Pensando sobre os erros cometidos pelo Ocidente, em geral, e sobre os erros cometidos pela União Europeia, em particular, deixo-vos aqui três assuntos que considero serem as causas mais importantes da crise política, civilizacional, económica e financeira, que vivemos.
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Ao longo dos anos que levo de estudo e análise sobre as questões geopolíticas e geoestratégicas coloquei-me, por diversas vezes, algumas questões às quais tenho vindo a tentar responder.
Partilho-as hoje com os leitores para que possam reflectir, também, um pouco sobre as mesmas.
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(1).– E a primeira questão, prende-se com os movimentos de pessoas, sobretudo do Norte de África, em direcção à Europa.
Não terá tido, toda esta situação de crise de IMIGRAÇÃO para a Europa, como uma das suas causas fundamentais, a falta de estratégia da União Europeia, em particular, e do mundo dito ocidental, em geral?
Para mim, é claro que a resposta é positiva.
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E porquê? Porque se verificou um erro monumental.
Esse erro foi o de se terem deslocalizado as produções industriais do ocidente, para o extremo-oriente, em vez de, por exemplo, as mesmas se terem deslocalizado (sobretudo as indústrias de mão-de-obra intensiva) preferencialmente para os países do Norte de África.
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É que, se boa parte destas unidades produtivas se tivessem instalado nessa zona de fronteira da Europa, (em vez de irem para a China, Vietnam, etc) tal teria certamente contribuído, para a fixação dessas populações, muito jovens, nesses países. Isto porque, ao serem criados empregos nesses países, essa população teria emprego, rendimentos do trabalho e não necessitaria de sair do seu país, para viver melhor.
Ou seja, com isso ter-se-ia evitado o actual quadro de emigração desordenada e volumosa a que se assiste.
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Para tal bastaria que a Europa tivesse construído Programas de Apoio ou dado indicações políticas, nesse sentido.
Em vez de se gastarem biliões de euros, ao longo de três décadas, a dar “o peixe”, aos países do norte de África para “ajudar” as suas populações, se tivessem dado a “cana para pescar”, isto é indústria e criação de empregos, não estaríamos agora assistir a esta “invasão”.
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Creio que poderia ter havido vantagens mútuas muito significativas, se assim se tivesse feito, quer em termos de mercado alargado, quer em termos sociais.
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(2).- Uma segunda questão prende-se com a denominada GLOBALIZAÇÃO.
Não terá tido esta situação como uma das causas fundamentais a excessiva abertura dos mercados europeus a produtos produzidos em países onde a mão-de-obra é práticamente escrava (com salários que não dão para viver, sem feriados, sem férias, etc..) penalizando dessa forma a saudável concorrência que deveria presidir a uma globalização igualmente saudável do comércio, antes desvirtuando-a por completo?
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A resposta para mim é clara e é positiva. Em nome de utopias irresponsáveis, que interessam apenas a alguns, desguarneceu-se o mercado europeu colocando este (e as suas populações) à mercê de uma concorrência desleal.
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E curiosamente, os responsáveis por essa abertura excessiva dos mercados europeus, até invocaram os “direitos humanos” para o fazerem. Direitos de quem? Das populações orientais, como já vimos, não seguramente. Das ocidentais, as que foram gravemente prejudicadas, também não.
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(3). - Finalmente, a DESREGULAÇÃO absoluta dos mercados financeiros que teve lugar na década de 1980/1990, deixando fundos de investimento, bancos e outros operadores financeiros, entregues à sua suposta racionalidade, não terá contribuído de forma importante para o quadro actual do mesmo sistema, com prejuízos absolutos para as populações e para a actividade económica real?
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É por demais evidente que sim.
E a perplexidade que estas conclusões me causam, e que há muito retirei do estudo e análise da situação internacional, sugerem-me a seguinte pergunta:
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- Até quando é que as populações, dos diversos países europeus, vão aturar esta irresponsabilidade, por parte daqueles que deviam governar em seu benefício e não em seu prejuízo?
Responda quem souber!
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Miguel Mattos Chaves
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