28 junho 2018

COMENTÁRIO POLÍTICO - A visita do Presidente da República ao Presidente dos EUA

COMENTÁRIO POLÍTICO
A visita do Sr. PRESIDENTE da REPÚBLICA ao 45º PRESIDENTE dos EUA
Efectuada em 27 de Junho de 2018
...
Assisti ontem com curiosidade à visita que o Presidente da República Portuguesa fez ao Presidente dos Estados Unidos da América, e conversei em seguida com alguns colegas americanos, dado que sigo com muita atenção e interesse a relação de Portugal com o nosso Aliado, do outro lado do Atlântico.

1).- ENQUADRAMENTO POLÌTICO - ANTECEDENTES
Antes de entrar propriamente no comentário da visita e na análise ao que se passou, relembro que a relação com os EUA sempre foi muito importante para o nosso País, quer pela negativa, quer pela positiva.

1.1).- Pela positiva:
a).- Portugal gozou, até à sua entrada na então CEE, de um regime especial de Tarifas Aduaneiras, o que proporcionou aos industriais do nosso país exportarem para os EUA com condições muito vantajosas, pois os nossos produtos pagavam menos à entrada do que os produtos da esmagadora maioria dos nossos concorrentes e aliados europeus.

b).- Portugal captou, durante a década de 1960, inúmeros Investimentos directos de carácter industrial e comercial, de que cito apenas dois ou três exemplos: a Schering Plough, a Dun & Bradstreet, a IBM, e muitas outras, colossos mundiais das respectivas áreas, que escolheram o nosso país para investir, e que criaram milhares de empregos, remunerados acima das empresas nacionais, e que transferiram muita da sua tecnologia (métodos de organização, de trabalho, de fabrico, etc.) que nos foram muito úteis.

c).-Portugal recebeu também cerca de 48 milhões de dólares (a preços de 1948) de ajudas várias, no âmbito do Plano Marshall, o que permitiu ao nosso país investir em infraestruturas que eram muito necessárias no pós-guerra, em que a Europa estava destruída e vivia descalça e com fome e ao nosso país que, embora não tendo entrado na guerra, tinha sofrido muito com a mesma, dados os racionamentos e faltas de bens de toda a ordem, derivados de anos de “economia de guerra”.

d).- Os EUA patrocinaram e forçaram a nossa entrada na ONU em 1956, depois de negociarem com a então URSS despois desta ter vetado a nossa entrada de início;
Tiveram, apesar de o início ter sido atribulado, uma presença importante (do ponto de vista militar, económico e politico) nos Açores para os dois países;
Convidaram-nos para sermos membros fundadores da NATO;

E muito outros factores.

1.2).- Pela negativa:
a).- Politicamente nem sempre as relações foram cordiais e estiveram sempre um pouco á mercê de quem era o Presidente dos EUA.

b).- Assim por exemplo durante o consulado do Presidente Kennedy, oriundo do Partido Democrata, as relações foram algo tensas, dada a visão deste face ao nosso Ultramar, o que levou os EUA a financiarem a FNLA e mais tarde a UNITA.

c).- Esta tensão durou, com maior ou menor intensidade, até ao consulado do Presidente Nixon, quando o seu Secretário de Estado, Henry Kissinger declarou no Senado Americano que “Portugal era fundamental à estabilidade da África Austral” e que a nossa presença em África “era importante para a defesa do mundo ocidental”.
Não obstante, e mesmo assim, os EUA nunca permitiram que fosse aprovada qualquer Resolução no Conselho de Segurança (órgão real de Poder nas Nações Unidas) contra o nosso país.

- Portanto, e em resumo muito resumido, as nossas relações com a Potência dominante do Século XX tiveram sempre muita importância e, na minha opinião, devem continuar a ter.

- Com a nossa entrada na CEE os privilégios e acordos preferenciais entre Portugal e os EUA foram perdendo intensidade.

2).- A VISITA do CHEFE de ESTADO ao 45º PRESIDENTE
Vistas as declarações iniciais e finais do Sr Presidente da República Portuguesa, as mesmas sugerem-me os seguintes comentários:

2.1).- A conversa decorreu em ambiente cordial e descontraído e foi globalmente positiva para ambos os lados.

2.2).- Ambos os Presidentes estavam à vontade, roçando em algumas alturas uma, pelo menos aparente, informalidade.

