11 outubro 2016

O panorama do Investimento em Portugal

Muito se discute se este ou aquele Governo teve melhores, ou piores, indicadores de investimento e de criação de riqueza em Portugal. Nos quatro quadros inscritos neste trabalho se dá conta da realidade.

Em primeiro lugar há que separar o investimento público, do investimento privado. São duas coisas diferentes, como se sabe, embora a sua soma produza os tais indicadores que são discutidos na “praça pública” a maior parte das vezes com pouca ou nenhuma racionalidade.

O investimento público, depende dos Governos e é o único de decisão directa do executivo. Mas também é sabido que influência directa ou indirectamente os privados. Cabe assim a cada Governo, desejavelmente, estabelecer os Planos de Investimento público, e pô-los em execução.

Na minha opinião o investimento público, devia ser exclusivamente dirigido para campos onde os privados não têm interesse em investir. Quer por se tratar de sectores que muito dificilmente são rentáveis, mas necessários à vida das populações, quer por se tratar de sectores em que o volume de dinheiro necessário é demasiado para interessar os investidores privados, atenta a sua rentabilidade normal.

Neste capítulo, temos assistido em Portugal a que os Governos, ao mesmo tempo que têm feito investimentos úteis à sociedade (infra-estruturas de abastecimento de água, gás, electricidade, comunicações, estradas, caminhos de ferro, etc…). têm também, por motivos apenas de “caça ao voto”, desperdiçado dinheiro, pois têm gasto boa parte do mesmo em obras supérfluas, inúteis que apenas vão sobrecarregar a dívida de todos nós.

Temos inúmeros exemplos disto, por todo o país: rotundas, fontanários, estátuas em grandes quantidades, obras faraónicas como o CCB e outras bem conhecidas de todos, pavilhões gimnodesportivos em aldeias de 600 habitantes, piscinas aquecidas a esmo (para as quais depois não há dinheiro para funcionarem), auto-estradas em excesso, onde ninguém passa por serem caras a quem utiliza ou por não haver mesmo trânsito que as tivesse justificado, escolas onde não há jovens, PPP’s, etc…etc!

Por tudo isto, os impostos, taxas, coimas (algumas delas são impostos disfarçados) são cada maiores o que traz como consequência que os portugueses são, (dos países ocidentais) os que têm menos dinheiro para gastar consigo próprios, animando a economia. (Vidé artigo, quantificado e comparativo, que publiquei em anterior edição do nosso semanário).

O investimento privado é, por outro lado e como é do conhecimento geral, aquele que provem de indivíduos ou empresas privadas, e tem como objectivo saudável o lucro. Este tipo de investimento propícia, para além do desejável lucro, a criação de empregos para as pessoas, o bem-estar psicológico para quem tem emprego, a “construção” de famílias, o bem-estar material das famílias e dos indivíduos, o surgimento de novos negócios para outras empresas (existentes ou a existir), receitas para o Estado e outros benefícios que todos conhecem.

Tal quadro devia ser a preocupação principal da qualquer Governo, de qualquer Partido. de qualquer Dirigente eleito e traduzida em actos concretos.

A população saberia com certeza reconhecer os méritos dos Partidos e dos seus dirigentes se, em nome do interesse dos portugueses, desenvolvessem acções conjuntas nesta matéria. Como assim não tem acontecido, a não ser nos discursos, os Partidos e os seus dirigentes passaram a ter mau nome e má fama junto da maioria dos cidadãos. E com razão, digo eu.

Mas voltemos à discussão existente nos últimos dias, à análise sobre o que temos ouvido, no dia-a-dia das televisões e jornais, que se poderá traduzir na linguagem comum pela frase – “o meu Governo teve melhores resultados em Investimento que o teu!”.

Vamos em seguida verificar se esta asserção é verdadeira ou se tem algum conteúdo.

Comecemos então por comparar o investimento e variações anuais, durante a vigência dos últimos três Governos de Portugal:

- PSD/CDS, o XVº e XVIº Governos Constitucionais de Abril-2002 a Mar-2005, chefiados respectivamente pelo Dr. Durão Barroso e pelo Dr. Pedro Santana Lopes;

- PS, o XVIIº e XVIIIº Governos Constitucionais, de Mar-2005 a Jun-2011, chefiados pelo Engº José Sócrates;

- PSD/CDS, o XIXº Governo Constitucional, de Junho de 2011 a 30 de Outubro de 2015, chefiado pelo Dr. Pedro Passos Coelho.

