08 julho 2017

2ª PARTE - DERROTA das FA'S ou DERROTA do PODER POLÍTICO

2ª Parte – O ASSALTO ao PAIOL de TANCOS

No primeiro artigo referi-me à responsabilidade maior que pertence, em exclusivo, ao Poder Político dada a Campanha que desenvolveu de desprestigiar as Forças Armadas, desde 1982.


Sobre esta matéria que não fiquem dúvidas:
- O Poder político destruiu, até níveis inimagináveis (em países Civilizados e Democráticos), as Nossas Forças Armadas.

Posto isto, (e que já descrevi no primeiro artigo, de forma muito clara), vejo com muito incómodo a forma como os vários dirigentes políticos do meu Partido, o CDS-PP, mas também dos outros Partidos, PSD, PS, PCP, BE, têm tratado o tema do Assalto ao Paiol de Tancos.

Revela Irresponsabilidade, Desconhecimento e Incompetência.
Pior, revela uma falta de Honestidade intelectual que devia ser inadmissível naqueles em que o Povo Português tem depositado o seu Voto, sejam eles quem forem.

MAS …, em abono da verdade, tenho que completar a minha análise, analisando agora as Responsabilidades próprias de parte do Exército.

Em primeiro lugar, tendo eu cumprido com muita honra e orgulho o Serviço Militar Obrigatório (que tanta falta faz) é para mim inadmissível que o Senhor Comandante da Unidade, onde o Paiol se encontrava, não tivesse cumprido o seu Dever.

Explicitando melhor: - é inadmissível que a Guarda do Paiol (instalação crítica de defesa) não fosse feita em permanência, por soldados armados e devidamente equipados.

É igualmente inadmissível, que as Rondas não tivessem sido feitas com a devida regularidade.
Relembro que as Rondas têm dois Objectivos: - assegurar o Apoio às sentinelas/guardas das instalações militares; - assegurar a eficácia da acção de vigilância, reforçando-a.

Face a estas verdades inquestionáveis, não me restam dúvidas sobre a incompetência do Senhor Comandante do aquartelamento para desempenhar tais funções.

Quanto à responsabilidade do Senhor General, Chefe do Estado-Maior do Exército.

É, para mim, muito clara a sua responsabilidade dadas as medidas que tomou, no seguimento da notícia do assalto. Refiro-me ao facto de ter “suspendido para não prejudicar a investigação” o referido Comandante do aquartelamento.

O que o Senhor General devia ter feito era ter procedido à imediata demissão do referido Oficial Superior do seu posto de comando, e posto de imediato a Polícia Judiciária Militar e a Inspecção Geral do Exército em campo para investigar a fundo a situação para a determinação e atribuição de responsabilidades objectivas.

Permitiu que fosse a Polícia Judiciária Civil a tomar conta da ocorrência.
Permitiu-se declarar em sede de Comissão Parlamentar que se sentia “envergonhado” e criticar abertamente o Comandante da Unidade.

De várias formas, acima descritas, demonstrou não ter o perfil profissional e psicológico para desempenhar as Altas Funções de Chefe do Estado-Maior do Exército.

É com muita pena que o digo. É com muita pena que vejo as Forças Armadas enxameadas de “políticos travestidos em militares” como parece ser o caso deste senhor.

Mas mais importante, é com muita pena e mágoa que vejo as Forças Armadas serem, desta vez com culpas próprias, envergonhadas por elementos que a elas não deviam pertencer.

Portugal merece mais.
As Forças Armadas -
- Em qualquer Estado de Direito;
- Em qualquer Estado Democrático;
- Em qualquer Estado de um País Civilizado;
devem ser a Reserva Moral da Nação que defendem, quer em termos de Seriedade, Honestidade, Organização, Espirito de Sacrifício, quer em termos de Competência, pois a elas cabe a Missão Maior de Defesa da Nação que neles confia.

Lastimo dizer que, face ao que escrevi no 1º artigo e neste, temo agora pela Defesa do país, pois ao contrário de alguns pseudo-intelectuais a “Paz Eterna” de Kant ainda não chegou e os tempos apontam exactamente no sentido contrário.

Espero que os Senhores Oficiais das Forças Armadas e os Dirigentes Políticos percebam que esta situação de degradação das mesmas não pode continuar e que é preciso agir, e rápidamente, para repor as Capacidades e Competências das Forças Armadas de Portugal.

Termino, repetindo que “A Paz garante-se pela Capacidade de Dissuasão” e não pelo desarmamento.

Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Auditor de Defesa Nacional

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