REFLEXÃO que
partilho sobre a DECADÊNCIA da Civilização Ocidental
Já escrevi sobre este assunto por
diversas vezes e já o disse em várias Conferências que proferi.
Agora partilho convosco uma reflexão
minha sobre a decadência acelerada em que encontra o Mundo Ocidental, não
querendo no entanto ser exaustivo no tratamento desta matéria.
Mais uma vez chamo a vossa atenção
para que a Razão Fundamental da decadência da Civilização Ocidental é a perda
de VALORES e de REFERÊNCIAS, da mesma.
Não é a Economia! Este último factor
é apenas uma das consequências.
Todo este quadro vem sendo provocado
pelo surgimento da TEORIA da RELATIVIDADE dos Costumes e dos Valores, cujo
postulado extremo afirma que Tudo é Relativo - (i.e. - a Honra, a Palavra dada,
a Educação, o Respeito pelos outros, etc.).
Igualmente o surgimento da TEORIA
MATERIALISTA, em que o Material tem preponderância sobre o espiritual e sobre
todas as outras facetas do Ser Humano – isto é que do SER, PARECER e TER, esta
última é a mais importante para o alcançar da “felicidade”, tem contribuído
para este aceleramento da decadência civilizacional em que vivemos.
(A) - Ora os Valores da Sociedade
Ocidental fundaram-se, e consolidaram-se, ao longo de Séculos por de cima de:
- A
Naturalidade da Vida que o Ser Humano desde o tempo das cavernas conhece e
pratica.
Vejamos:
A1.) - O Ser Humano sabe, desde
sempre, que para sobreviver precisa do seu Tempo Material, ou seja, abrigo,
vestuário, alimentação;
-Precisa igualmente do seu Tempo
Psicológico, ou seja, possuir e receber os sentimentos de ligação e pertença ao
seu Núcleo de Base: A Família, onde recebe e dá carinho, ternura, amizade,
espírito de entreajuda, etc…. Igualmente
precisa, e tem, sentimentos de pertença a uma comunidade (Tribo, Nação) para
poder ser um elemento equilibrado e feliz.
-Sabe também que, não tendo
explicação para o “milagre da vida” e do Universo, busca no Transcendental
(Deus) a sua Explicação e Referência de forma a se sentir seguro e estável, ou
seja o seu Tempo Espiritual.
A2.) - Depois, há mais de 2.000
anos, a Civilização Humana, com especial incidência no Próximo e Médio Oriente
e no denominado Mundo Ocidental, recebeu de Moisés o instrumento e a chave de
uma vida em sociedade:
-As Tábuas
dos Dez Mandamentos.
E nestes Dez Mandamentos, o Ser
Humano se reconheceu e por isso os adoptou como contendo o essencial para
traçar os principais Comportamentos, Referências e Valores que deveriam
conduzir a vida em Sociedade.
- Obs.: aconselho a re/leitura dos mesmos.
Isto muito antes de haver Igrejas,
Estados-Nação, Poderes Políticos (pelo menos na forma como os conhecemos hoje).
E eles, os Dez Mandamentos, passaram
assim a ser os Valores de Referência do denominado Mundo Ocidental.
Note-se que há sempre quem queira
desvirtuar os mesmos.
Sempre assim foi e sempre assim
será.
Mas isso não caracteriza uma
sociedade humana.
Na verdade a Sociedade nunca se
caracteriza por minorias, por muito activas e barulhentas que sejam.
O Ser Humano, por mera intuição
sabe, sempre soube, que se fizer mal ao seu semelhante, ou o desrespeitar nos
seus direitos, tarde ou cedo tem represálias.
E também por se saber deste facto,
as Sociedades progressivamente transferiram este "direito de
represália" para órgãos denominados de várias formas através dos tempos, e
que hoje conhecemos por Tribunais.
De tal forma assim foi que,
(sobretudo a partir do Nascimento de Jesus Cristo e dos Seus Ensinamentos que
vieram completar os já anteriormente veiculados pelos Dez Mandamentos), a
Sociedade Ocidental com vários graus de aplicação, os foi progressivamente
adoptando, transcrevendo-os para Normas Positivas do Direito (Leis).
Isto é, passaram a ser Normas de
Conduta, com força Jurídica, de cumprimento obrigatório e geral, inscritas nos
vários Códigos de Direito, de várias civilizações que nos antecederam e cujo
código genético foi sendo transmitido de geração em geração.
(Note-se, também aqui, que por este
facto nunca deixou de haver quem não os cumprisse).
Mas isso não lhes retira o seu VALOR
intrínseco.
É o Natural Livre Arbítrio dado ao
Ser Humano, enquanto tal, que lhe permite fazer o bem ou fazer o mal.
