26 setembro 2016

Os Desafios ... Portugal e a Globalização

Portugal e a Globalização
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Muito se fala em “Globalização”.
Mas será esta realidade um obstáculo sério para Portugal?
Creio que não!
Apenas tem sido uma boa desculpa para a incompetência de sucessivos Governos.
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Vejamos então a evolução das sucessivas “globalizações”, sendo certo que mesmo este termo é propício a vários enganos.
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Na verdade, o Todo (global) é o resultado da soma das actividades das partes que o constituem, e não o contrário.
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Mas perguntarão alguns leitores menos atentos a estas matérias: - estamos perante algo de completamente novo? Vejamos:
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A 1ª Globalização – a do Comércio Internacional – foi “detonada” por Portugal, nos séculos XV e XVI, tendo sido o nosso País a Potência Mundial dominante do Sistema Internacional, da altura. Isto, quando tinha apenas 1,5 milhões de habitantes.
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A 2ª Globalização – a da Produção em Massa – foi “detonada” pelo Reino Unido nos séculos XVIII e XIX.
Neste campo, Portugal só “acordou” nos anos de 1950 e fez a sua industrialização, tendo passado de País agrícola a País industrializado até ao final da década de 1960.
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Na verdade, Portugal em 1950 tinha 49% da sua população ocupada na Agricultura e Pescas, 19% na Indústria e 31% nos Serviços, tendo passado em 1970 para 31% na Agricultura e Pescas, 23% na Indústria e 44% nos Serviços.
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Isto foi possível graças a uma estratégia bem definida vertida em planos indicadores para a Economia privada e de cumprimento obrigatório para a Economia pública.
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Igualmente contribuiu a nossa entrada para a EFTA (clube de países ricos e industrializados) através de negociações bem feitas que levaram a que, na prática, Portugal pudesse exportar tudo para esses países, sem aposição de barreiras.
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Ao mesmo tempo que pudemos proteger, durante os 20 anos do período de carência acordado, a produção nacional com barreiras à entrada de produtos desses países.
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A 3ª Globalização – a actual – a liberalização da Circulação da Informação e da Circulação de Capitais, foi “detonada” pelas Convenções do GATT/OMC, na década de 1980.
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Estamos assim na 3ª Globalização. Demos origem à primeira, sobrevivemos à segunda e aproveitámo-la bem, embora com algum atraso.
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A esta terceira, Portugal igualmente tem demorado a reagir, embora com alguns sucessos, mas pontuais e desgarrados.
Nada de realmente novo, portanto, a não ser a especificidade destas novas características, e nada de grave que impeça Portugal de responder ao novo desafio.
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Mas para que Portugal consiga dar uma resposta positiva às características desta nova globalização, na minha opinião, falta-lhe a definição de uma Estratégia Pública, uma Estratégia enquanto País. ...
Já a tivemos.
Mas há 42 anos que navegamos apenas tendo como pano de fundo e desiderato a Europa, desejando que ela resolva os nossos problemas.
O que não faz, como é óbvio.
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Com esta posição minimalista e preguiçosa, esquecemos a nossa posição Atlântica e Africana.
Esquecemos a nossa potencialidade Global.
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E enfeudámo-nos a outros países europeus, sobretudo à Espanha e à Alemanha, com a “desculpa” da tal Europa que nos iria dar “mundos e fundos” e que tomaria conta de nós, como um pai.
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Esquecemos os EUA, com quem tínhamos relações privilegiadas;
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esquecemos os países de Língua Portuguesa;
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esquecemos o “bom nome” e as potencialidades de Portugal no Oriente;
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esquecemos, numa palavra, o que sabíamos desde Dom João II até 1974 - que um pequeno país, para sobreviver no Sistema Internacional, tem que ter uma Estratégia, presidida por um conceito poderoso - a Diversificação de Dependências e Alianças, como forma de manutenção da nossa capacidade de auto-governo e autodeterminação.
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Portugal sempre respondeu aos desafios internacionais, quando os Portugueses foram motivados para tal.
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Ainda tenho esperança em que voltará a fazê-lo. ■
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Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves

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