15 setembro 2023

A Queda dos Valores e Referências e suas consequências

Entre sucessos e insucessos, proponho-vos uma breve análise qualitativa sobre a nossa sociedade e sobre o seu futuro.

De escândalo em escândalo os portugueses foram ficando cada vez mais atónitos e começam a exigir Justiça.

Mas perguntar-se-á:

- Isto em si mesmo, significa a decadência da Democracia Portuguesa e da Sociedade Portuguesa em geral?

- Ou são apenas as pontas visíveis de um mal muito maior?

Vejamos:

A sociedade portuguesa (todos nós) viu serem destruídos pelas cúpulas dos partidos social-democrata, socialista, comunista, maoístas e seus próximos:

·         - Os seus Valores de séculos:

·         - A natural primazia da Família,

·         - Os valores da honradez, da seriedade,

·         - O respeito pelos outros,

·         - O cumprimento da palavra dada,

·         - A defesa da vida,

·         - A religião católica.

·         - Os portugueses viram ainda ser destruída a noção do Dever do Estado para com os cidadãos.

Isto é, o sentido de missão necessário aos ocupantes de lugares públicos para promoverem o bem-estar da sociedade e a defesa dos valores perenes da Nação portuguesa.

Ao contrário, e como contra-valores, foram incutidos na sociedade portuguesa:

a.       - O relativismo,

b.      - O “já não se usa”, quando se fala de costumes e de educação,

c.       - O facilitismo,

d.      - O laxismo,

e.       - A destruição da família e dos seus valores intrínsecos

f.        - E a destruição do valor supremo: a vida.

Tudo isto foi feito e anunciado como um objectivo de uma pretensa "mudança" para melhor. O problema é que nem sempre a mudança é positiva, como é o caso!

Na verdade, na minha opinião, mudou-se para pior e os resultados estão à vista de todos:

§ - Infelicidade geral, perante o estado do País;

§ - Desorientação, face ao futuro;

§ - Falta de objectivos e de referências que entusiasmem e mobilizem os Portugueses;

Muitos portugueses, resilientes, calmos e tranquilos foram inconscientemente (?) adoptando os novos pretensos “valores” transmitidos, ficando muitos com a dúvida se os seus valores de sempre ainda eram válidos, ou não, face à propaganda massiva dos “novos”.

Muitos portugueses mentalmente sãos, não querendo ser apelidados de “antiquados” ou mesmo de “reacionários” ou serem considerados “menos modernos”, adoptaram-nos, não por convicção, mas por terem medo de serem considerados pelos seus conhecidos, ou pelos seus colegas, como estando “fora de moda”, ou “obsoletos”.

Seja como for, foram pactuando com essa “evolução”, sem analisarem muito se esta era positiva ou negativa.

Fizeram-no por Medo de perderem o seu emprego, ou por Medo de perderam hipóteses de melhorarem a sua condição financeira.

O resultado disso é que têm perdido a sua Liberdade de se exprimirem e defenderem os seus Ideais e os seus Valores de sempre.

Ou seja, têm pactuado mais por Medo, do que por convicção.

Agora, finalmente, começam a reagir por perceberem que a sociedade portuguesa está com todos os sintomas de decadência, os quais ditaram a morte, por exemplo, do Império Romano.

Dir-se-á, e bem, que isto não é tipicamente português.

É Ocidental. É verdade!

Mas será que temos de imitar tudo o que de mau vem de fora e adoptá-lo como nosso?

Posto isto, na minha opinião, o estado da Nação para o futuro tem de mudar radicalmente.

Ou os Portugueses, se assumem enquanto tal, e passam a:

a. - Recuperar os seus valores da honradez, da lealdade, da seriedade, da defesa da família;

b. - Recuperar os valores do trabalho honrado e diligente;

c. - Recuperar a noção de que Portugal tem que defender, em primeiro lugar, os interesses dos seus nacionais;

d. - Ou os portugueses passam a punir severamente, através da Opinião, do Voto, da Acção, os escândalos oriundos da classe política e financeira e passam a exigir mais Seriedade, Ética e Honestidade aos Governantes,

e. - Ou então, lamento dizê-lo, Portugal e os Portugueses não têm solução!

