23 outubro 2015

a "Choldra" ...

ANÁLISE e OPINIÃO
Panorama político - Isto está uma "Choldra" – Onde é que eu já li isto?
....
Curiosa afirmação do Séc. XIX …. e curiosa a sua actualidade.
....
Tenho ouvido com alguma paciência mas com muita preocupação as sucessivas declarações dos ACTUAIS dirigentes políticos do BE, PCP, PS, PSD e CDS-PP.
...
Peço que me acompanhem nesta minha análise, necessáriamente breve q.b.
.....
Do lado da coligação PaF verifiquei que os sinais e o tom de discursos significam pânico. Tal facto tem levado, sobretudo os dirigentes do PSD, a fazerem verdadeiras "declarações de amor" ao PS, o que não deixa de ser curioso face ao que dele disseram na campanha eleitoral.
Têm alguma razão e adiante explicarei as razões, na minha opinião, de tais sentimentos agora expressos.
...
Do lado do PS verifico uma vontade de arranjar soluções que os levem ao poder e ao desenvolvimento de negociações que os levem a conquistar o mesmo, com partidos com os quais sempre mantiveram relações tensas. Também adiante explicarei as razões, na minha opinião, de tal sentimento.
....
Do lado do PCP, com enorme surpresa minha, vejo estarem agora dispostos a fazer o que nunca quiseram fazer ou seja um acordo para viabilizar um governo do PS, mesmo que para isso tenham que se entender à base de Mínimos Denominadores Comuns com este último e deixar de lado as suas convicções profundas.
Talvez por terem perdido para sempre o Aliado – a URSS comunista “O Sol da Terra”.
Adiante direi o que me parece ser a razão.
....
Do lado do BE, face à sua campanha eleitoral não me surpreende a sua atitude, afastados que foram os dirigentes que inviabilizavam entendimentos com outros partidos.
...
Dito isto:

O 1º Ministro indigitado ao ganhar as eleições disse que tinha em conta que não tinha ganho com maioria absoluta e que assumiria por isso "com humildade" esse resultado.
Desde logo desconfiei sinceramente dessas palavras por duas razões:
...
1.- Isso implicava propor uma aliança ou um acordo parlamentar ao maior partido da oposição sabendo que isso só seria possível cedendo a partes do programa do mesmo;
Ora não lhe ouvi ou li nenhuma proposta nesse sentido mas sim a reafirmação, nos dias seguintes, de que quem tinha ganho era ele e que portanto o programa seria o da coligação, embora “estivesse aberto” a considerar propostas do PS;
...
E aqui a minha primeira perplexidade:

- Qual Programa da Coligação? Durante a campanha não consegui perceber pois nada disse de concreto aos portugueses.
Será o PEC enviado antes da campanha eleitoral para a Comissão Europeia e não divulgado aos portugueses?
Será o conjunto de enunciados vagos escritos no dito Programa Eleitoral que de nada informavam a população sobre os temas que mais preocupam a opinião pública, nomeadamente a classe média?
Fiquei sem perceber e continuo, defeito meu com certeza, a não perceber.
...
É que quem quer arranjar alianças (económicas, empresariais, pessoais, ou políticas) tem que tomar a iniciativa de as propor e ser claro q.b. nas propostas e estar preparado para negociar, ceder de parte a parte e chegar a um ponto de entendimento.

Não foi o caso o que me leva a concluir:
- Não queria verdadeiramente negociar, queria provocar apenas discussão para ver se mais adiante no Parlamento conseguia fazer passar o Programa e o Orçamento negociando então em posição de maior fortaleza. Legitimo mas pouco claro.

Do lado do PS, que honra lhe seja feita, divulgou um programa económico completo (concorde-se ou não com o mesmo) e sério e com essa ingenuidade pagou caro pois na campanha eleitoral só se discutiu (e mal) o que tinha proposto.
No pós eleição verificou-se desde muito cedo que a sua vontade de negociar com a coligação era igual à desta;
- ou seja nenhuma vontade.

2.- A 2ª razão da minha desconfiança advém de verificar que durante os últimos 4 anos o líder do PSD (e o líder do meu partido o CDS-PP) anunciavam querer negociar com o PS, nas vertentes da Segurança Social, MAS só se essa negociação conduzisse à aprovação das suas próprias propostas (dele Governo).

Ora isso, óbviamente, não é negociar é chamar o outro para dar cobertura ao que nós queremos.

Negociar implica propostas de um lado e do outro (e isso havia) e depois conversar, ceder de parte a parte e chegar a uma solução que agradasse aos dois, o que nunca houve.
Verificada esta situação que segui de perto, tal nunca foi feito ´… porque o seria agora?

E encontramo-nos nós portugueses nesta situação de impasse que todos conhecemos.

