17 março 2019

BREXIT - As Mentiras e Indecisões



COMENTÁRIO POLÍTICO


O PÁRA-ARRANCA INTERNACIONAL
– A Saga do Brexit continua com graves contornos e Mentiras –


Caros Amigos e Estimados Leitores,
Decifrar o que realmente se passa e o que significam as várias posições da União Europeia e do Reino Unido, é o objectivo a que me propus em vésperas do dia 29 de Março.
Vem este título a propósito da situação existente na Europa, face às posições da União Europeia (1º.) e do Reino Unido (2º.), a que temos assistidos nas últimas semanas.

(1º). - POSIÇÕES da U. E. e seu Significado Político:
A U.E. está, desde Julho de 2016, a agir e a tomar posições políticas que significam o seguinte:

(a). – Não quer que o Reino Unido tenha uma Saída Fácil da U.E., porque se assim acontecesse o mais provável é que mais alguns países lhe seguissem o exemplo;
(b). – As suas posições retratam as seguintes “mensagens”, mais ou menos abertas e claras, ou mais ou menos encriptadas e sub-reptícias, que são em síntese:
- (b1). Se saírem da U.E. vão ser “castigados” e vão pagar por isso;
- (b2). Se saírem da U.E. virá o “dilúvio” e tudo faremos para vos destruir;
- (b3). Restantes Países da U.E. - - “vejam o que está a acontecer ao Reino Unido e nem tentem sair da U.E., pois se o tentarem terão a vida negra pela frente”;
- (b4). Não há vida para além de terem que pertencer à U.E;
- (b5). Sem a U.E. irão falir e viver pior.

PRIMEIRO COMENTÁRIO:
Tentam assim os dirigentes da U.E., os da área Internacionalista e Federalista (consultar p.f. artigos anteriores para ver o que significam estes termos), criar barreiras psicológicas e políticas muito fortes à saída de qualquer país da U.E.;

Desvirtuam o que foi acordado por todos os países, nesta e noutras matérias, nomeadamente no que está escrito no Artigo 50º do Tratado de Lisboa;
Desrespeitam de forma clara a Vontade dos Povos dos Estados-membros, o que não deixa de ser curioso para quem se diz de “democrata” e que a democracia é um valor da U.E.;


Sabem os dirigentes europeus que:
- SE --- o Brexit fosse votado apenas pelos Cidadãos do Reino Unido, que são originários do mesmo;
- SE --- os agora Cidadãos, Naturalizados Britânicos oriundos nomeadamente de Países Muçulmanos, que vivem lá, não tivessem sido autorizados a votar;
O “Leave” teria ganho com mais de 70% dos votos e não com os 52% que obteve.
(ver população por exemplo de Londres e de Birmingham onde os respectivos Presidentes de Câmara eleitos (Mayor) são Muçulmanos de origem).
Porquê? - porque estes querem manter a possibilidade de circular na U.E. sem serem vigiados e identificados.

Continua assim a U.E. (os seus dirigentes - próprios e de certos países) a adoptar uma atitude repressiva, tal como o fizeram por exemplo com a Grécia, Portugal, e estão a tentar com a Itália, com a Hungria.
Tudo isto desmascara a Verdadeira Intenção, a qual retrato numa frase:
- “Queremos construir um Estado Federal Europeu, e as Nações Independentes que até agora tinham um Estado Soberano que as representassem, têm que desaparecer e obedecer a esse Estado Central.”
Não o dizem abertamente, (a não ser o Dr Paulo Rangel) mas fazem-no hipocritamente dando a aparência de que são Democratas, quando o não são!

(2º). POSIÇÕES do Reino Unido
Neste campo duas possibilidades se colocam, observados os acontecimentos das últimas semanas:
(2.1). – A classe política Britânica é actualmente constituída por pessoas de fraco nível político;
Isto é, ao contrário de décadas anteriores, assiste-se a uma decadência da qualidade dos Políticos Ingleses;
- - - OU - - -
(2.2). – Todas estas posições tanto dos Trabalhistas como dos Conservadores, não passam de uma “encenação” destinada a obter um de dois resultados:

(a). - A classe Política Britânica quer arranjar “argumentos” para, perante a “opinião Pública Interna” e perante a “opinião Pública Internacional”, dizerem que saíram da U.E., mas que eles (pessoas – Deputados, Governantes, ou Lideres dos Partidos) não tiveram outro remédio se não fazê-lo, dada a situação de impasse criada no Parlamento Britânico e na U.E.;
- - - OU - - -
(b). - A classe Política Britânica quer ceder às posições da U.E., e dos imigrantes que já dominam boa parte das Cidades do Reino Unido, e a propósito desta aparente “confusão”, virem dizer que não podem respeitar o resultado do referendo de Junho de 20176 e que foram forçados a ter que ficar na U.E.
Para tal arranjarão as "Inevitabilidades" (ou seja, as Mentiras) que a Imaginação lhes ditar.

SEGUNDO COMENTÁRIO:
Sinto-me tentado a não acreditar que a Classe Política do Reino Unido degenerou e é hoje constituída por Incompetentes, por pessoas de Fraco Nível cultural e Político.
Não quero acreditar nisso, mas não tenho a certeza de que não seja este o factor prevalecente.

