25 maio 2018

A Decadência acelerada da actual Civilização Ocidental


REFLEXÃO que partilho sobre a DECADÊNCIA da Civilização Ocidental

Já escrevi sobre este assunto por diversas vezes e já o disse em várias Conferências que proferi.

Agora partilho convosco uma reflexão minha sobre a decadência acelerada em que encontra o Mundo Ocidental, não querendo no entanto ser exaustivo no tratamento desta matéria.

Mais uma vez chamo a vossa atenção para que a Razão Fundamental da decadência da Civilização Ocidental é a perda de VALORES e de REFERÊNCIAS, da mesma.
Não é a Economia! Este último factor é apenas uma das consequências.

Todo este quadro vem sendo provocado pelo surgimento da TEORIA da RELATIVIDADE dos Costumes e dos Valores, cujo postulado extremo afirma que Tudo é Relativo - (i.e. - a Honra, a Palavra dada, a Educação, o Respeito pelos outros, etc.).

Igualmente o surgimento da TEORIA MATERIALISTA, em que o Material tem preponderância sobre o espiritual e sobre todas as outras facetas do Ser Humano – isto é que do SER, PARECER e TER, esta última é a mais importante para o alcançar da “felicidade”, tem contribuído para este aceleramento da decadência civilizacional em que vivemos.

(A) - Ora os Valores da Sociedade Ocidental fundaram-se, e consolidaram-se, ao longo de Séculos por de cima de:
- A Naturalidade da Vida que o Ser Humano desde o tempo das cavernas conhece e pratica.

Vejamos:
A1.) - O Ser Humano sabe, desde sempre, que para sobreviver precisa do seu Tempo Material, ou seja, abrigo, vestuário, alimentação;

-Precisa igualmente do seu Tempo Psicológico, ou seja, possuir e receber os sentimentos de ligação e pertença ao seu Núcleo de Base: A Família, onde recebe e dá carinho, ternura, amizade, espírito de entreajuda, etc…. Igualmente precisa, e tem, sentimentos de pertença a uma comunidade (Tribo, Nação) para poder ser um elemento equilibrado e feliz.

-Sabe também que, não tendo explicação para o “milagre da vida” e do Universo, busca no Transcendental (Deus) a sua Explicação e Referência de forma a se sentir seguro e estável, ou seja o seu Tempo Espiritual.

A2.) - Depois, há mais de 2.000 anos, a Civilização Humana, com especial incidência no Próximo e Médio Oriente e no denominado Mundo Ocidental, recebeu de Moisés o instrumento e a chave de uma vida em sociedade:
-As Tábuas dos Dez Mandamentos.

E nestes Dez Mandamentos, o Ser Humano se reconheceu e por isso os adoptou como contendo o essencial para traçar os principais Comportamentos, Referências e Valores que deveriam conduzir a vida em Sociedade.
- Obs.: aconselho a re/leitura dos mesmos.

Isto muito antes de haver Igrejas, Estados-Nação, Poderes Políticos (pelo menos na forma como os conhecemos hoje).

E eles, os Dez Mandamentos, passaram assim a ser os Valores de Referência do denominado Mundo Ocidental.

Note-se que há sempre quem queira desvirtuar os mesmos.
Sempre assim foi e sempre assim será.
Mas isso não caracteriza uma sociedade humana.
Na verdade a Sociedade nunca se caracteriza por minorias, por muito activas e barulhentas que sejam.

O Ser Humano, por mera intuição sabe, sempre soube, que se fizer mal ao seu semelhante, ou o desrespeitar nos seus direitos, tarde ou cedo tem represálias.

E também por se saber deste facto, as Sociedades progressivamente transferiram este "direito de represália" para órgãos denominados de várias formas através dos tempos, e que hoje conhecemos por Tribunais.

De tal forma assim foi que, (sobretudo a partir do Nascimento de Jesus Cristo e dos Seus Ensinamentos que vieram completar os já anteriormente veiculados pelos Dez Mandamentos), a Sociedade Ocidental com vários graus de aplicação, os foi progressivamente adoptando, transcrevendo-os para Normas Positivas do Direito (Leis).

Isto é, passaram a ser Normas de Conduta, com força Jurídica, de cumprimento obrigatório e geral, inscritas nos vários Códigos de Direito, de várias civilizações que nos antecederam e cujo código genético foi sendo transmitido de geração em geração.

(Note-se, também aqui, que por este facto nunca deixou de haver quem não os cumprisse).

Mas isso não lhes retira o seu VALOR intrínseco.

É o Natural Livre Arbítrio dado ao Ser Humano, enquanto tal, que lhe permite fazer o bem ou fazer o mal.

