08 outubro 2016

Saída do Euro....

PORTUGAL e o MUNDO - Passado recente e reflexão
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Portugal esteve presente em todos os passos, da “construção” de uma Europa unida e de paz, muito antes da revolução de 1974. Mais precisamente desde a década de 1950 em diante.
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O Estado português manteve-se activo na construção político-económica da Europa, procurando aproveitar as oportunidades que daí advinham.
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Esteve presente na reunião informal de Haia, de onde saíram os pilares da formação da OECE – mais tarde OCDE – e mais tarde da CEE.
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Integrou a EFTA e negociou, desde 1962, a entrada na CEE, tendo alcançado em 1972 o primeiro acordo de trocas comerciais com os países desta comunidade.
Acordo este que lançou as bases para que o processo de adesão, assinado em 1985, fosse concluído com algum êxito.
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O Portugal do pós-guerra, ao contrário do que é comumente afirmado, não esteve isolado politicamente.
É um mito se criou.
Foi fundador da NATO, da EFTA e membro de várias outras Organizações Intergovernamentais, de carácter regional e mundial, tais como a ONU, o Banco Mundial, o FMI, o BIRD, para só citar algumas mais importantes.
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Portanto a afirmação de que Portugal esteve isolado diplomática e políticamente, desde 1933 a 1974, é mentira e é desonesto, mas bem típico de uma certa classe política.
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Depois de 1974, ainda na altura do “PREC”, Portugal fez um pedido de ajuda à CEE e em 1976 assinou um Protocolo Adicional e Financeiro ao acordo de 1972, e no ano seguinte fez então o pedido de adesão formal, que conduziu à sua integração em 1986.
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Dito isto, agora os catastrofistas defendem que o problema na relação entre Portugal e a restante União Europeia é o nosso país ser excêntrico ao centro de decisões.
Afirmação verdadeira mas que não contém toda a verdade.
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O problema é outro: no centro da Europa há centenas de milhões de consumidores, que compram produtos e serviços, que animam a produção e as trocas, numa palavra que impulsionam a economia, tendo como factores de favorecimento neste campo a proximidade, a rapidez e a facilidade de comunicações terrestres e aéreas.
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Ora, nesta matéria, Portugal tem como único vizinho Espanha.
Ou seja poucos milhões de potenciais consumidores, em condições de proximidade.
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Já D. João II tinha percebido isso.
Percebeu que tinha que arranjar novos mercados de escoamento ou de abastecimento do país, numa altura em que as comunicações eram morosas e as distâncias terrestres, um obstáculo.
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Percebeu que, em termos Atlânticos, Portugal é o centro do mundo e que o Mar era a nossa condição de sobrevivência enquanto Nação Independente e Soberana.
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Tal percepção durou desde o seu reinado até 1974 e norteou a Política Externa, a política de alianças, o relacionamento de Portugal com o Mundo.
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Neste início do Séc. XXI é preciso voltar a diversificar as nossas dependências, aprofundando as nossas relações com os países africanos e o Brasil, e retomar os acordos preferenciais com os Estados Unidos, que acabaram quando integrámos a UE.
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Recordo que tínhamos taxas muito baixas para exportar os nossos produtos para esse país que, quando cessaram, retiraram alguma competitividade à indústria portuguesa.
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Por outro lado é preciso tudo fazer, de forma a fazer perceber aos nossos amigos da CPLP que esta organização tem que evoluir para uma cooperação industrial, económica e de defesa, aproveitando o Atlântico Sul que fala a mesma língua dos dois lados, aproximando-se do modelo da Commonwealth, para os países anglo-saxónicos.
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Na minha opinião a nossa adesão à moeda única, ao Euro, foi um grande erro.
A nossa adesão foi mal negociada e ditada apenas por questões de política interna. A taxa de câmbio utilizada foi completamente artificial.
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Por exemplo, a Alemanha, foi obrigada a adoptar o Euro como condição para a sua reunificação mas fixou a taxa de forma a desvalorizar o marco.
Com isso conseguiu manter a sua economia forte e, ao mesmo tempo, uma moeda mais fraca, o que lhe tem permitido criar excedentes.
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Em Portugal deu-se o inverso.
Tínhamos, e temos, uma economia frágil agora dotada de uma moeda forte.
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Em Resultado desta situação:
- não morremos… mas vamos definhando.
Basta ler os números desde 2002.
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Em vez de se construirem auto-estradas, devia-se ter reforçado a agricultura e a indústria, para compensar o ganho de valor artificial, provocado pela nova moeda, com a valorização dos produtos.
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Defendo, por isso, e muito claramente a saída do Euro, que não pode ser nem breve, nem abrupta, mas sim negociada.
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Temos que voltar à ‘serpente monetária’ onde estão os outros países da UE, que têm um intervalo de variação cambial de +/- 15%”.
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A perda de poder de compra com a entrada no Euro foi muito significativa (+- 300% em cinco anos) e com a saída nesta altura da moeda única voltaria a sê-lo, no curto prazo, (+-25% a 30%).
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A partir do 3º ano recuperariamos os níveis de crescimento da década de 1980 e 90, e os instrumentos necessários para o desenvolvimento, que nos foram retirados com a entrada no euro, a saber - Política Monetária, Política Orçamental e Política Câmbial.
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É uma questão de sobrevivência, para Portugal.
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Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves

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