2.3).- O nosso Presidente, no seu estilo habitual, não resistiu a falar de futebol.
Ora fazê-lo para o Presidente de um país onde o futebol nada significa, (pois os seus desportos nacionais são o Basebol, Futebol americano (derivação do Rugby europeu) e o Basquetebol) não deixo de considerar como um “laivo de provincianismo” de que eu não estava à espera, dado o inegável nível cultural do Prof. Marcello Rebelo de Sousa.

2.4).- Não tendo o Presidente da República Portuguesa qualquer Poder Executivo, (apesar de estar devidamente coordenado com o nosso 1º Ministro), e sabendo o Presidente Norte-americano desses factos, tal levou a:

Uma descontração mútua, como acima referi, dado que nada de muito importante estava em cima da mesa;

A uma declaração de intenções, por parte do Presidente português apenas, que denota que a conversa foi cordial e que pode ter contribuído para uma reaproximação entre os dois países ou, pelo menos, para que os Estados Unidos não nos olhem como um “aliado feroz” da Alemanha, face ao futuro incerto e complicado que se adivinha nas relações entre os EUA e esse país.

2.5).- Tentou o nosso Presidente, de alguma forma, levar o Presidente Americano a olhar para Portugal como um Aliado Autónomo, com o qual se podem estabelecer Acordos Bilaterais vantajosos para ambas as partes, (mais para Portugal dadas as diferenças de dimensão) independentemente do que aconteça nas relações EUA/UE.

2.6).- Tentou o Presidente português, sinalizar aos potenciais investidores americanos e á comunidade portuguesa de negócios que reside nos EUA, que Portugal está mais aberto a relacionamentos frutuosos com os EUA, do que alguns dos seus parceiros europeus.

2.7).- Tentou o Presidente português posicionar-se como eventual “facilitador” ou eventual “mediador” de negociações futuras entre os EUA e a U.E e mesmo entre os EUA e Rússia ao mencionar a sua conversa com o Presidente Puttin, acerca dos EUA.

3).- Em resumo, esta visita tinha, a meu ver, como objectivos principais:
1. – Conquistar o apoio da Administração americana para a atração de potenciais investimentos americanos para Portugal;
2. - Evitar uma deterioração das relações bilaterais, eventualmente motivadas pelas crescentemente tensas relações entre a Alemanha e os EUA;
3. - Proporcionar a abertura de um novo caminho para a negociação à volta do tema Açores – Base das Lajes, invertendo o caminho seguido pelo anterior Presidente dos EUA de abandonar essa parcela do nosso território;
4. - Sinalizar aos Estados Unidos que Portugal, independentemente de pertencer à União Europeia, está disposto e muito interessado em aprofundar as relações bilaterais entre os dois Estados;

4).- Em conclusão direi que:
- Foi parcialmente conseguida a boa-vontade do actual Presidente dos EUA;
- Foi iniciado o caminho que permitirá ao nosso 1º Ministro e ao nosso competente Corpo Diplomático negociarem, a partir de agora, em maior detalhe plataformas mais específicas de entendimento que nos possam trazer benefícios e que nos devolvam alguma autonomia internacional face à U.E. em declínio.

5).- Não posso deixar de referir, como nota final, que para que este quadro tenha sido possível, e ser possível o seu desenvolvimento, muito contribuiu, é preciso salientar, o enorme cuidado que o Sr. Presidente da República e o Sr. 1º Ministro têm tido de nunca terem alinhado em fazerem comentários públicos desagradáveis em relação ao 45º Presidente do nosso Aliado, os EUA, não seguindo assim o exemplo imprudente e muito pouco inteligente de alguns dos dirigentes europeus.

Esta é, em síntese, e muito resumidamente, a minha análise e o meu comentário à visita do Sr. Presidente da República de Portugal ao Sr. Presidente dos Estados Unidos da América que foi globalmente positiva.

Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves

23 junho 2018

O Antes, o Durante e o Day After da Cimeira de Singapura - O Mundo


A CIMEIRA entre os EUA e a COREIA do NORTE
(o antes e o imediatamente depois)

Caros amigos e leitores,
1.      Porque sou avesso a que me obriguem a seguir os esquemas mentais e propagandísticos, de certos sectores políticos, sobre o que deve, ou não ser, ser considerado o “politicamente correcto”;
2.      Porque sou pouco dado a aceitar os contra-valores que esses sectores têm imposto à nossa sociedade, com os resultados que agora querem imputar a outros;
3.      Decidi-me, mais uma vez, a analisar friamente uma situação que reputo de extraordinariamente importante da forma mais isenta e analítica possível.
4.      Neste caso refiro-me ao antes, ao durante, e ao imediatamente depois da Cimeira dos EUA com a República da Coreia do Norte, realizada em Singapura.
5.      Como gosto de partilhar e discutir o que penso, e dada a receptividade, no meio académico e no meio empresarial, de três artigos que escrevi sobre o tema, venho agora partilhá-los convosco.
6.      Óbviamente que estarei à vossa disposição para ler comentários que entendam fazer sobre os mesmos.
Espero que este documento seja, de alguma forma, útil.
O Antes da Cimeira, escrito e publicado em 11 de Junho às 16:31 ·
A Próxima Cimeira - EUA - - - COREIA do NORTE
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Não tenho dúvidas nenhumas que, SE o actual Presidente dos EUA alcançar um Acordo de Paz com a Coreia do Norte, vão aparecer logo na hora seguinte milhões de pessoas a dizer que SEMPRE o acharam bom e inteligente.
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A falta de carácter de muitas pessoas e a falta de informação de muitas mais, leva a este tipo de atitudes erráticas.
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Aliás até no nosso país já as vimos muitas vezes, como por exemplo, logo no dia 25 de Abril de 1974 quando apareceram do dia para a noite milhares de "democratas de longa data". Por exemplo, os mesmos 40.000 que 4 dias antes tinham aplaudido de pé o Prof Doutor Marcello Caetano quando ele entrou no velho Estádio de Alvalade, e que depois foram para o Largo do Carmo pedirmos a sua prisão ou a sua morte.
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Neste caso do Presidente Americano há uma coisa que os "invertebrados" e/ou "liberais dos costumes" não conseguem perceber:
- Estão na presença de um Homem que tem ideias claras sobre como refazer os EUA e de como dar novamente bem-estar aos americanos.

A estes que não percebem, ou não querem perceber, recomendo que, ao invés de verem ou ouvirem o que por cá lhes dizem os ditos “órgãos de informação”, consultem, no Departamento de Estado Americano, os números da Economia e do Emprego, os quais dispararam positivamente desde que ele é Presidente.

Isto para não falar de ele ter baixado o IRS das pessoas e de ter baixado o IRC das empresas (como tinha prometido) resultante da sua proposta legislativa aprovada em 22 de Dezembro, 2017.
(VER os LINKS abaixo - IRS GOV e CNBC)
https://www.google.com/url…
OU
https://www.google.com/url…
....
Outra coisa que lhes custa a engolir é o facto de ele estar a CUMPRIR todo o seu Programa Eleitoral.

Ou seja, estar a cumprir o que Prometeu, nomeadamente de lutar contra o Aborto (que não seja por razões médicas antes previstas) e outras causas “fracturantes” dos liberais dos costumes e da extrema-esquerda seus aliados que se têm entretido a destruir os Costumes e os Valores Perenes da Humanidade.
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E percebo que não percebam isto, ou não queiram perceber, pois o que vemos na Europa é que as Promessa Eleitorais ou não são de todo cumpridas ou são-no apenas num ou noutro ponto menor.

Percebo muito bem este incómodo pois ele tem recusado ir pelo caminho da Decadência da Civilização Ocidental para o qual alguns os dirigentes europeus nos têm progressivamente atirado.
(ver meu artigo de 25 de Maio sobre esta matéria
- https://mattoschaves.blogspot.com/…/a-decadencia-acelerada-…)
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Vai ser muito interessante observar o que se vai passar nas próximas 72 horas.
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Termino com um desejo: - Para bem da Humanidade (inclusive para os tais "liberais dos costumes" e para os tais "invertebrados") espero que o Presidente Norte-Americano consiga alcançar um Acordo com o Presidente da Coreia do Norte.
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Passemos agora à análise da Cimeira, que dividi em dois artigos:
1º Artigo: Em 12 de Junho às 20:03 publiquei o seguinte:
Os CRONISTAS “ILUMINADOS” e
Os “ESPECIALISTAS” que o não são!
O “incómodo” dos liberais dos costumes!

Depois de uma Reunião entre os EUA e a COREIA do Norte tenho ouvido e lido coisas inacreditáveis.