Pela minha parte:

1º Não acredito que Portugal e os Portugueses não tenham solução.

2º Pelo contrário acredito que há solução.

3º A esmagadora maioria dos Portugueses são intrinsecamente boas pessoas.

4º Têm sido é … mal governados e mal dirigidos.

Assim, se cada um dos Portugueses, mentalmente saudáveis, começam a lutar a favor da reposição dos verdadeiros valores, no seu dia-a-dia, no seu posto de trabalho, na sociedade, o resto – economia, finanças, política, - forçosamente melhorarão e todos ganharemos.

Basta lutarmos, todos e cada um de nós, todos os dias por isso!

Basta no dia das eleições pensarem sobre isto e penalizarem quem nos tem conduzido até aqui!

Dizia Confúcio há 2.500 anos: - “Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.”

Estamos num Processo de Decadência Ocidental, de Decadência Civilizacional,

e em Portugal.

Ø  Ou invertemos esta situação, através da Recuperação dos Valores e das Referências que caracterizam os Portugueses;

Ø  Ou a História repetir-se-á ....

Miguel Mattos Chaves



19 março 2023

FORÇAS ARMADAS ou SINDICATOS?

 

COMENTÁRIO POLÍTICO


FORÇAS ARMADAS ou SINDICATOS?

Li com incredulidade que uma parte da guarnição (treze Sargentos e Soldados) de um Barco da Marinha de Guerra Portuguesa se tinha recusado a obedecer às ordens do seu respectivo Comandante.

ANTECEDENTES em PORTUGAL

Logo me lembrei de um período negro da recente história de Portugal, em que havia Assembleias de Soldados que se reuniam para decidir se obedeceriam às ordens dos seus Oficiais, ou não, quando as recebessem.

Foi o tempo da “tropa fandanga”, ou do “bando dos cabeludos desordeiros” que se instalou, em resultado do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 e do assalto que o P.C.P. e a então U.D.P. (hoje B.E.) fizeram às Forças Armadas, tendo estas forças políticas conseguido práticamente a sua neutralização e completo desprestigio.

DEVERES

Ora, em qualquer país civilizado, (países europeus ou do continente norte-americano), ou mesmo de outros, as Forças Armadas têm como primeiro DEVER o dar a Vida, se necessário for, em defesa do seu País.

Em segundo lugar, desde a Antiguidade, que quem pertence às Forças Armadas sabe que é a organização humana mais hierarquizada que existe e sabe também (ou devia saber) que as Ordens Vêm do Topo da Hierarquia, (Oficiais) e que estas têm que ser obedecidas por TODOS sem qualquer tipo de discussão.

O QUE NÃO SÃO

Forças Armadas, não são empresas, não são sindicatos, não são clubes de futebol, não são partidos políticos, muito menos sociedades recreativas.

MISSÃO

São uma Fonte da Soberania de um Estado de Capacidade Plena, que protegem a Nação / Povo das ameaças externas, sejam elas oriundas de possíveis ataques militares convencionais, ataques de forças terroristas, ataques de forças do crime organizado, tráfico criminoso de pessoas, tráfego não autorizado de armas de diversos tipos, nomeadamente químicas, biológicas ou nucleares, tráfico de drogas, ou exploração ilegal e indevida, por entidades estranhas ao País, dos seus recursos.

ORGANIZAÇÃO

Juntamente com a Igreja, as Forças Armadas, são as instituições mais antigas da organização do Ser Humano em Sociedade, agrupado em Comunidades auto-determinadas, ou seja, Políticamente Independentes, e as mais eficazes por isso mesmo. Por serem hierarquizadas.