Só que o Bem e o Mal, a partir das Tábuas de Moisés, ficou mais claro e mais organizado na mente dos seres Humanos.

Assim, de uma fase Natural passou-se para uma fase de Estruturação.

De uma fase de vida em Família, em Clã e em Tribo a Humanidade evoluiu para uma vida em Comunidades mais alargadas que era preciso estruturar.

A Sociedade organizou-se e foi percebendo que determinados Valores, Referências e Comportamentos, ao passarem da fase da transmissão apenas oral e tradicional, para passarem a constituir-se como REGRAS de convivência em Sociedade, eram bons por respeitarem:
- O Tempo Material,
- O Tempo Psicológico
- E o Tempo Espiritual
do Ser Humano Real.

E digo Ser Humano Real por contraponto ao Ser Humano Ideal. Este último, o Ideal, nasce da capacidade que o Ser Humano tem de “construir” modelos abstractos e supostamente perfeitos, sendo intrinsecamente imperfeito.

Progressivamente desde o Séc. XIX estes Valores perenes da Humanidade e estas Referências foram progressivamente sendo contestados, por razões e autores que neste lugar seria fastidioso enumerar mas que têm vindo a exercer uma influência crescente nas mentes quer pela sua aparência de modernidade (sempre sedutora para alguns menos críticos), quer por uma suposta evolução.

Ora a evolução de algo tem sempre duas faces possíveis: Pode ser positiva ou pode ser negativa consoante os efeitos concretos que produz. Quando conduz à desestruturação de uma sociedade é forçosamente negativa, quando contribui para a sua harmonia é positiva.

Vejamos algumas consequências do que classifico como evoluções negativas, por desestruturantes da sociedade:

1.     O Binómio Natural - DIREITOS e DEVERES - que por ser natural, é inseparável e indivisível, começaram a ser relativizados.

2.    A Dissolução dos Costumes entrou na esfera do Relativo;

3.    Os Valores foram sendo esvaziados e mesmo ridicularizados;

4.    As Referências foram sendo tentativamente desacreditadas;

Ora pelos ensinamentos da História, sempre que assim aconteceu (Império Romano é o melhor exemplo, mas não o único) as Civilizações entraram em DECLÍNIO sendo submersas por Guerras, Fomes ou Pestes que dizimaram milhões de pessoas.

Ora o Código Genético de uma Sociedade Humana ou o Código Genético de um Ser Humano, provem de gerações e gerações.

Não é "fabricável" por uma geração de "iluminados" que por terem feito descobertas técnico-científicas, no seu tempo relativo, as classificam como absolutamente certas, mas que, não raro, mais tarde se vem a verificar serem ou parcial ou absolutamente erradas.

E tudo o que acima escrevi, e que não são mais do que reflexões curtas, simples e breves, parece ter sido progressivamente esquecido.

·         Daí a dissolução dos costumes a que assistimos, agora de forma mais acelerada, de que são exemplos o aborto, a eutanásia, o "casamento" homossexual, etc..).

·         Daí a desorientação geral face aos Valores Perenes e Civilizacionais da Sociedade Humana Ocidental;

·         Daí a quase ausência de Referências sólidas que façam o Ser Humano sentir-se seguro nas suas várias dimensões.

Roubos, “Lapsos”, Corrupção, Insultos, Faltas de Respeito, só haver Direitos, negação de Deus, etc… passaram a ser aceites com benevolência e não poucas vezes, como arte, engenho e mesmo sinal de superioridade intelectual de quem pratica esses actos.

Abortos provocados, “mães de aluguer”, sodomia, penas de morte, eutanásia, passaram a ser considerados como naturais e passivos da escolha de cada um, em nome de uma pretensa liberdade individual, sem respeito pelos outros e pelos alvos das respectivas acções.

De um ponto se têm esquecido os arautos desta dissolução:

- Estes comportamentos, estes anti valores, da naturalidade, da essência do Ser Humano, trazem consigo a reação (mais tarde ou mais cedo) dos que, ao longo dos séculos, mantêm o código genético da sociedade humana.

E como a violência dos que se sentem violados na sua consciência, nos seus valores, comportamentos e referências é também um factor natural e intrínseco ao Ser Humano, normalmente estas fases de dissolução e decadência desaguam em conflitos violentos que repõem a normalidade e a naturalidade das coisas.

E os exemplos estão todos descritos na História da Humanidade.

Desculpem o tempo que lhes tomei, mas já agora creio que vale a pena pensarem nisto.

Já agora pensem nisto!

Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Doutorado em Estudos Europeus (Universidade Católica)
Auditor de Defesa Nacional (Instituto da Defesa Nacional)
Gestor de Empresas



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