Nota prévia: Os anos de sobreposição dos Governos (2002-2005-2011) foram atribuídos igualmente às performances do Governo cessante e do Governo que tomou posse, para a simplificação dos raciocínios e das análises. Dado que o critério foi uniforme e igual para todos, as comparações e análises são válidas pois estamos a tratar de séries longas. Se quiserem ir mais fundo, terão que analisar mês a mês de cada Governo.

Os anos de 2002 até 2013 apresentam já os números finais de investimento. Os números referentes aos anos de 2014 e 2015 são ainda estimados, ou seja, provisórios. A fonte primária, utilizada para a recolhas dos dados necessários para este trabalho, foi o INE.

Vejamos então os resultados:

1.- Governos do PSD/CDS -  XVº e XVIº - Abril-2002 a Mar-2005

Investimento
2002
2003
2004
2005
(milhões euros)
 
 
 
 
Valor
42.500,4 
39.391,3 
39.448,1 
39.485,1 
 
 
 
 
Var % anual
-3,38%
-7,32%
0,14%
0,09%

Comentário: Como se pode verificar, a média de investimento anual, neste período foi de 40.206,22 milhões de €, por ano. Estes Governos tiveram performances negativas fortes em 2002 e 2003, (decréscimos acima dos 3%/anuais) e um crescimento quase nulo em 2004 e 2005 (abaixo de 1%). Se compararmos o 1º ano (2002) com o último ano em que governaram, (2005), temos um decréscimo de -7,09% no investimento.

A média de investimento anual, comparando com a média anual dos quatro anos anteriores (1998-2001), decresceu, cifrando-se em -2.014,62 milhões de €/ano, ou seja um decréscimo de -4,77%, no investimento anual. Este Governo deixou os números do investimento piores do que os encontrou, quando tomou posse.

2.- Governos do PS -  XVIIº e XVIIIº - Mar-2005 a Jun-2011

Investimento
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
(milhões euros)
 
 
 
 
 
 
 
Valor
39.485,1 
39.151,0
40.365,4
40.514,4
37.447,3
37.094,9
32.451,8
 
 
 
 
 
 
 
Var % anual
0,09%
-0,85%
3,10%
0,37%
-7,57%
-0,94%
-12,52%

Comentário: A média de investimento, no período considerado, foi de 38.072,85 milhões de €, por ano. A tendência de queda manteve-se, embora no ano de 2007 e 2008, tenha havido algum crescimento, (acima dos 3% em 2007), apenas face ao ano anterior. Se compararmos o 1º ano (2005) com o último em que governaram, a performance é igualmente negativa em -17,81%.

A média de investimento anual, comparando com a média anual dos anteriores Governos (2002-2005), decresceu, cifrando-se em -2.133,37 milhões de €/ano, ou seja menos 5,31% de investimento por ano. Este Governo deixou os números do investimento piores do que os encontrou, quando tomou posse.

3.- Governo do PSD/CDS -  XIXº - Jun-2011 a Out-2015

Investimento
2011
2012
2013
2014
2015
(milhões euros)
 
 
 
 
 
Valor
32.451,8
27.057,7
25.689,8
26.413,7
27.504,7
 
 
 
est*
est*
Var % anual
-12,52%
-16,62%
-5,06%
2,82%
4,13%

Comentário: (Os valores de 2014 e 2015 são ainda provisórios).

A média de investimento anual, no período considerado, foi de 27.823,54 milhões de €, por ano. A tendência de queda, já verificada na vigência do governo anterior, manteve-se, embora no ano de 2014 e 2015, (ainda por estimativa) tenha havido algum crescimento (em 2015 - se se confirmar - acima dos 3% - apenas face ao ano anterior).

Se compararmos o 1º ano (2011) com o último em que governaram, a performance é, no entanto, igualmente negativa em menos 15,24%.

A média de investimento anual, comparada com a média anual dos anteriores Governos (2005-2011), decresceu, cifrando-se em -10.249,31 milhões de €/ano, ou seja um decréscimo de -26,92% no investimento anual. Este Governo deixou os números do investimento piores do que os encontrou, quando tomou posse.

Resumindo:
Postos os factos, estes são os números que me levam a não perceber, de todo, os discursos a que assistimos no dia-a-dia, sobre este capítulo das contas de Portugal, quer por parte do PSD/CDS quer por parte do PS.