Gostaria de acreditar sim, que a tradição da Supremacia do Parlamento, que caracteriza a Democracia Parlamentar do Reino Unido (a mais antiga da Europa e do Mundo) se mantém e que tudo se trata apenas de encenações destinadas a obter um dos efeitos acima descritos.

Gostaria de acreditar sim, que respeitando a Vontade dos Eleitores que determinaram a Saída do Reino Unido da U.E., isto é, que respeitando a Democracia, tudo não passasse de encenação destinada a sair da U.E. salvaguardando as aparências (desejo que é muito humano) dos políticos que hoje têm voz pública, nesse nosso Aliado.
Mas também não tenho agora a certeza de que assim seja.

Uma coisa é certa:
O Parlamento chumbou a realização de um 2º Referendo, e isso é positivo, pois não se pode andar a realizar referendos até que eles dêem outro resultado diferente do original;
Isso é típico de Regimes Ditatoriais que não respeitam a vontade dos eleitores depois de os terem consultado através do voto;
O Parlamento chumbou o Acordo de Saída na sua forma actual que a U.E impôs.

A UE como não quer que o RU saía, já disse que não modifica o acordo, que quer ver cumprido, pois este evita, para além dos factores identificados, que a U.E. perca a totalidade dos 10 mil milhões de libras anuais de receitas que o RU paga actualmente;

Tudo o resto ver-se-á até ao próximo dia 29 de Março onde será decidido se vão pedir adiamento ou se vão mesmo sair ou se vão aprovar o acordo com a U.E..

CONCLUSÕES
Uma coisa é certa a União Europeia desmascarou-se:
- Não existe Democracia, pois não se respeitam as Vontades dos Povos;
- Não existe Respeito pelos Estados Membros, a não ser pela Alemanha e França;
É já uma DITADURA anunciada que será cada vez mais dura à medida que se “Aprofundar” a “Integração” de mais matérias, leia-se à medida que se Aprofunda a Federalização e o consequente desaparecimento dos Estados-Nação enquanto actores Independentes e Soberanos.

Do lado Britânico, também me parece que a Classe Política Britânica poderia ter evitado estas encenações, embora eu perceba que era difícil fazê-lo dadas as posições de Irresponsabilidade dos Trabalhistas e Liberais Ingleses.
Também se percebe alguma hipocrisia grave nalgumas atitudes da Primeiro-Ministro do R.U., mas a isso voltarei quando o quadro estiver mais definido.

NOTAS FINAIS
A Hipocrisia da U.E. face ao R.U.

Estimados amigos,
Há muitas maneiras de fazer oposição, a uma atitude, como sabem. A forma de o fazer, que foi usada pela UE foi a seguinte:
1ª fase – Irritação pública. O anúncio da “teoria do Dilúvio” talvez inspirada num célebre Rei de França;

2ª fase – Atitude de tentar penalizar o RU o mais disfarçadamente possível, dando com uma mão (públicamente e nas negociações) e tirando com a outra, (só na mesa das negociações);

3ª fase – Atitude traduzível com: - Saiam lá. MAS ... se não aceitarem o Nosso Acordo têm que sair sem Acordo, nomeadamente quanto á Fronteira com a Irlanda.
Fizeram isto sabendo de antemão que a população Inglesa vacilaria e que os Dirigentes Políticos do RU não o podiam aceitar, dado o Acordo com Gerry Adams e a sua ala política do Sinn Féin, que pôs fim à guerrilha do IRA;

4ª fase – Atitude “para Inglês ver” de: - Não cedemos mais. Problema Vosso;
A par disso os Governos de França, Alemanha e outros menores, passaram a convidar à descarada, várias empresas sediadas no RU para virem para os seus países.

5ª fase: Finalmente a fase actual traduzida da seguinte forma:
- Se quiserem ficar nós aceitamos! (que “bonzinhos” os da UE)
Isto dito públicamente, com toda a “pompa e circunstância”, a partir de Bruxelas, destinou-se a ser consumido pela população do Reino Unido.
Tentativa de boicotar todo o processo, dando uma aparência de “bondade”, tentando com isso dar um “xeque-mate” ao Governo Britânico.

Posso dar mais referências e detalhes sobre a falsidade de tudo isto, por parte da EU e sobre a sua (da UE) Falta de:
- Respeito pela Democracia,
- Pela vontade expressa pelos Britânicos em Referendo;
A que acresce a tentativa de Ditatorialmente impor o que acima escrevi.

Assim, meus estimados amigos, não me resta outra atitude que a de Manter tudo o que acima escrevi.
Sou um europeísta convicto. Seguidor da linha esmagadoramente maioritária e Fundacional: - A Europa das Nações Soberanas, forma realista de manter a Paz e o Progresso.
Mas os Federalistas (os do “Aprofundamento” da maior “Integração”, leia-se a caminho da Federação) estão a destruir a União Europeia. E isso não lhes perdoo.

Meus Caros Amigos e Estimados Leitores,
É a minha modesta contribuição para vós.
Desejo-vos uma boa reflexão sobre tudo isto, se o entenderem útil.

Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Mestre e Doutorado em Estudos Europeus
(Universidade Católica Portuguesa)

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