Realmente a falta de Seriedade Intelectual, vigente nos auto-proclamados “órgãos de informação” e dos auto-proclamados “analistas” e “especialistas”, é algo que se agravou com esta Cimeira entre o Presidente dos EUA e o Presidente da Coreia do Norte e que me tem deixado profundamente chocado.

Depois de dias a ouvir as lamentáveis e pretensas “análises” e os inacreditáveis comentários de autodenominados “especialistas”, vamos então ver o que aconteceu na REALIDADE.
 
1.- Os Antecedentes da Negociação da Cimeira?
 As “estratégia comunicacionais
Este problema da Coreia do Norte já vem dos anos imediatamente seguintes ao fim da 2ª grande guerra.

Nenhum Presidente Americano até agora tinha tomado posições tão duras face a esse país e só um negociador habituado a “jogos” de poder e de negociação como é inegavelmente o Presidente Trump (dada a sua longa experiência nos negócios) poderia começar esse “jogo” de resultados incertos, ao abrigo de uma estratégia anteriormente bem definida pela sua equipa.

O Presidente Trump, como qualquer pessoa habituada a negociar, tinha essa estratégia que consistia em ir para a mesa das negociações com posições de muita força.
Posições iniciais que depois vão perdendo intensidade á medida que as negociações começam e os resultados das etapas negociais, de compromisso, vão aparecendo.

Foi o que assistimos no último ano (em que os fraquíssimos dirigentes políticos europeus diziam que eram dois loucos e que iriam provocar uma guerra mundial),
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e é o que estamos agora a assistir, neste começo de negociações “a dois” em Singapura e que terá o seguimento natural em próximas reuniões bilaterais entre quadros políticos e de negócios dos dois países e numa mais que certa próxima Cimeira a realizar em Washington e outra em Pyongyang, com a assinatura final dos acordos a que se chegar eventualmente numa Cidade Neutra.

É óbvio que o Presidente Norte Coreano também fez pressão antes-negociações, de forma a partir com alguma “força” para a mesa das mesmas.
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Ou seja AMBOS tiveram e desenvolveram a estratégia adequada no período dos antes-negociações, ao contrário do que se tem lamentavelmente ouvido.
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Mas isso os “analistas” e “comentadores” não fazem a mínima ideia que é assim, e depois vêm dizer os disparates que dizem, com apenas uma ou duas excepções.

Mantiveram os anteriores Presidentes americanos uma situação dúbia, de pára-arranca, deixando perdurar uma situação tensa, sem fim prático à vista, com sanções crescentes, mas de resultados mais que duvidosos, dando desta forma tempo à Coreia do Norte para adquirir o Poder Nuclear.

Ameaça esta que o actual Presidente dos EUA percebeu que se estava a tornar muito perigosa para os seus aliados, (a Coreia do Sul e Japão) e que punha em causa o papel dos EUA na Ásia.

Face a isto resolveu actuar. Como?

Ameaçando publicamente o Regime da Coreia do Norte com “fogo e fúria” forte, e destruição eventual desse país.

Nunca antes tal tinha sido feito.

Por seu lado o Regime da Coreia do Norte percebendo que desta vez as ameaças eram a sério, resolveu um dilema que se lhe colocava:
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1. – OU usar a sua potência nuclear, com resultados mais que duvidosos nos danos que causaria, o que a acontecer provocaria seguramente uma resposta imediata, quer por parte da Coreia do Sul, quer por parte dos EUA, essa com resultados potencialmente catastróficos para a Coreia do Norte;
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2. - OU usar essa potência nuclear adquirida para efeitos de “argumento” para negociação com os EUA, tentando obter destes:
2.1.- o fim das sanções internacionais, em geral, e dos EUA, em particular,
2.2- a par de tentar obter ajuda financeira dos EUA para o seu necessário desenvolvimento,
2.3.- assegurando com isso a sobrevivência da Coreia do Norte e do seu Regime.

Conclusão:
O Presidente Trump tornou-se na realidade e de facto o Líder do Mundo Ocidental e teve a Coragem de inciar este Processo Negocial.
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O resultado inicial é melhor do que se poderia esperar.
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Na próxima semana, depois de ler o documento final desta Cimeira de Singapura e de recolher informação de Fontes Fidedignas e Sérias, falarei sobre os seguintes pontos:
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2.- O que Mudou?
3.- O que ficou Estabelecido/Negociado?
4.- O porquê da posição do Irão?
5.- O porquê da posição da China?
6.- O porquê da posição dos dirigentes políticos europeus?
7.- Os Resultados REAIS desta Cimeira?
8.- O caminho que as negociações vão tomar?
9.- O Vencedor perante o Ocidente?
10.- O Vencedor perante o Mundo?