E existem três níveis de decisão, para poderem funcionar correctamente, quer em tempos de paz relativa, quer em tempos de paz absoluta, quer em tempos de guerra.

Os Oficiais Generais, topo da hierarquia, os Oficiais Superiores (Major a Coronel) e os Oficias Subalternos, (Alferes a Capitão). E as ordens vêm de cima para baixo e são para serem cumpridas sem discussão.

É assim, sempre foi, e terá que ser, para que possam funcionar.

Logo, não há, nem pode haver, lugar a discussão de ordens

FORMAS de RECRUTAMENTO

Em vários momentos da organização das Sociedades Políticas Auto-determinadas, as Forças Armadas recrutam para o Serviço de Protecção à Nação / Povo que devem defender, naturais do respectivos países, seja por voluntariado a contrato, seja por conscrição ou serviço militar obrigatório.

Em Portugal já tivemos dos dois modelos.

Não vou agora elaborar sobre este tema.

CONCLUSÕES

Para além do desprezo com que os Partidos Políticos têm tratado a questão vital da Defesa do País e do seu Povo, estamos realmente sem capacidades militares de Dissuasão real e efectiva de eventuais ameaças externas.

Vejamos:

      - Apenas 1,25% do PIB (incluindo nesta verba a GNR e seus equipamentos) é dedicado às F.A’s, ao seu equipamento e operacionalidade;

      - Ao não darem importância política, a este factor vital para a Dissuasão de Ameaças Externas, acimas identificadas, chamando para o Governo pessoas ou mal preparadas ou completamente incompetentes para gerir este factor de Soberania;

Na verdade, os Partidos Políticos tudo têm feito para que as Forças Armadas não tenham a importância e o prestígio que devem ter (e têm) em qualquer país consciente, bem governado, civilizado e orgulhoso da sua auto-determinação política, ou seja, da sua independência.

Vejamos mais algumas das razões, a acrescer aos dois factos acima apontados:

      - Para defender 3.000.000 Kms2 de Mar (Mar Territorial e Zona Económica Exclusiva) apenas temos 8 ou 9 navios de guerra, dignos desse nome;

      - Apenas 2 submarinos, meio altamente eficaz e dissuasor de ameaças;

      - Confusão provocada entre Missões da GNR, e a Marinha de Guerra;

      - Frota de 34 Tanques Leopard inoperacionais, por falta de manutenção;

 - Apenas 27.000 homens, distribuídos pelos vários ramos, mal equipados e em regime de voluntariado/contrato;

      - Esquadras da Força Aérea insuficientes para cobrir o espaço aéreo nacional do Continente e Ilhas;

      - Insuficiências várias dos meios de vigilância, (não digo mais, por motivos óbvios);

Mais não digo, por agora.

NOTA FINAL

Esta situação, (da qual tive o desprazer de ter tomado conhecimento), para bem de Portugal e para bem da sua Capacidade de Defesa, que só é possível através do bom funcionamento das suas Forças Armadas, só pode ter um desfecho:

• - Punição exemplar dos insubordinados que se recusaram a obedecer às ordens do seu Comandante.

Se tal não acontecer, temo que será o fim das Forças Armadas de Portugal, enquanto Instituição eficaz e eficiente.

POR FIM

Não me vou pronunciar sobre as lamentáveis declarações públicas do Sr. Presidente da República e do Sr. Primeiro-Ministro

Também não farei uma análise à culpa própria das Chefias Militares, por estas terem demasiada abstenção de reclamação, demasiada abstenção de reivindicações, junto do Poder Político, face ao caminho que levou à situação deplorável a que chegaram as nossas Forças Armadas.

Fico a aguardar pelo desfecho de mais este lamentável e inadmissível episódio, (a juntar ao caso de Tancos) que desprestigiam as Forças Armadas do meu País, e desprestigiam Portugal no seu todo.

Miguel Mattos Chaves - Auditor de Defesa Nacional