Nenhum dos partidos/governos se pode gabar de ter feito o que devia, neste campo, isto é nenhum se pode gabar de ter impulsionado o Investimento em Portugal de forma consistente e duradoura. Todos deixaram os números do investimento piores do que os encontraram, quando tomaram posse.

Em todos os Governos os resultados de investimento do 1º ano foram mais altos do que os resultados do investimento do último ano do seu mandato.

Se analisarmos a média de investimento anual, no período desta análise – 2002 a 2015 – este foi de 35.439,45 milhões de euros € por ano.

Tendo o PIB médio/anual andado à roda dos 174,5 mil milhões de euros, o investimento teve, também em termos médios, um significado em torno dos 20% do PIB.

È pouco ou é muito, essa discussão deixo-a para a “gritaria” do dia-a-dia.

Na minha opinião é pouco para as necessidades de enriquecimento e bem-estar material dos portugueses, em particular, e de Portugal, em geral.

O antes e o após do Euro.

Para terminar esta análise, falta ainda analisar o Investimento em Portugal, antes da entrada da Moeda Única em circulação, o que aconteceu no ano de 2002, como é do conhecimento público.

Vejamos então esses números:

4. Investimento - Antes da entrada em circulação, em Portugal, do Euro

Investimento
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
(milhões euros)
 
 
 
 
 
 
 
Valor
29.406,1 
30.911,1 
35.318,2 
39.464,7 
41.863,8 
43.568,0 
43.986,9 
 
 
 
 
 
 
 
Var % anual
 
5,12%
14,26%
11,74%
6,08%
4,07%
0,96%

Comentário: A média de investimento anual, no período considerado, foi de 37.788,40 milhões de €, por ano.

Neste período, observou-se uma tendência de crescimento anual, embora a partir do ano de 2000, tenha diminuído drásticamente esse crescimento, (para menos de 1% em 2001).

Se compararmos o 1º ano considerado (1995) com o último desta análise (2001), a performance é positiva: + 49,58% de investimento.

Ou seja, antes da entrada em vigor da circulação do euro (1 de Janeiro de 2002) o investimento crescia a taxas superiores a 3% ao ano.

Se este crescimento do investimento era mais à base do investimento público ou se era mais à base do investimento privado, isso seria uma análise interessante, não só para este período, como para todos os subsequentes. De todas as formas não foi esse o objecto deste trabalho, nem interessa para as conclusões do mesmo.

É evidente que vários factores exógenos contribuíram para este panorama desolador, da pós-entrada em circulação da moeda única.

Mas o que é um facto é que pouco ou nada se fez para mudar e inverter esta situação.

De forma sustentada, ao longo destes últimos 21 anos nada se fez de profundo, coerente e sustentado de forma a facilitar e a atrair novos investimentos, sobretudo da esfera privada.

Portugal, os dirigentes políticos e os portugueses, já deviam saber que para atrair investimento, pouco ou nada interessam as siglas de cada partido, ou quem é o partido que está no poder. Interessam sim as condições para o atrair.

Como o demonstram vários estudos de sensibilidade, a empresários de todo o mundo, os factores verdadeiramente decisivos de atração de investimentos, repito, são:

A existência de um quadro Fiscal, claro, simples e duradouro. Não digo impostos e taxas baixos ou altos sobre as empresas. Claro que isso também ajuda. Digo duradouro, isto é, o quadro fiscal tem que ser imutável por longos anos, e estabelecido de forma clara, transparente e conhecida de quem quer investir.

Uma segunda condição de atração do investimento é existirem Leis estáveis, claras e duráveis. E, ainda neste campo, que exista uma Justiça organizada e célere, que resolva os conflitos legais no mais curto espaço de tempo.

A terceira condição é, também ela, muito simples: - para atrair investidores é necessário que exista um processo de autorização do estabelecimento de empresas muito rápido, simples e muito claro. Que dentro deste factor, existam prazos máximos para as entidades públicas se pronunciarem, findo os quais a instalação do investimento considera-se automática e irrevogavelmente autorizado a funcionar.

Ainda directamente ligado ao ponto anterior, existe a necessidade absoluta de o processo ser desburocratizado ao máximo, com apenas uma ou duas entidades a intervirem no sentido de facilitarem (e não de complicarem) o processo de investimento e abertura de novas empresas, sejam elas escritórios de serviços, sejam elas fábricas, hotéis, ou outras unidades produtivas e geradoras de emprego.