2º Artigo: Em 18 de Junho às 20:22 publiquei o seguinte:
ANÁLISE POLÍTICA

Tal como tinha PROMETIDO aqui está a
ANÁLISE sobre - - a CIMEIRA EUA-COREIA do NORTE - - (Parte IIª)
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Na passada semana escrevi sobre esta Cimeira e prometi que depois de investigar, junto de Fontes Credíveis e junto do Departamento de Estado Norte-Americano, escreveria sobre esta importante Cimeira dada a confusão das opiniões, não isentas, sobre o que realmente se passou e o que foi assinado.

Prometi responder (P.F. Consultar o meu artigo de dia 12/6 às 20:03, Intitulado “Os CRONISTAS “ILUMINADOS” - Os “ESPECIALISTAS” que o não são! - O “incómodo” dos liberais dos costumes!”) às seguintes questões:
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2.- O que Mudou?
3.- O que ficou Estabelecido/Negociado?
4.- O porquê da posição do Irão?
5.- O porquê da posição da China?
6.- O porquê da posição dos dirigentes políticos europeus?
7.- Os Resultados REAIS desta Cimeira?
8.- O caminho que as negociações vão tomar?
9.- O Vencedor perante o Ocidente?
10.- O Vencedor perante o Mundo?

HOJE responderei aos PONTOS 2.- 3.- 7.e - 8.-

2.- O QUE MUDOU?
A.- Mudou a relação entre os EUA e a Coreia do Norte e o nível de percepção na Ásia sobre a Segurança na região.
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B.- Mudou igualmente a forma de fazer política externa de alto nível, entre os EUA e vários actores internacionais, recuperando os EUA o “Poder de Iniciativa” face a décadas de hesitações, e de inconsistência nas Relações internacionais que caracterizavam os EUA, desde o consulado do Presidente Ronald Reagan.
...
C.- Mudou a percepção e a atitude da Coreia do Norte e da China face aos EUA face à nova atitude mais assertiva, e mesmo mais aguerrida, da nova Administração Americana, ao perceberem que, desta vez, esta administração poderia passar das “palavras aos actos”.

3.- O QUE FICOU ESTABELECIDO/NEGOCIADO?

Na declaração conjunta - (ver Departamento de Estado dos EUA) – “Joint Statement of President Donald J. Trump of the United States of America and Chairman Kim Jong Un of the Democratic People’s Republic of Korea at the Singapore Summit” ficou escrito e estabelecido o seguinte:

Segue-se a minha Tradução Livre do documento assinado entre os dois:

“O Presidente Trump e o Chairman Kim Jong Un tiveram uma aprofundada e sincera troca de opiniões sobre assuntos relacionados com o fomento de uma nova relação EUA/COREIA do NORTE com vista á construção de um regime de paz permanente e duradoura na Península da Coreia.”

“O Presidente Trump comprometeu-se em providenciar garantias de segurança à Coreia do Norte, e o Chairman Kim Jong Un reafirmou o seu firme e inabalável compromisso de completar a Desnuclearização da Península da Coreia.”

“Convencidos de que o estabelecimento de uma nova relação entre os EUA e Coreia do Norte, e reconhecendo que a construção de confiança mútua pode promover a desnuclearização da Península da Coreia, o Presidente Trump e o Chairman Kim Jong Un acordam o seguinte:”

“1.- Os EUA e a RDPCN comprometem-se a estabelecer uma nova relação entre ambos de acordo com o desejo dos povos dos dois países de paz e prosperidade.”

“2.- Os EUA e a RDPCN juntarão esforços para construírem um regime de paz duradoura e estável na Península da Coreia.”

“3.- Reafirmam a Declaração de Panmunjom de 27 de Abril de 2018, em que a República da Coreia do Norte se comprometeu a trabalhar para a completa desnuclearização da Península da Coreia.”

“4.- Os EUA e a RDPCN comprometem-se a trocar e a repatriar imediatamente os respectivos prisioneiros, já identificados.”

“Tendo conhecimento de que a Cimeira EUA- RDPCN – a primeira na História – foi um acontecimento épico de grande significado, depois de décadas de desconfianças, tensões e hostilidades entre os dois países, para a abertura de um futuro novo, o Presidente Trump e o Chairman Kim Jong Un comprometem-se a implementar completamente e rápidamente o estipulado nesta declaração conjunta.”

