tratado de Roma
(Liberdades de: 1ª – Circulação de Pessoas, 2ª – Circulação de Bens e 3ª –
Prestação de Serviços, e 4ª - Liberdade de Estabelecimento), mas recusando a
“Integração dos Factores Decisivos da Soberania e Independência”, como é o caso
da Defesa, Segurança, Justiça, Orçamentos e Fiscalidade, Produção de Leis, e
definição e condução de Política Externa.
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RESULTADO.
Para os Portugueses que queiram
votar numa Organização de Estados Soberanos, sem mais delegações de
competências, dadas as posições das forças políticas com representação
parlamentar, resta apenas o novo Partido, o CHEGA.
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A FALTA de SERIEDADE
Note-se que as acusações dos
federalistas sobre quem defende esta posição são, desde a celebração do Tratado
de Maastricht, (1992), de que quem defende este Modelo, são “Eurocépticos”, ou
"contra a U.E." o que é absolutamente falso.
Mas mais grave do que ser falso é o
facto de que por detrás desta “classificação” atribuída pelos federalistas,
está na verdade uma ignorância absoluta sobre este tema.
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Qual o MODELO/POSIÇÃO que eu
defendo?
Termino desvendando a minha
posição, sedimentada nos estudos académicos de décadas sobre os temas europeus,
que tenho desenvolvido.
Defendo claramente, sempre o
defendi, mesmo nas Provas Públicas de defesa da minha Dissertação de Mestrado,
bem como nas Provas Públicas de defesa da minha Tese de Doutoramento, o Modelo
Intergovernamental, ou seja, a Europa das Nações Soberanas, como o mais
adequado, o melhor, quer para a manutenção da Paz na Europa, quer para a
consequente manutenção da Auto-determinação Política dos Povos que nela
habitam.
Na verdade, recordo aos mais
estudiosos destes temas que os vários Povos da Europa passaram mais de 10.000
anos em guerras pela conquista da sua Auto-determinação Política, ou seja, pela
conquista da sua capacidade de terem um Estado que os represente, que assegure
a sua independência política face a outros Povos / Nações do continente
europeu.
E essa luta, agora sem guerra (pelo
menos por agora) continua, como se pode observar pelos acontecimentos da
Catalunha, da Escócia, Sardenha e muitos outros.
Primeiro sou Português.
Depois sou Europeu, mas Portugal
transcende em muito esta dimensão, como o demonstra a sua História de 900 anos.
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TERMINO
Deixo-vos aqui esta pequena
contribuição para que pensem, cada um de vós, sobre qual a forma de organização
da Europa querem defender.
Deixo igualmente um apelo: - Votem
conforme as vossas próprias conclusões.
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Miguel Mattos Chaves
Doutorado em Estudos Europeus