Como instrumento facilitador volto a falar do Banco de Fomento sobre o qual já escrevi por diversas vezes, mas que por conivência e cumplicidades existentes entre o Poder Político e o Poder Financeiro, ainda não foi restaurado.

É pena. Em vários países desenvolvidos, tal como a Alemanha, este banco de apoio a novos investimentos é essencial para a facilitação do aparecimento dos mesmos, e para a sua concretização. Em Portugal já existiu. Mas foi destruído. Porquê? Até quando Senhores Governantes e Senhores Dirigentes dos Partidos da Oposição?

Por fim uma pergunta ainda mais directa: Querem fazer parte da solução para o país, ou querem continuar a fazer parte do problema?



Miguel Mattos Chaves

Director do semanário "O Diabo"

Gestor de Empresas

Doutorado em Estudos Europeus

Auditor de Defesa Nacional

 

08 outubro 2016

Saída do Euro....

PORTUGAL e o MUNDO - Passado recente e reflexão
...
Portugal esteve presente em todos os passos, da “construção” de uma Europa unida e de paz, muito antes da revolução de 1974. Mais precisamente desde a década de 1950 em diante.
...
O Estado português manteve-se activo na construção político-económica da Europa, procurando aproveitar as oportunidades que daí advinham.
...
Esteve presente na reunião informal de Haia, de onde saíram os pilares da formação da OECE – mais tarde OCDE – e mais tarde da CEE.
...
Integrou a EFTA e negociou, desde 1962, a entrada na CEE, tendo alcançado em 1972 o primeiro acordo de trocas comerciais com os países desta comunidade.
Acordo este que lançou as bases para que o processo de adesão, assinado em 1985, fosse concluído com algum êxito.
...
O Portugal do pós-guerra, ao contrário do que é comumente afirmado, não esteve isolado politicamente.
É um mito se criou.
Foi fundador da NATO, da EFTA e membro de várias outras Organizações Intergovernamentais, de carácter regional e mundial, tais como a ONU, o Banco Mundial, o FMI, o BIRD, para só citar algumas mais importantes.
...
Portanto a afirmação de que Portugal esteve isolado diplomática e políticamente, desde 1933 a 1974, é mentira e é desonesto, mas bem típico de uma certa classe política.
...
Depois de 1974, ainda na altura do “PREC”, Portugal fez um pedido de ajuda à CEE e em 1976 assinou um Protocolo Adicional e Financeiro ao acordo de 1972, e no ano seguinte fez então o pedido de adesão formal, que conduziu à sua integração em 1986.
...
Dito isto, agora os catastrofistas defendem que o problema na relação entre Portugal e a restante União Europeia é o nosso país ser excêntrico ao centro de decisões.
Afirmação verdadeira mas que não contém toda a verdade.
...
O problema é outro: no centro da Europa há centenas de milhões de consumidores, que compram produtos e serviços, que animam a produção e as trocas, numa palavra que impulsionam a economia, tendo como factores de favorecimento neste campo a proximidade, a rapidez e a facilidade de comunicações terrestres e aéreas.
...
Ora, nesta matéria, Portugal tem como único vizinho Espanha.
Ou seja poucos milhões de potenciais consumidores, em condições de proximidade.
...
Já D. João II tinha percebido isso.
Percebeu que tinha que arranjar novos mercados de escoamento ou de abastecimento do país, numa altura em que as comunicações eram morosas e as distâncias terrestres, um obstáculo.
...
Percebeu que, em termos Atlânticos, Portugal é o centro do mundo e que o Mar era a nossa condição de sobrevivência enquanto Nação Independente e Soberana.
...
Tal percepção durou desde o seu reinado até 1974 e norteou a Política Externa, a política de alianças, o relacionamento de Portugal com o Mundo.
...
Neste início do Séc. XXI é preciso voltar a diversificar as nossas dependências, aprofundando as nossas relações com os países africanos e o Brasil, e retomar os acordos preferenciais com os Estados Unidos, que acabaram quando integrámos a UE.
...
Recordo que tínhamos taxas muito baixas para exportar os nossos produtos para esse país que, quando cessaram, retiraram alguma competitividade à indústria portuguesa.
...
Por outro lado é preciso tudo fazer, de forma a fazer perceber aos nossos amigos da CPLP que esta organização tem que evoluir para uma cooperação industrial, económica e de defesa, aproveitando o Atlântico Sul que fala a mesma língua dos dois lados, aproximando-se do modelo da Commonwealth, para os países anglo-saxónicos.
...
Na minha opinião a nossa adesão à moeda única, ao Euro, foi um grande erro.
A nossa adesão foi mal negociada e ditada apenas por questões de política interna. A taxa de câmbio utilizada foi completamente artificial.
...
Por exemplo, a Alemanha, foi obrigada a adoptar o Euro como condição para a sua reunificação mas fixou a taxa de forma a desvalorizar o marco.
Com isso conseguiu manter a sua economia forte e, ao mesmo tempo, uma moeda mais fraca, o que lhe tem permitido criar excedentes.
...
Em Portugal deu-se o inverso.
Tínhamos, e temos, uma economia frágil agora dotada de uma moeda forte.
...
Em Resultado desta situação:
- não morremos… mas vamos definhando.
Basta ler os números desde 2002.
...
Em vez de se construirem auto-estradas, devia-se ter reforçado a agricultura e a indústria, para compensar o ganho de valor artificial, provocado pela nova moeda, com a valorização dos produtos.
...
Defendo, por isso, e muito claramente a saída do Euro, que não pode ser nem breve, nem abrupta, mas sim negociada.
...
Temos que voltar à ‘serpente monetária’ onde estão os outros países da UE, que têm um intervalo de variação cambial de +/- 15%”.
...
A perda de poder de compra com a entrada no Euro foi muito significativa (+- 300% em cinco anos) e com a saída nesta altura da moeda única voltaria a sê-lo, no curto prazo, (+-25% a 30%).
...
A partir do 3º ano recuperariamos os níveis de crescimento da década de 1980 e 90, e os instrumentos necessários para o desenvolvimento, que nos foram retirados com a entrada no euro, a saber - Política Monetária, Política Orçamental e Política Câmbial.
...
É uma questão de sobrevivência, para Portugal.
...
Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves

05 outubro 2016

Mensagem ao novo Secretário-Geral das Nações Unidas

Ao novo Secretário-Geral das Nações Unidas
...
Em primeiro lugar os meus sinceros Parabéns ao Senhor Engenheiro António Guterres pela brilhante prestação e desempenho revelado ao longo do processo de eleição para o cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas e que hoje culmina com a sua indigitação para o cargo, pelo Conselho de Segurança, sem nenhum veto das cinco potências predominantes na organização (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido).
....
Em segundo lugar exprimi...r a minha satisfação, como Português, por ver um compatriota eleito para o mais alto cargo do Sistema Internacional das Nações, por mérito próprio e incontestável.
...
Em terceiro lugar exprimir o meu agradecimento de Português, ao Senhor Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa e aos Senhores Embaixadores de Portugal, no estrangeiro, junto de vários países, envolvidos, nesta campanha que ajudaram e muito na eleição do Sr. Engenheiro António Guterres, pela unidade demonstrada neste processo em que se defendeu Portugal, deixando de lado a mais nociva das “doenças” portuguesas (a partidarite e a mania das “capelinhas”).

Como Católico, como Português, estou orgulhoso pela sua eleição.
….
Num tempo em que a qualidade dos dirigentes políticos portugueses me tem oferecido sérias reservas, sobretudo de há vários anos para cá, é consolador ver um Português triunfar na exigente cena internacional.
...
Sempre o disse e afirmei, que os Portugueses nada devem em inteligência, em capacidade, aos estrangeiros. Verifiquei isso mesmo ao longo de vários anos em que trabalhei em companhias multinacionais.
...
Por último, quero expressar o meu desagrado e a minha repulsa pela atitude batoteira e de baixíssima política protagonizada pela Chanceler Alemã Angela Merkel e seus criados às ordens Jean Claude Juncker, Presidente da Comissão Europeia, e sua Vice-Presidente “Kristalina”. A cena internacional não precisa deste tipo de figuras, o mundo seria bem melhor sem elas.

Por fim, e mais importante, desejo ao novo Secretário-Geral das Nações Unidas, o Português Engº António Guterres as maiores felicidades no desempenho das suas novas Altas Funções, que muito o prestigiam e prestigiam Portugal.
Bem-haja pelo seu mérito.

Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Cidadão Português, Católico, militante do CDS-PP, da Direita Conservadora



03 outubro 2016

No final da Silly Season ... o estado das coisas

No final da Silly Season ... o estado das coisas
...
Quase no fim da “silly season”, inglesismo que traduz o período de Verão em que aparecem muitas e frívolas histórias nos órgãos de comunicação social, ou então são relatados crimes e desastres que de outra forma seriam relegados para as não-notícias, resta-me escrever sobre três dos poucos acontecimentos internos que me mereceram alguma atenção.
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Começo pelos fogos florestais e seus desenvolvimentos. Não vou repetir tudo o que no nosso semanário foi escrito em análises e artigos de opinião, como nos cumpre, por diversas personalidades. ...
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Limito-me a exprimir três desejos:
1- que neste Outono e Inverno se organizem de vez, e de forma competente, as actividades de vigilância da floresta, com o restauro urgente da Guarda Florestal;
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2- que a prevenção, seja levada a efeito através da limpeza necessária das matas, com a ajuda e coordenação dessa força; - e finalmente que o planeamento e a alocação dos meios de combate seja alvo de uma reorganização completa.
...
3- Nesta última tarefa espero que a compra dos meios terrestres de combate a incêndios dos bombeiros, passe para a exclusiva responsabilidade do Governo (seja ele qual for), e que os equipamentos aéreos de combate sejam colocados sob o comando exclusivo da Força Aérea, de preferência reequipando os C130 e os Helicópteros para o efeito, retirando da esfera privada qualquer lucro possível com os incêndios.
Depois de tudo o que veio a público e das promessas do actual Primeiro-Ministro é o mínimo que se pode esperar.
...
Um segundo acontecimento que me mereceu a atenção foi o da recapitalização da C.G. de Depósitos.
Neste particular, e como português, independentemente das “trapalhadas” do processo, congratulo-me por este banco continuar na esfera do Estado português e não ter ido parar a mãos estrangeiras.
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Dentro de poucos meses, os portugueses irão defrontar-se com um facto grave de que ainda poucas pessoas se aperceberam.
Refiro-me à quase certeza de que todos os restantes bancos comerciais possam passar para a propriedade de entidades estrangeiras.
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Se assim for restará às empresas portuguesas, na sua maioria, defrontarem-se com o facto de que as futuras decisões de apoio ao investimento, ou de crédito necessário ao desenrolar das suas operações, passarão a ser tomadas fora de Portugal.
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Tal situação não seria nada benéfica para as mesmas. Mantendo-se a Caixa em mãos nacionais, existe a esperança que o seu poder financeiro possa minimizar este problema.
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Finalmente no plano político-partidário vi, com grande desgosto, as atitudes do CDS-PP, face ao poder político de Angola e a sua colagem ao PSD, nas suas actividades de oposição.
...
Tais atitudes traduziram uma realidade: - não existe uma estratégia clara deste partido que seja coerente com os seus princípios e valores. Está o mesmo sem rumo e continua a enviar sinais contraditórios às pessoas, evidenciando uma fraqueza programática e ideológica confrangedora, sobretudo junto do eleitorado conservador e democrata-cristão.
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Já o disse publicamente e reafirmo:
- Portugal tem vivido uma democracia deficiente em que só os sociais-democratas (com tendências liberais ou socialistas) ou a esquerda mais radical se fazem ouvir.
...
A direita, conservadora e democrata-cristã, por incompetência, por desunião ou por um excesso de sede de protagonismo de alguns dos seus interventores políticos, e consequente falta do “espírito de missão” necessário, não tem sido capaz de alcançar a possibilidade de governar segundo os seus valores e programas, pois das vezes em que esteve representada no governo, foi a reboque e sob a direcção dos sociais-democratas liberais, ou seja de outros.
...
Em consequência nunca pôde apresentar e pôr em prática o seu modelo de governo alternativo ao modelo vigente nas últimas décadas.
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Portugal precisa de alternativas.
Seria bom para a democracia portuguesa, para Portugal e para os Portugueses, que a direita finalmente assentasse a sua mensagem e acção nos seus valores e programas e os transmitisse de forma coerente e perceptível, sem desfalecimentos nem receios, de forma a se tornar numa alternativa credível.
...
Resta-me ter a esperança de que as recentes atitudes da liderança do partido dos conservadores e democratas-cristãos portugueses tenham sido apenas motivadas pelos devaneios tontos, próprios da “silly season”.
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matos.chaves@gmail.com
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Um abraço a todos
Miguel Mattos Chaves