“Os EUA e a RDPCN comprometem-se a realizar mais negociações, conduzidas pelo Secretário de Estado Mike Pompeo, e por funcionários superiores e relevantes da RPCN, no mais breve espaço de tempo possível, para implementação dos resultados da Cimeira EUA-RDPCN.”

“O Presidente Donald J. Trump dos EUA e o Chairman da Comissão de Assuntos de Estado da República Democrática Popular da Coreia Kim Jong Un comprometeram-se a cooperar no desenvolvimento de novas relações EUA- RDPCN e a promover a paz, prosperidade, e segurança da Península da Coreia e do Mundo.”

Assinaturas dos dois Presidentes – 12 de Junho de 2018 – Ilha de Sentosa – Singapura.

7.- OS RESULTADOS REAIS desta Cimeira?
Uma pequena introdução para explicar aos menos familiarizados com estas cimeiras o seguinte:

Numa primeira Cimeira como esta foi, os dois lados das negociações querem:
7.1.- Perceber se o seu parceiro/adversário é digno de crédito ou não e se tem real vontade de negociar ou não;
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7.2.- Estabelecer os pontos de partida de negociações futuras, estabelecendo os temas principais que deverão ser negociados, a partir daí, entre os seus “staffs”;
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7.3.- Perceber se há campo aberto de negociação e se as possibilidades de êxito, com as necessárias cedências de parte a parte, são reais ou apenas encenação de qualquer dos lados;

Minha percepção e análise:
Vistas as reportagens do início e abertura da Cimeira feitas pelos órgãos de informação (TV’s) asiáticas, através das quais segui com atenção a Cimeira, pude ver que as atitudes de um e de outro dos intervenientes indiciaram uma real abertura ao diálogo e mesmo alguma simpatia mútua.
Ou seja esforçaram-se por criar as condições, que interessavam a ambos, de abrir um diálogo construtivo.

Vistas igualmente as reportagens do final da Cimeira, os comentários de ambos e os comentários da maioria dos jornalistas asiáticos, tudo leva a crer que esta declaração final assinada pelos dois Presidentes é para levar a sério.

8.- O CAMINHO que as negociações vão tomar?
8.1.- Assim sendo e sabendo os NORTE-COREANOS que:
a) - Os americanos têm uma informação muito completa sobre os seus arsenais nucleares e que não vão permitir “mentiras” ou “omissões” neste campo, dada a sua superioridade de Sistemas de Informação via satélite e de “Intelligence”;
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b) - Os americanos querem de forma real e inequívoca assegurar a segurança da Coreia do Sul e do Japão e não vão pactuar com novas “ameaças”;
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c) - Os americanos, agora com este Presidente, já não estão mais dispostos a admitir “ameaças” nucleares ou outras na região e que passou o tempo das “hesitações” das administrações americanas anteriores, e que estão mesmo dispostos a ir até onde for preciso para o assegurarem;
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d) - Que se alcançarem um acordo com a única Super-Potência Mundial existente de momento isso poderá beneficiar o Regime existente, através do fim das sanções económicas e de potenciais investimentos produtivos no seu país;
...
e) - Que esta é a única oportunidade que tiveram durante os últimos 65 anos de poderem prosperar e de ver garantida a sua Independência no seio do Sistema Internacional, sem as ameaças, tensões e sanções que os afectaram até aqui;

CONCLUSÃO:
Estão ávidos de chegar a um Acordo final, cujas condições estão na declaração Final, ou seja a de regredirem nos gastos com Armas Nucleares e, como consequência, nos gastos com a sua defesa militar, o que lhes possibilitará libertar meios financeiros importantes para proporcionar mais bem-estar ao seu Povo e assim solidificarem o seu regime, seguindo quase de certeza o sistema realista adoptado pela China de:
- “Um País dois Sistemas” –