Só que o Bem e o Mal, a partir das
Tábuas de Moisés, ficou mais claro e mais organizado na mente dos seres
Humanos.
Assim, de uma fase Natural passou-se
para uma fase de Estruturação.
De uma fase de vida em Família, em Clã e em Tribo a Humanidade evoluiu para uma vida em
Comunidades mais alargadas que era preciso estruturar.
A Sociedade organizou-se e foi
percebendo que determinados Valores, Referências e Comportamentos, ao passarem
da fase da transmissão apenas oral e tradicional, para passarem a constituir-se
como REGRAS de convivência em Sociedade, eram bons por respeitarem:
- O Tempo Material,
- O Tempo Psicológico
- E o Tempo Espiritual
do Ser Humano Real.
E digo Ser Humano Real por contraponto ao Ser Humano
Ideal. Este último, o Ideal, nasce da capacidade que o Ser Humano tem de
“construir” modelos abstractos e supostamente perfeitos, sendo intrinsecamente
imperfeito.
Progressivamente desde o Séc. XIX estes
Valores perenes da Humanidade e estas Referências foram progressivamente sendo
contestados, por razões e autores que neste lugar seria fastidioso enumerar mas
que têm vindo a exercer uma influência crescente nas mentes quer pela sua
aparência de modernidade (sempre sedutora para alguns menos críticos), quer por
uma suposta evolução.
Ora a evolução de algo tem sempre
duas faces possíveis: Pode ser positiva ou pode ser negativa consoante os
efeitos concretos que produz. Quando conduz à desestruturação de uma sociedade
é forçosamente negativa, quando contribui para a sua harmonia é positiva.
Vejamos algumas
consequências do que classifico como evoluções negativas, por desestruturantes
da sociedade:
1. O Binómio
Natural - DIREITOS e DEVERES - que por ser natural, é inseparável e
indivisível, começaram a ser relativizados.
2. A Dissolução
dos Costumes entrou na esfera do Relativo;
3. Os Valores
foram sendo esvaziados e mesmo ridicularizados;
4. As
Referências foram sendo tentativamente desacreditadas;
Ora pelos ensinamentos da História,
sempre que assim aconteceu (Império Romano é o melhor exemplo, mas não o único)
as Civilizações entraram em DECLÍNIO sendo submersas por Guerras, Fomes ou
Pestes que dizimaram milhões de pessoas.
Ora o Código Genético de uma Sociedade
Humana ou o Código Genético de um Ser
Humano, provem de gerações e gerações.
Não é "fabricável" por uma
geração de "iluminados" que por terem feito descobertas
técnico-científicas, no seu tempo relativo, as classificam como absolutamente
certas, mas que, não raro, mais tarde se vem a verificar serem ou parcial ou
absolutamente erradas.
E tudo o que acima escrevi, e que
não são mais do que reflexões curtas, simples e breves, parece ter sido
progressivamente esquecido.
·
Daí a dissolução dos costumes a que assistimos, agora de forma
mais acelerada, de que são exemplos o aborto, a eutanásia, o
"casamento" homossexual, etc..).
·
Daí a desorientação geral face aos Valores Perenes e
Civilizacionais da Sociedade Humana Ocidental;
·
Daí a quase ausência de Referências sólidas que façam o Ser
Humano sentir-se seguro nas suas várias dimensões.
Roubos, “Lapsos”, Corrupção,
Insultos, Faltas de Respeito, só haver Direitos, negação de Deus, etc… passaram
a ser aceites com benevolência e não poucas vezes, como arte, engenho e mesmo
sinal de superioridade intelectual de quem pratica esses actos.
Abortos provocados, “mães de
aluguer”, sodomia, penas de morte, eutanásia, passaram a ser considerados como
naturais e passivos da escolha de cada um, em nome de uma pretensa liberdade
individual, sem respeito pelos outros e pelos alvos das respectivas acções.
De um ponto se têm esquecido os
arautos desta dissolução:
- Estes comportamentos, estes anti
valores, da naturalidade, da essência do Ser Humano, trazem consigo a reação
(mais tarde ou mais cedo) dos que, ao longo dos séculos, mantêm o código
genético da sociedade humana.
E como a violência dos que se sentem
violados na sua consciência, nos seus valores, comportamentos e referências é
também um factor natural e intrínseco ao Ser Humano, normalmente estas fases de
dissolução e decadência desaguam em conflitos violentos que repõem a
normalidade e a naturalidade das coisas.
E os exemplos estão todos descritos
na História da Humanidade.
Desculpem o tempo que lhes tomei,
mas já agora creio que vale a pena pensarem nisto.
Já agora pensem nisto!
Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Doutorado em
Estudos Europeus (Universidade Católica)
Auditor de
Defesa Nacional (Instituto da Defesa Nacional)
Gestor de
Empresas
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