02 setembro 2019

A Situação Política do nosso ALIADO – o Reino Unido

ANÁLISE POLÍTICA
A Situação Política do nosso ALIADO – o Reino Unido

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Meus Queridos Amigos e Estimados Leitores,
Os ignorantes ou pior os que estão de má-fé intelectual ficaram muito aborrecidos pelo facto do actual Primeiro-Ministro do Reino Unido ter solicitado a Sua Majestade a Rainha Isabel II a suspensão das actividades do Parlamento Inglês.
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1º). - Em primeiro lugar o seu pedido é LEGAL e tem a ver com duas circunstâncias:
- A). - O Parlamento estar a tomar atitudes que contrariam a vontade dos Britânicos, expressa em Referendo; quando o Parlamento tenta obstruir algo que foi decidido desta forma, está previsto legalmente que possa ser suspensa a sua actividade, de forma a defender a vontade expressa no mais democrático dos actos políticos: - o Referendo!
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- B). – O Parlamento deve fechar para férias, de forma obrigatória, todos os anos, na denominada “silly season britânica”, que corresponde ao costumeiro período de férias generalizado dos britânicos, desde há muito.
Tal prática está inscrita tanto no Costume (fonte fundamental do Direito e da Constituição não escrita britânica), bem como nos Regulamentos de funcionamento do mesmo, bem como nas Leis que regulam a relação do Poder Executivo (Governo de Sua Majestade) com a “House of Commons” – Câmara Baixa do Parlamento.
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- C). - A acrescer a estes factos, Sua Majestade a Rainha, poderia em teoria opor-se, se não concordasse com tal medida do Seu Governo.
E digo, em teoria, pois só em casos muito excepcionais o/a Detentor da Coroa Britânica o fez, ou o fará, (dado o carácter e conteúdo de Monarquia Constitucional) podendo nesse caso dirigir uma Declaração à Nação.
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- 2º). - Para terminar este intróito, convém esclarecer algumas questões:
A). - O actual Primeiro-Ministro do Reino Unido, estudou no prestigiado e reconhecido Eton (colégio de onde provém a esmagadora maioria dos dirigentes políticos do RU, desde há muito), onde inclusivamente ganhou o “King's Scholarship”, o maior prémio atribuído aos seus estudantes.
Nesse colégio de alta e inquestionável qualidade foi ainda Editor do “The Chronicle” prestigiado jornal de Eton.
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B). - Prosseguiu os seus estudos na Oxford University (uma das mais prestigiadas do Mundo), no seu “Balliol College”, e dadas as suas qualidades foi mesmo eleito em 1984 “Secretary of the Oxford Union”.
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Sem mais comentários, (porque não merecem que gaste uma linha sobre os disparates que dizem) face à ignorância e má-fé dos seus adversários e críticos.
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3º). - Como já o escrevi noutra ocasião, o Reino Unido é demasiado importante para poder ser descartado pelo resto da Europa.
E as razões são as seguintes, permitam-me que me cite novamente:
"a. - O Reino Unido continuará a ser um actor fundamental da economia mundial;
b. - Continuará a ser o líder da Commonwealth;
c. - Continuará a ser a maior potência militar da Europa Ocidental;
d. - Continuará a ser o principal aliado dos Estados Unidos, no Atlântico Norte;
e. - Londres, a “City”, continuará a ser uma das maiores praças financeiras do Mundo;
f. - A Libra sofrerá uma desvalorização temporária, (o que aconteceu) o que contribuirá para uma maior competitividade da indústria britânica no mercado mundial e para ganhos adicionais, embora temporários;
g. - Politicamente o Reino Unido sofrerá no curto prazo, alguma hostilidade dos principais países, (Alemanha e França) da União, (o que está a acontecer) mas no médio e longo prazo tudo voltará à normalidade;
h. - Também no curto prazo o Reino Unido poderá conhecer um abrandamento do investimento, dada essa animosidade e pouca racionalidade. Esta prevalecerá no médio e longo prazo;
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i. - O Reino Unido continuará a ser uma das potências do armamento nuclear do mundo; é, e continuará a ser, membro fundamental da NATO;
j. - Continuará a ser um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com direito a veto;
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k. - Em termos geopolíticos não perderá a sua vital importância;
l. - Em termos da economia ( a 5ª maior economia do Mundo) é demasiado importante para, muitos Estados e milhões de empresas, ser posta de lado;
j. - E finalmente o seu mercado interno é demasiado grande para ser ignorado, quer pelas empresas europeias, quer pelas instituições.
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4º). - Estas são as realidades com que é preciso contar e será bom para Portugal que os seus Governos, sejam eles de que Partido sejam, as tomem na devida atenção.
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Em recentes declarações ao ‘The Telegraph’, Mark Boleat, uma figura sénior da City londrina, (centro financeiro) afirmou que “Londres continuará a ser o Centro Financeiro mais importante, a nível mundial, apesar do Brexit e do nervosismo inicial que o resultado do referendo de 2016 provocou.”
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Igualmente Matt Brittin, o Presidente europeu do grupo Google, veio reafirmar que “a empresa continuará a investir na Grã-Bretanha dada a dimensão do seu mercado interno.”
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Para finalizar, recordo aos mais distraídos, que o Reino Unido contribuía directamente, e vai deixar de o fazer, com mais de 10 Mil Milhões de Libras para o Orçamento Comunitário, isto anualmente.
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Será o Reino Unido quem mais perderá, se Não Houver Acordo razoável para ambas as partes?
Não creio!
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Para finalizar, permitam-me uma pequena Especulação:
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a) - SE ... o Reino Unido reentrar na EFTA (de que foi fundador), onde ainda estão a Noruega (fundador), a Islândia, o Liechtenstein e a Suíça (fundador);
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b) - Tendo a EFTA acordos preferenciais de comércio com a U.E.;
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c)- NÃO havendo nessa organização nenhuma transferência de Soberania para nenhum órgão central dessa organização, (de que Portugal, a Suécia, Dinamarca e Áustria foram também Membros Fundadores);
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d)- Qual das duas organizações (UE ou EFTA) ganhará, ou reganhará, mais países MEMBROS?
E, neste caso, o que deverá Portugal fazer?
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Uma coisa é certa: - O Eixo Fundamental do Poder Mundial está a deslocar-se para o Atlântico com a mais que provável Aliança entre a 1ª e a 5ª maiores Economias Mundiais. (EUA e RU).
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Dito isto, creio bem que o maior perdedor do BREXIT será a U.E. e por isso alguns dirigentes políticos andam de "cabeça perdida".
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Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Mestre e Doutorado em Estudos Europeus
Universidade Católica Portuguesa

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