23 fevereiro 2015

o INTERVALO do "Jogo Europeu"

Uma REFLEXÃO sobre o decorrer das Negociações da U.E. com a Grécia
a 1ª Parte do Jogo do Poder na U.E. concluiu-se - 23-02-2105
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Os resultados são inconclusivos e não satisfazem ambas as partes, mas também não proporcionam satisfação plena a nenhum dos intervenientes.
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Pelo lado da Grécia:
- A sua posição inicial de negociação de reestruturar a sua Dívida Soberana (os sinais externos de pressão) e a sua pretensão de imediatamente recuperar algum do poder de compra dos Gregos afectados, através da recuperação do salário mínimo e readmissão de funcionários públicos (sinais internos) tiveram que dar lugar a uma recuperação gradual do salário mínimo (e não súbita).
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- Por outro lado conseguiu que o seu Governo passasse a negociar politicamente ao mais alto nível e não, como até aqui, através de funcionários das três instituições, o que é uma boa notícia para todos os Estados-membros afectados pela crise financeira em curso.
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- Conseguiu ainda que o Programa de extensão, a executar nos próximos meses, pusesse de lado algumas das medidas que estavam em cima da mesa, tais como: mais despedimentos, mais cortes salariais, ou seja o aprofundamento da denominada austeridade, levando agora as futuras medidas a afectar (segundo as intenções divulgadas) as entidades que até aqui tinham ficado de fora, através de um maior combate à corrupção e à fuga de impostos.
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- Conseguiu ainda que lhe fossem concedidas linhas de crédito favoráveis, pelo BCE, destinadas a patrocinar algumas medidas de desenvolvimento.
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Pelo lado da U.E., B.C.E. e F.M.I:
- Conseguiu estancar uma renegociação da Dívida Soberana Grega, que poderia arrastar atrás de si situações complicadas de gerir com a Itália, França, Espanha e Irlanda (de que Portugal beneficiaria apenas lateralmente);
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- Adiou uma solução global para o conjunto da União, que necessáriamente terá que ser encontrada rapidamente;
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- Evitou uma possível situação de saída do Euro da Grécia, e quiçá, de outros países em dominó, e com isso o aprofundar da crise da Moeda Única;
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Ambas as Partes, ganharam pois:
- Reconheceram os erros dos processos seguidos até aqui;
- Abriram a porta política para encontrar novos caminhos para a União;
- Demonstraram vontade de progredir e de iniciar um processo mais dirigido para o desenvolvimento do que para a pura e dura contabilidade sem futuro.
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Ambas as partes cederam pois:
- Não conseguiram fazer vencer as suas posições iniciais;
- Tiveram que negociar politicamente, para além da negociação técnica.
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Mas, tal como no início desta reflexão o afirmei, estamos apenas no intervalo do Jogo do Poder iniciado no mês passado e os próximos meses serão interessantes pois prevejo algumas mudanças necessárias para a conservação da União Europeia.
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E recupero o que escrevi no dia 2 de Fevereiro:
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" ... E, traçado este quadro, a minha opinião é que temos pela frente meses interessantes de Negociação Política (e não apenas técnica, como até aqui foi tratado o tema da austeridade dos países do Sul e Sudoeste da Europa) o que é, para mim, positivo e poderá corrigir erros de trajectória da União Europeia.
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DOIS CENÁRIOS (resultados) se poderão verificar, na minha opinião:
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1º CENÁRIO:
SE ... ambos se mantiverem irredutíveis, o quadro será o fim do euro e, possívelmente da própria UE (uma coisa não tem necessáriamente que arrastar a outra), com a consequente reformulação do quadro de alianças entre países no Continente Europeu que poderá dar origem a dois ou mais blocos:
Uma possibilidade que levanto é a da formação de um eixo Atenas-Moscovo, com a agregação de alguns países periféricos dessa zona; um eixo Paris-Bona -Helsínquia-Estocolmo; e o reforço do eixo Londres- Washington com algumas adesões.
Ganhos eleitorais e vitórias de Partidos extremistas em França, Inglaterra, Holanda, Espanha e outros.
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2º CENÁRIO:
SE .. houver acordo, (e um acordo implica cedências de ambas as partes para encontrarem um denominador comum que deixe ambas as partes in/satisfeitas por igual ou aproximado), toda a UE (inclusivé a Grécia) ganhará se isso significar que à política de austeridade sucederá uma política de desenvolvimento.
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COMENTÁRIOS FINAIS:
Posso prever, com algum grau de forte probabilidade de acontecer, em caso de sucesso das re/negociações:
- UM GANHO para TODA a Europa do Sul:
Isto é, nada ficará como dantes e estas Negociações "forçarão" a concessões por parte da "linha dura" da UE, e dos seus "criados" como é o caso do lamentável Sr. 1º Ministro Português.
Pena que tenha sido a extrema-esquerda da Grécia a despoletar este processo e não a Direita dos diversos países europeus.
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Espero assim que os dirigentes europeus (Gregos incluídos) que contam (infelizmente os nossos, com esta posição, não contam para nada) sejam responsáveis e sigam outro caminho que proporcione bem-estar aos diversos Povos Europeus e abandonem o caminho até aqui seguido.... "
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Veremos então o que se passará, pois "o Jogo" não acabou, longe disso, na minha opinião.
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Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Militante do CDS-PP

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