8.2.- Assim sendo e sabendo os AMERICANOS que:
a).- Se chegarem a um acordo satisfatório com a Coreia do Norte esse facto os libertará de gastos importantes e muito significativos com a defesa da Coreia do Sul e do Japão;

b).- Se chegarem a acordo alcançarão um prestígio político sem precedentes na região do Extremo-Oriente Asiático e que isso lhes trará enormes benefícios financeiros numa área de enorme crescimento potencial;

c).- Que essa situação de acordo os beneficiará indirectamente na sua recuperada “Política de Contenção” de ameaças, que foi noutros tempos utilizada para fazer face à extinta URSS e que possibilitará levar por diante, com maior folga, a política do “América First”;

d).- Que a actual administração do 45º Presidente se tornará “de facto” um Poder Real Mundial e dificilmente questionável pela esquerda mundial e pelos “liberais dos costumes”;

CONCLUSÃO:
Estão os americanos igualmente ávidos de chegarem a um tal acordo.
- Mais a mais porque, de forma realista, se deixaram de frases sem conteúdo e de atitudes falsamente moralistas que eram apanágio dos Presidentes americanos de há décadas a esta parte;

- Indo directamente ao que interessa: a paz e o progresso, respeitando cada um com o seu regime, cada um com a sua independência, cada um com o seu direito ao auto-governo;

- Recuperando um Princípio do Direito Internacional Público que estipula:
 “A Não Ingerência nos assuntos internos de cada País”.

NOTA FINAL:
Assim, e ao contrário de certos “analistas” e de pretensos “especialistas” (com algumas, poucas, excepções) do nosso país que não conseguem esconder o incómodo que lhes causou esta iniciativa do 45º Presidente do nosso Aliado, os Estados Unidos da América, direi que:

- A).- Foi uma excelente iniciativa do Presidente dos EUA;

- B).- Acabou com o “diálogo” agressivo que caracterizava os dois Presidentes no “espaço público”;

- C).- Criaram, os dois, condições objectivas para uma paz duradoura na Península da Coreia, com potenciais grandes benefícios económico-financeiros e de segurança, para ambos e para o conjunto da região;

- D).- Foi um excelente Ponto de Partida para as negociações de detalhe que se seguirão.

POR FIM:
Sobre estes dois Pontos, que tinha prometido responder e analisar, é o que se me oferece dizer por agora.
Os restantes pontos serão objecto de um novo artigo talvez ainda esta semana pois este já vai muito longo e não quero abusar da vossa paciência em me lerem.
Espero ter sido útil.

Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves

Doutorado em Estudos Europeus
Auditor de Defesa Nacional
Lisboa, Junho de 2018  

08 junho 2018

A Cimeira do G7 devia ou não ser do G8 - O Mundo espera?

COMENTÁRIO POLÍTICO
A CIMEIRA do G7 que DEVIA ser do G8

Hoje o 45º Presidente dos EUA afirmou que a Cimeira do G7 deveria voltar a ser a do G8 pois o que está em causa é a evolução e a paz mundial.

Ora, e mais uma vez, como o tenho feito em vários artigos por mim escritos e publicados, mais uma vez se verifica uma bizarria:
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- O actual Presidente dos EUA, eleito pelos americanos, para governar para os americanos, está a Cumprir Tudo o que anunciou que faria no caso de vir a ser Presidente.
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Digo Bizarria pois na “velha” Europa a mentira eleitoral é uma constante.

Em 23 de Janeiro de 2017 escrevi uma análise (publicada no Linkedin e na Academia.edu e também num semanário) sobre o Programa do actual Presidente dos EUA, conforme ele o escreveu.
(Não conforme a versão corrente)

Vejamos então, só em matéria de Política Externa, o que anunciou que iria fazer o 45º Presidente do nosso Aliado os EUA:

Reproduzo a minha Análise então produzida, nesta matéria:

Política Externa –

a) NATO - desde 1945 que os países europeus quase nada contribuem, quer em meios militares, quer em orçamento, para as despesas da organização.
Pretende que, sobretudo a França, a Alemanha e o Reino Unido, passem a contribuir com mais meios e mais dinheiro e aliviem assim as correspondentes contribuições dos EUA;

b) TTIP - anulação das negociações;

c) NAFTA – renegociação dos acordos em vigor;
...
d) Restabelecer as negociações com a Rússia, por forma a pacificar a zona euro-asiática;

e) Reexaminar o acordo nuclear feito com o Irão;

f) Introduzir direitos niveladores aos produtos oriundos dos países asiáticos, em que vigorem esquemas de remuneração que distorcem a concorrência sã, e que estão a prejudicar a economia americana; - (salários de miséria, inexistência de férias, trabalho infantil, etc);

Em causa, neste meu comentário político de hoje, está apenas o Ponto d) … “Restabelecer as negociações com a Rússia, por forma a pacificar a zona euro-asiática.”

E começo por colocar umas perguntas para Reflexão de apenas Bom Senso:
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A. - Tem o Ocidente a ganhar ou a perder com o estreitar das relações diplomáticas, comerciais e políticas com a Rússia Cristã Ortodoxa?
...
B. - Ganha a Paz mundial com a formação de um Bloco Euro-Asiático pacificado, ou perde?
...
C. - Ganha ou perde a Europa em ter o seu Poderoso vizinho euro-asiático do seu lado?
...
D. - Ganha a Europa em afrontar os interesses dessa Potência Mundial que é a Rússia Cristã-Ortodoxa que herdou da Rússia Czarista (desde Catarina a Grande) e da Rússia Comunista (que manteve) a Soberania Plena sobre a Crimeia, ou será preferível assentar no respeito mútuo?

A propósito dos "back yards", ou espaços vitais, antes de responder às outras questões lembro apenas que quando houve a ameaça da URSS ocupar CUBA, os EUA, (Potência Mundial), e muito bem, reagiram com o emprego de Forças de Dissuasão e impediram que tal acontecesse no seu “back yard”.

Ora a Crimeia situa-se no “back yard” da que voltou a ser uma Potência Mundial, quer alguns queiram ou não.

E em matéria de “back yards” nenhuma Potência Mundial admitiu, ou virá a admitir, interferências de terceiros.
(analisar por exemplo o caso da Coreia do Norte, no “back yard” da China em que tudo está a acontecer – Cimeira EUA-Coreias, depois do seu agrément tácito)

Ora hoje há Três e apenas Três Potências Mundiais:
- EUA, China e Rússia.

O resto são construções poéticas ou lírismos.

Na Política Internacional joga-se ao Poder e não a DESEJOS.

Assim tem toda a razão, mais uma vez, o 45º Presidente dos EUA em vir a público denunciar um erro monumental que está a ser cometido pelos Chefes de Governo dos outros seis membros, do agora G7, ao excluírem a Rússia do Clube dos países que decidem sobre o Sistema Internacional.

Respondendo às minhas próprias perguntas, acima enunciadas, direi então o seguinte:
...
- Quanto á pergunta A., a resposta é óbvia.
E tão óbvia que a própria Chanceler Alemã, pese embora os seus discursos públicos, já por diversas vezes visitou e conversou com o Presidente Russo no sentido de estreitar as relações bilaterais entre a Alemanha e a Rússia;
Não as relações U.E/Rússia, mas sim, repito, as relações do seu país com a Rússia.
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Porque terá sido?
Pela mesma razão que levou a Alemanha em 1992 (provocando a guerra dos Balcãs) a reconhecer a Croácia como País Soberano, sem ouvir os então seus “aliados” da então CE, ou seja a defesa dos interesses da Alemanha e dos Alemães.

As respostas às minhas questões, B e C, são também, para mim, óbvias.

A Paz mundial terá tudo a ganhar com a pacificação da zona euro-asiática e nada a perder com isso.

A somar a 510,9 milhões de pessoas nos 28 países da actual U.E. e os mais 144,3 da Rússia, teríamos 655,3 milhões de pessoas a viverem num espaço pacificado.
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Por ser demasiado óbvio evito considerações sobre mercados, trocas comerciais, defesa, capacidade acrescida de resiliência face à Ásia, etc… etc… e fico-me por aqui.
(teria que escrever o dobro, só sobre este capítulo).

A resposta à questão D. está acima descrita quando referi a questão dos “back yards” ou “espaços vitais” de segurança.

Em conclusão:
Em vez de ler ou ouvir, com profundo desprazer, alguns escritos e discursos de “analistas” caseiros, seria bom que os nossos Responsáveis Políticos, quer estejam no Governo ou na Oposição, tomassem em consideração séria estas questões, para bem de nós todos, (os governados) e defendessem um regresso da Rússia ao G7, bem como uma reaproximação da União Europeia a esta Potência Mundial.

Finalmente, o óbvio:
- Tem toda a razão o Presidente dos EUA em defender o regresso da Rússia ao G8.

Já agora, se quiserem, pensem nisto!
Bom fim-de-semana para todos.

Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Doutorado em Estudos Europeus (Universidade Católica)
Auditor de Defesa Nacional (Instituto da Defesa Nacional)
Foto de Miguel Mattos Chaves.