O Salário Médio na Europa e em Portugal
Comparações de Rendimentos e Preços com
Espanha
Muito se tem falado
sobre a questão comparativa da produtividade e do desempenho das economias dos
vários países, tentando sempre encontrar defeitos em Portugal e qualidades no
estrangeiro.
Por outro lado muitas
comparações são feitas entre Portugal e outros países, pecando as mesmas,
normalmente e salvo raras excepções, por serem parcelares e apenas referidas a
um ou dois indicadores.
Cabe-me tentar ir um
pouco mais longe e verificar se as análises parcelares que têm sido feitas
pelos diversos partidos políticos são isentas, ou se pelo contrário, são
tendenciosas e variam consoante estão no Governo ou na Oposição.
Vejamos então o que se
passa na realidade e não nos vários, e variáveis, discursos políticos.
(1).- O salário
médio bruto nos 28 países da União Europeia
(incluindo portanto os
países do Leste europeu-2016) é de 1.995 euros por mês, sendo em Portugal de
apenas 986 €.
Em termos do “ranking”
Portugal ocupa a 18ª posição, no cômputo dos 28 Estados que integram a União
Europeia.
Mas se consideramos
apenas os países da Europa Ocidental, com quem todos gostam muito de se
compara, então Portugal é o país em que se verifica o salário médio bruto mais
baixo.
Assim, como se pode
verificar no quadro 1, os países onde o salário médio é mais alto do que em
Portugal são:
Quadro
1
País
(Fonte:
Eurostat-2016)
|
Salário Médio Bruto
(antes dos impostos/descontos)
|
Portugal
|
986€
|
Grécia
|
1.011€
|
Malta
|
1.168€
|
Chipre
|
1.256€
|
Espanha
|
1.640 €
|
Itália
|
2.017€
|
França
|
2.255€
|
Áustria
|
2.383€
|
Outros
|
…..
|
Dinamarca
|
3.553€
|
sendo que a Dinamarca
ocupa o 1º lugar.
Os países com salários
mais baixos são 10, todos eles da Europa de Leste, sendo que o país onde se
paga o salário médio mais baixo é a Bulgária.
Caso para dizer que a
nossa falta eventual de competitividade, enquanto País, não está nos salários
mas sim noutros factores de gestão tais como a Organização e o Planeamento.
Uma clarificação para
referir que por Salário médio bruto, entende-se o Salário antes dos descontos
para a Segurança Social, para o IRS e quotizações.
Assim Portugal tem o
salário médio bruto mais baixo da Europa Ocidental.
(2).- A comparação
entre Portugal e a Espanha, em matéria de Rendimentos e de Carga Fiscal
(Impostos Directos)
Mas façamos agora uma
comparação apenas entre os dois países que ocupam o território conhecido como
Península Ibérica: Portugal e Espanha.
Em matéria da carga
fiscal média sobre o trabalho verifica-se que em Espanha esta é de 15,1%, sendo
a contribuição média para a Segurança Social de 6,4%.´
Em Portugal a carga
média fiscal sobre o trabalho é de 17,3%, sendo a contribuição para a Segurança
Social de 11% por trabalhador.
A média dos países da
OCDE apresenta uma carga fiscal directa, média, de 15,7% e uma contribuição
para a segurança social, média, de 9,8%, conforme o descrito no quadro 2.
Quadro 2
PAÍS
(Fonte: OCDE)
|
IRPF
|
Seg. Social
|
Total Carga Fiscal sobre o trabalho dependente (média mensal)
|
Portugal
|
17,3%
|
11,0%
|
28,3%
|
Espanha
|
15,1%
|
6,4%
|
21,5%
|
Média OCDE
|
15,7%
|
9,8%
|
25,5%
|
(3).- A comparação
entre Portugal e a Espanha, em matéria de preços dos bens essenciais (inclui
IVA)
Por exemplo uma renda
de casa, em Madrid no Bairro Salamanca, de um T3, varia em redor dos 970 a
1.600 euros (2016) por mês, variando em Lisboa, em zona que se pode considerar
similar, entre os 950 e os 1.500 euros.
