09 janeiro 2017

As grandes qualidades e alguns defeitos do Povo Português

Portugal tem 900 anos de existência como país independente, possui uma história rica, e foi capaz de influenciar a história mundial, chegando a ser a potência mundial dominante, mesmo em tempos em que o número dos seus habitantes não chegava aos 2 milhões.
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Foi capaz de dar “novos mundos ao mundo” e foi capaz de trazer inovações importantes no relacionamento entre os vários países. Inovações que mudaram para sempre o ambiente mundial, como foi o caso da globalização do comércio internacional. Fomos, na verdade, os autores e fautores dessa 1ª globalização.
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Mas apesar deste e de outros feitos notáveis, em vários campos como a medicina, tecnologia da informação, indústria cerâmica, dos moldes, do calçado, têxtil, e outras, investigação científica, e em outros campos, e apesar do reconhecimento internacional nessas matérias, continuamos colectivamente a ter uma espécie de complexo de inferioridade face a outros povos/nações, que a meu ver não tem qualquer razão de ser.
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Na verdade, e quem trabalha ou trabalhou em multinacionais sabe-o muito bem, em nada somos inferiores a nenhum outro povo.
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O nosso país tem uma população com três características muito pouco vulgares no Mundo.
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A primeira das quais é a sua - Resiliência – isto é, a capacidade fora do comum de resistir e enfrentar adversidades. Esta característica fez, por exemplo, com que os nossos militares fossem um exemplo para muitos exércitos mundiais, dada a sua capacidade de combater em terrenos muito adversos, com equipamentos nem sempre adequados, resistir a condições climáticas diversas e por vezes muito agrestes.
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Ainda hoje, e dada esta peculiar característica, os nossos destacamentos militares que se encontram em missões de paz, um pouco por todo o mundo, são elogiados pelos nossos parceiros do sistema mundial.
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Uma outra característica que nos diferencia positivamente de outros povos é a nossa bem conhecida - Versatilidade Mental – isto é, a nossa capacidade de adaptação a novos métodos, novos desafios e novas tecnologias.
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Esta característica muito apreciada pelos estrangeiros, possibilita ao português médio aprender muito fácilmente novas tarefas, o que lhe dá uma mobilidade média superior.
Esta característica é muito visível, sobretudo, nos nossos emigrantes espalhados pelo mundo, mas também por cá.
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Por fim, temos um - Espírito Criativo Superior – isto é, uma capacidade invulgar de encontrar soluções para problemas inesperados ou fora do comum.
Esta característica é muitas vezes desvalorizada por nós próprios, não sendo invulgar ouvir classificá-la depreciativamente como a capacidade do “desenrascanço”.
É pena que sejam os portugueses, os próprios, a desvalorizar e classificar depreciativamente esta característica notável e invulgar.
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Estas três características, todas elas positivas, permitiram-nos, enquanto país, atingir feitos extraordinários, sob todos os pontos de vista, em vários períodos da nossa história, quando tivemos dirigentes à altura.
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Permitem a inúmeras empresas, quando bem dirigidas (e já lá vamos) ter sucesso não apenas no mercado interno, mas muito no mercado mundial. Permitiram, e continuam a permitir, que as filiais de empresas multinacionais que operam em Portugal, sejam das mais rentáveis, per capita, dos grupos mundiais que integram.
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O que nos falta então?
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- Estratégia e Organização – ou seja a capacidade de conceber estratégias de médio e longo prazo, suficientemente claras e devidamente conhecidas para poderem ser adoptadas e seguidas por todos os envolvidos;
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- Planeamento Realista – ou seja a capacidade de, na sequência da estratégia delineada, montar sistemas adequados para a cumprir, em todos os níveis, com sucesso nos resultados;
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E finalmente, o grande “calcanhar de Aquiles português”- Ausência de Políticas de Motivação.
Ou seja, a esmagadora maioria dos dirigentes políticos, ou empresariais, portugueses não tem a mínima noção deste factor fundamental.
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Dado ser uma matéria que, só por si, justifica um artigo ou mesmo um livro, direi apenas que uma grande parte dos dirigentes Portugueses, é incapaz de elogiar os seus comandados quando eles desempenham bem as suas tarefas, mas são muito rápidos em criticar quando eles cometem erros no desempenho das mesmas.
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Estes três últimos factores (Estratégia e Organização, Planeamento Realista e Ausência de Políticas de Motivação) são, por definição, da responsabilidade dos Dirigentes.
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Uma direcção capaz define-se, em primeiro lugar, pela sua capacidade de os desenvolver e por em prática.
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Em resumo: Portugal tem as condições de base – o Ser Humano - com as características mais que necessárias para evoluir e ser mais rico e proporcionar melhor futuro aos seus cidadãos.
O que tem falhado, são grande parte dos dirigentes, políticos, associativos, sindicais, empresariais, que temos tido.
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Inevitável? Não!
Já agora merecia a pena pensar nisto!
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matos.chaves@gmail.com
(Editorial de dia 27 de Dezembro de 2017 – Semanário “O Diabo”)
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Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves

Director do semanário "O Diabo"
Gestor de Empresas
Doutorado em Estudos Europeus
Auditor de Defesa Nacional

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