07 junho 2017

3ª Parte - O Modelo Europeu

O Modelo Europeu (3ª Parte)


Na sequência dos dois artigos anteriores, vejamos então os outros modelos, ou posições, existentes, face à união Europeia.

(2º) - Os que defendem a Europa Federal, os da Integração Europeia;

Os Estados Unidos da Europa – Poder Central Europeu, que alguns dirigentes do PS e alguns dirigentes do PSD defendem, acompanhados pelos banqueiros, por razões que poderei explicar noutra altura.

Neste caso os fundadores que defenderam este Modelo foram Jean Monnet - Joseph Retinger - Altiero Spinelli - Denis de Rougemont - Alexandre Marc e outros.

Monnet, a figura mais conhecida deste grupo, defendia uma aproximação ao federalismo por sectores, que ficou conhecida como a “estratégia dos pequenos passos” ou de “integração sectorial” de forma a evitar as “reacções” desfavoráveis dos povos. Queriam constituir uma Assembleia Constituinte Europeia, um exército europeu, mas este na condição de ser acompanhado da constituição de um poder político federal, de que ele dependesse.

Inspiraram-se no modelo americano, que segundo eles, deveria ser seguido na Europa, através da construção dos denominados Estados Unidos da Europa. Para esse efeito propunham que fosse elaborada uma Constituição Federal, que deveria ser submetida à ratificação dos Povos e dos Estados e que legitimaria esse Novo Estado.

Foram então estes os Modelos discutidos pelos Pais Fundadores. Dois modelos e não apenas um, como vos têm querido fazer crer.

(3º) - Os que defendem a Europa a duas ou mais velocidades.

É um movimento, ou linha de pensamento muito recente, liderado pela Alemanha de Angela Merckel, pela França de François Hollande e por Jean-Claude Juncker, o qual pretende que se constituam dois ou mais grupos de Estados, dentro da União.

Porquê este novo movimento?

Porque, tal como tinham previsto a maioria esmagadora dos Fundadores, os da linha da Europa das Nações, os cidadãos dos vários Estados europeus, os cidadãos das várias nacionalidades presentes na Europa, não estão todos dispostos a abdicarem da sua Independência, da sua Soberania, em prol de uma entidade supra-nacional, dominada pelos mais fortes.

Assim tentam agora fazer o que Monnet tinha tentado e falhado em 1956, razão pela qual se demitiu de Presidente da então CECA: federar alguns Estados mais ricos e deixar os outros voltarem na direcção da Europa das Nações.

È uma linha de pensamento que tem poucos pés para andar, pois isso acarretaria a dissolução da já desunida união.

Tem servido apenas como argumento para meter medo a todos os estados/Nação que não se queiram federalizar e fazer chantagem sobre as populações dizendo-lhes que ficarão para trás se não constituírem um Estado Federal.

É, portanto, uma manobra de política internacional e não mais do que isso.

E a primeira razão é esta: não vejo os franceses com vontade de obedecerem aos alemães ou vice-versa.

Disto isto, e para terminar, volto a dizer que tenho vindo a assistir com espanto e incredulidade a afirmações do género:

- “O Voto dos portugueses legitimou a Integração Europeia!” (Fim de citação).

Pregunta irónica: - A sério Senhor Primeiro-Ministro e Senhor Dr. Passos Coelho?

Estão a ir na linha dos que defendem o caminho actual e continuam a usar sempre os “pais fundadores” da então CEE, como se todos eles defendessem apenas o modelo Federal, ou federalizante, que está em curso.

Ora isso é a mais pura das mentiras, como acima ficou claro. Continuam com o discurso que alguns dirigentes políticos do “centrão” têm feito. Ora este discurso tem sido feito na esperança e com o “argumento” de que os portugueses não perceberiam as alternativas.

Ora esse discurso público, nega o que foi feito públicamente, pela primeira vez, no Congresso de Haia de 1948, pelos pais fundadores da CEE.

O próximo artigo, a 4ª parte, será o último desta série.

Grato pela sua atenção

Miguel Mattos Chaves

Candidato a Presidente da Câmara da Figueira da Foz
 

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