Já no que se refere a
Preços de bens essenciais, praticados nos Supermercados, encontramos em Espanha
os seguintes, expressos no quadro 3:
(de propósito deixo os nomes, que figuram na base de
dados, na língua original, traduzindo apenas os menos fáceis de decifrar em
leitura rápida)
Quadro 3
Produto
(Fonte:
Preciosmundi - Precios en España 2016)
IVA Incluído
|
Unidade
Refª
|
Preço Venda Público
|
La cerveza importada
|
33 cl
|
1,17 €
|
Cerveza nacional
|
0,5 litros
|
0,80 €
|
Botella de Vino
|
Calidad
media
|
4,50 €
|
Agua
|
1,5 litros
|
0,56 €
|
Cebollas
|
1kg
|
0,98 €
|
Patatas
|
1 kg
|
0,83 €
|
Tomates
|
1 kg
|
1,41 €
|
Naranjas
|
1 kg
|
1,18 €
|
Plátanos (Bananas)
|
1kg
|
1,47 €
|
Manzanas (Maçãs)
|
1 kg
|
1,55 €
|
Pechugas de pollo (frango)
|
1 kg
|
5,80 €
|
Queso fresco
|
1 kg
|
9,40 €
|
Huevos (ovos)
|
Una docena (12)
|
1,63 €
|
Arroz
|
1kg
|
0,95 €
|
Pan (pão)
|
1 kg
|
0,94 €
|
Leche (leite)
|
1 litro
|
0,78 €
|
Como se pode verificar
os preços dos bens essenciais de Espanha ou são quase iguais ou são inferiores
aos encontrados, para os mesmos produtos, nos supermercados do nosso país, como
qualquer dona de casa sabe, pela simples leitura deste quadro.
Quanto à rubrica de
transportes, os preços em Espanha para a Gasolina (95) é de 1,21 € por litro.
Já o Passe mensal de transporte público, em Madrid, cifra-se nos 45,00 €
mensais. (2016).
Já no que se refere a
taxas de juro praticadas para Empréstimos para a compra de casa, ou para
pagamentos de Hipotecas a taxa praticada em Espanha é de 2,73 % ao ano.
Em conclusão:
Os Espanhóis têm uma
carga fiscal média mais baixa que os Portugueses, contribuições para a
Segurança Social igualmente mais baixas;
Pagam pelos produtos
que consomem uma soma quase igual ou inferior à despendida pelos consumidores
portugueses;
Mas
O seu salário médio
bruto mensal é bastante superior, sendo em Espanha de 1.640 € por mês e em
PORTUGAL de apenas 986 € por mês, ou seja uma diferença a favor dos cidadãos
espanhóis de mais 654 euros de rendimento bruto por mês.
Ou seja, os
espanhóis ganhando mais, suportam menos carga fiscal e pagam igual ou menos que
os Portugueses para viver, o que lhes deixa um Salário Médio Líquido (depois
dos descontos efectuados) bastante superior.
Não admira que a
Economia espanhola seja mais pujante que a Portuguesa e não admira, em
conclusão final, que os Espanhóis tenham um melhor nível de vida líquido que os
Portugueses.
Donde o problema da
nossa baixa produtividade não vem dos salários praticados em Portugal.
É preciso encontrar a
razão desse fenómeno em vários outros factores tais como a deficiente gestão
das nossas empresas, nomeadamente em matéria de organização e planeamento, bem
como na constatação de que nos tornámos numa economia que produz produtos e
serviços de baixo valor acrescentado por falta de investimentos sérios e
continuados em Investigação e Desenvolvimento.
Neste quadro geral,
encontram-se felizmente algumas (poucas infelizmente) excepções em empresas que
são bem geridas, nas quais os seus gestores têm a noção que o seu principal
capital são as pessoas e como tal estas têm que ser formadas em continuo, têm
que ser motivadas e remuneradas em consonância com os seus méritos e
capacidades, para que estas rendam cada vez mais e se sintam bem nas empresas
em que trabalham.
Vai sendo tempo de
atentarmos nestas realidades e não embarcarmos nas meias verdades que nos têm
sido vendidas.
Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Vice-Presidente da Comissão Europeia da Sociedade de Geografia
Doutorado em Estudos Europeus (Universidade Católica)
Auditor de Defesa Nacional (Instituto da Defesa Nacional)
Gestor de Empresas
WEB / INTERNET
E-Mail: matos.chaves@gmail.com
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Twitter: https://twitter.com/mattoschaves
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