16 abril 2015

RELATÓRIO da FAO sobre a ÁGUA ---- ---- (2ª PARTE)

Comentário ao RELATÓRIO da FAO sobre a ÁGUA ---- ---- (2ª PARTE)
Com a eclosão de revolução do 25 de Abril, o projecto parou durante anos e só muito recentemente se fez o Alqueva e alguns dos canais, estando o Plano Original da década de 1960, ainda muito longe da sua conclusão, e do integral aproveitamento dos efeitos que se pretendiam alcançar de desenvolvimento do Alentejo.

Na 3ª República, portanto, pouco ou nada se fez nesta matéria, com prejuízos evidentes para Portugal.
Apenas em 2009 foi adjudicada a construção de mais barragens, mas com duvidosa “arquitectura financeira”, facto que originou justa contestação.
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Voltando um pouco atrás, surgiram nos anos de finais da década de 1970, “grupos de pressão” ditos ambientalistas que, com vários argumentos falaciosos, fizeram ceder o Poder Político, cujo resultado foi a paragem da necessária e vital política de captação e armazenamento das águas que anteriormente tinha sido prosseguida com enormes vantagens, não perceptíveis a quem está habituado, nos nossos dias ao gesto simples de abrir uma torneira.
Esqueceram-se, ou ignoram com certeza, que em várias zonas do globo terrestre esse gesto simples, de abrir uma torneira e esta deitar água, é um luxo inalcançável.

Seja como for, Portugal continua à espera da construção das barragens que faltam fazer, muitas das quais já estavam contempladas nos 1º, 2º e 3º Planos de Fomento, da 2ª República.

Tal falta de visão, dos mais recentes poderes políticos, torna-se agora mais evidente á luz do recente e já citado relatório da FAO.
Poder-se-ia dizer:
- Bom o relatório é recente e por isso não havia a consciência deste facto.
Bom mas então o que dizer da falta de visão, e ignorância, face aos pareceres e relatórios da OCDE da década de 1950/1960 (encomendados pelo Governo Português de então e vertidos nos Planos de Desenvolvimento Regional e Nacional)?
É que esta falta de visão provocou atrasos, hesitações, paragens, que sob o meu ponto de vista denotam uma enorme falta de Sentido de Estado dos sucessivos ocupantes do Poder Político, desde há quatro décadas a esta parte.

Vejamos então quais as Objecções mais em voga, (postas na comunicação social, usada como órgão de pressão) utilizadas pelos referidos “grupos de pressão” ou “lobbyes”, a que os fracos Poderes Políticos têm demagógicamente cedido:

(1ª) OBJECÇÃO: - As barragens prejudicam e podem significar o fim dum ecossistema!
RESPOSTA: Bom, a aceitar esta postura, sem qualquer sentido critico, nada se construiria. Nem casas, nem estradas, nada, porque toda e qualquer intervenção humana tem consequências na natureza; É um facto indesmentível. Voltamos a viver em cavernas?
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Mas pergunto a esses grupos:
- Sem água podemos sobreviver?
- Quem está primeiro?
O Ser Humano e sua protecção ou alguns dos ditos “ecossistemas” que, dada a capacidade regenerativa da Natureza, se recomporiam em outros locais? Desde que o Ser Humano existe quantas transformações se deram, por sua intervenção, o que possibilitou termos hoje condições de vida que não existiam.
E se um dia faltar a água, com adverte a FAO?
Ficam os tais ditos ecossistemas, claro, mas sem seres humanos, que entretanto morreram por falta dela!
(2ª) OBJECÇÃO: Estatuto de Património Mundial (no caso do Foz Côa)!
RESPOSTA: bom... nesta matéria a UNESCO fica muito feliz, bem como alguns “pretensos intelectuais” e seus “chevaliers servants”.
Mas os portugueses ficaram sem mais água potável (recurso estratégico e vital) e com menos energia (recurso estratégico) em favor de um cognome com muito pouco significado para a vida REAL das pessoas.
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E a atender-se sem critério a esta classificação, não será que as pessoas ficarão sem recursos muito mais importantes, que serviriam para o bem-estar real das populações, em particular, e do país em geral?
Quem advoga esse "estatuto/denominação" são os mesmos que ajudaram à ruína do País, parando os Investimentos previstos há mais de 60 anos e não concluídos e substituídos por Rotundas, Fontanários, Pavilhões gimnodesportivos desertos e outras "obras" deste quilate. E para estas “obras” já não há problemas de UNESCO ou ditos ambientais?
Pergunto: É disto que Portugal precisa?
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(3ª) OBJECÇÃO: a construção de barragens produz alterações à qualidade dos produtos agrícolas
RESPOSTA – é curiosa a avocação deste tema num país em que a auto-suficiência agro-alimentar é baixa, e em que os produtos derivados das actividades de produção agrícola, da pastorícia, da floresta, da pecuária, da suinicultura, etc... nos faz depender, em muito, de produtos importados, com evidente prejuízo para as Contas Externas do país;
(4ª) OBJECÇÃO: A construção de barragens prejudica o turismo ferroviário na região das Beiras e na região Duriense.
RESPOSTA – Este segmento do sector do turismo tem algum interesse sem dúvida, mas perde em favor dos interesses estratégicos do País.
Poderá ser eventualmente prejudicado, embora a sua dimensão seja reduzida.
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Mas se estamos a falar de Turismo, então podemos, com vantagem, falar no aproveitamento das albufeiras criadas pelas barragens para esse fim, cujas potencialidades são enormes quer na sua utilização directa, quer no povoamento humano e emprego adjacente.
Assim, ao mesmo tempo que se armazena o “Petróleo do Séc. XXI” – a água, podem-se desenvolver novas actividades turísticas que, no entanto, deverão acautelar a permanência da qualidade da água para consumo agrícola ou caseiro.
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Posto isto, e em jeito de conclusão direi que a construção de mais barragens em Portugal, é essencial a vários títulos, de que destaco três:
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(1) Como reservatórios de água potável, bem essencial à vida humana;
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(2) Como produtores de electricidade, de forma a reduzir as importações e embaratecer essa fonte de energia;
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(3) Evitar, pela evaporação e consequente humidificação das terras, a desertificação acelerada do território nacional.
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Assim e dado que este investimento é de interesse nacional, os interesses nacionais têm que se sobrepôr aos interesses particulares ou locais, ou aos dos tais “grupos de pressão” que defendem interesses muito próprios.
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(CONTINUA e finalizo na próxima 2ª FEIRA) - Bom fim-de-semana
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Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves

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