Ora a “Choldra” de que falava Eça de Queiróz vem do seguinte quadro:

Da parte da Coligação e da parte do PS há o pânico de:

(A).- Não aproveitar o quadro internacional europeu favorável no que se refere à prática de juros baixos (impostos pelo BCE e pelo excesso de liquidez existente nos mercados internacionais que até aceitam já comprar dívida dos Estados a juros negativos dada a lei da oferta e da procura de aplicações);

(B). - Não aproveitar da situação de baixa do preço do petróleo que vai durar ainda algum tempo (derivada da “guerra” entre os países da OPEP e dos outros produtores de petróleo não alinhados) que têm aliviado (e de que maneira) as contas dos países importadores desse bem;

(C).- Não aproveitar destas Condições que, juntamente com as possíveis “aflições” que a Alemanha irá atravessar na sua economia, com o despoletar do escândalo da Wolkswagen (dado o peso desta empresa e dados os danos colaterais de imagem da economia alemã) levarão inevitávelmente ao afrouxamento (senão mesmo ao desaparecimento) do Tratado Orçamental o que originará algumas “folgas” financeiras para os Estados do Sul da União, (em especial a Itália, a Grécia, e a Portugal);

Situações que em conjunto possibilitarão, previsivelmente, aos respectivos Governos afrouxar algo nas suas políticas fiscais, e assim poderem dar algumas “benesses” ás suas populações.

(D).- Assim o Pânico de Ambos, advém de Ambos saberem que se perderem o poder, o que ficar com o Governo irá recolher os “louros” desse alívio, o que proporcionará vitórias eleitorais expressivas em futuras eleições.

É preciso ter claro que quando se fala de Poder fala-se também na capacidade de distribuir lugares entre os amigos, de forma a que estes sustentem o mesmo.

E quando se fala de Poder fala-se também na distribuição de favores (avenças, contratos, etc…) aos fiéis de forma a que estes os defendam.

Por isso, durante os 6 anos do Governo do PS e nos 4 anos do Governo do PSD (infelizmente com o CDS-PP a fazer de idiota útil), se verificou que:

- Das 346 Empresas Municipais, nenhuma foi extinta e todas elas custam milhões de euros a todos nós.
Relembro que as mesmas foram criadas (pelo PSD e pelo PS) para evitar que as Câmaras Municipais tivessem que obedecer aos citérios da Contratação Pública de obras, aquisição de bens, etc… pudessem tornear e comprar como e onde quisessem, e relembro que estas têm sido os maiores empregadores de quadros do PSD e do PS;

- Das 648 Fundações, grande parte das quais sem actividade conhecida, que usufruem de benefícios fiscais (isto é poucos ou nenhuns impostos pagam), não foram mexidas nem foram chamadas a partilhar dos sacrifícios dos que trabalham por conta de outrém nem dos reformados;

- Das 87 PPP’s (a 1º das quais a Ponte Vasco da Gama) nenhuma viu os seus rendimentos escandalosos serem diminuídos em favor do bem comum e de uma mais justa repartição dos sacrifícios pedidos aos cidadãos;
...
Neste caso, algumas das “poupanças” anunciadas não o são pelo simples facto de se terem transferido as responsabilidades, por exemplo, de conservação e reparação de estradas para o Estado (leia-se nós) que as terão que pagar;
Ou seja de real, nada foi mexido.

- Muitos Milhões de Euros que saem dos cofres públicos para pagarem Centenas ou Milhares de Pareceres que são pagos pelo Estado (leia-se Governo, Autarquias, Empresas Públicas) a escritórios de Advogados, a escritórios de Economistas, quando as mesmas instituições têm no seu quadro de pessoal Advogados competentes, Economistas, a quem pagamos salários e que estão lá para isso mesmo: dar pareceres e resolverem os problemas que vão surgindo na sua esfera de competência.

E podia continuar com a EDP e outras “rendas” que estamos a pagar.

Para estas despesas do Estado há dinheiro !!
Para os que trabalham por conta de outrém e para as reformas e pensões não há dinheiro ?
Porquê
...
Posto isto:
o que me choca mais no meio desta “Choldra” é a linguagem de “namoro” do PSD ao PS (ou a parte deste).
os dirigentes do PSD tem feito afirmações que me fazem ficar, no minimo preplexo:
- Dizem agora que o PS é um partido responsável !
- Dizem que o PS é um Pilar da democracia !
...
Então já não é o que trará a bancarrota ?
Então já não é o que trará a desgraça a Portugal?
Na campanha eleitoral foi o que me disseram.
Afinal ... ?

Já não há vergonha ?

Já não há Pudor ?

Somos, nós portugueses, todos Parvos?

Pelo menos Cúmplices somos, (enquanto comunidade) já que a Coligação obteve 38% dos Votos e o PS 32% dos votos.

ENFIM !

Onde está o Interesse Nacional necessáriamente expresso numa Estratégia Nacional?

Podia continuar mas o texto já vai mais longo do que queria.
Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Cidadão Português

Sem comentários: