10 março 2017

Como se aumenta o PIB

Tenho assistido num misto de incredulidade e incómodo a uma discussão sobre como fazer o país enriquecer mais. Por outras palavras, como fazer para que haja mais investimento sobretudo em novas empresas, que produzam mais produtos ou serviços que sejam vendáveis em Portugal ou, de preferência, no estrangeiro, exportando-os, e que criem novos empregos, para mais portugueses.
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É sabido que, com o aparecimento de mais empresas, se aumentam também as receitas do próprio Estado.
Um dos efeitos do aparecimento de mais empresas é que se proporcionam salários a mais pessoas, o que lhes permitirá gastarem dinheiro para viver, em casas, bens alimentares, vestuário, etc. (que por sua vez são bens produzidos pelas empresas).
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Para além do mais, mais pessoas empregadas, que pagam também os seus impostos, em conformidade com os salários que recebem, significa um aumento de receitas para o Estado, Segurança Social e outras entidades públicas.
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Esta “cadeia” económica é a que leva ao desenvolvimento, que trás consigo o crescimento e o enriquecimento do País.
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O produto interno bruto (PIB) é calculado pela soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos no país. Este indicador, muito falado, tem assim o objetivo de quantificar a actividade econômica.
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Na contagem do PIB, consideram-se apenas os bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo intermédio. Isso é feito com o objectivo de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção, aparecem contados duas vezes na soma do PIB.
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Posto isto, quem contribuí maioritáriamente para o PIB são as empresas.
Mas se estas não tiverem quem lhes comprem o que produzem, deixam de existir. Quem lhes compra? As pessoas.
As empresas para funcionarem e poderem produzir, precisam de pessoas, seus empregados. Estes recebem salários, os quais lhes permitem comprar bens e serviços, mantendo assim um círculo positivo na economia.
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A consequência de todo este ciclo, é simples:
- quanto mais empresas houver na Economia, mais emprego haverá, mais dinheiro circulará e alimentará a mesma.
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Mas para que apareçam mais investidores, (pessoas) interessados em criarem novas empresas, são precisas, entre outras, as seguintes condições:
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1) - Que haja consumidores interessados, e com dinheiro, para comprar o que vão produzir;
O mercado interno é uma componente, e em Portugal muito fraca, e o mercado externo é outra.
A proximidade da compra e consumo influenciam decisões de investimento.
Ora num país onde as pessoas têm muito pouco dinheiro disponível para comprar e consumir, não é um país muito atractivo para abrir uma empresa, a não ser que esta seja concebida para exportar a esmagadora maioria da sua produção;
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2) - Que o Estado facilite o estabelecimento no País, de empresas, quer em termos de simplificação de burocracias, quer na rapidez da aprovação de abertura e funcionamento, em suma que, ao invés de dificultar a sua abertura e funcionamento, (como acontece em Portugal) se simplifique tudo isto ao máximo, com um mínimo de custos para o investidor, porque estas questões são fulcrais para quem pretende investir.
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3) - Uma outra condição para atrair pessoas que queiram investir, é que exista um quadro fiscal simples, fácilmente perceptível por quem pretenda abrir uma empresa, para que o investidor possa fácilmente incorporar nas suas contas e previsões o quanto terá de pagar em taxas e impostos.
A acrescer a isto, o investidor procura países onde o quadro fiscal seja transparente e durável no tempo, porque isso lhe dá segurança e previsibilidade para o seu negócio.
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Face a estas realidades, o que vemos?
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Muitas palavras, muitos discursos, mas sem práticamente nenhuma profundidade, no que concerne à medidas concretas que se devem tomar e sua implementação.
Já nem falo de apoios financeiros.
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Ora, se as pessoas residentes em Portugal têm pouco poder de compra, para poderem comprar o que é produzido;
Se só com mais trocas (compras e vendas) na Economia poderão existir mais empresas e mais empregos;
Se a soma das compras e vendas, dão como resultado final, o famoso PIB;
Se quanto maior for o PIB, menor é a percentagem do défice e da dívida;
Se tudo isto é verdade, e é, de que está o poder político à espera para criar estas condições.
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E logo à cabeça, a óbvia:
- criar as condições para que os portugueses tenham mais dinheiro disponível para comprar e consumir, não os sobrecarregando com impostos, taxas e taxinhas, a propósito de tudo e de nada.
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É que só há Desenvolvimento, se houver Crescimento.
E para haver Crescimento têm que se somar 3 condições de base:
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1. Haver mais Poder de Compra das pessoas, o que implica ou maiores salários, ou menos impostos, ou desejávelmente as duas coisas em conjunto, porque as pessoas precisam de ter dinheiro para comprar os produtos e serviços produzidos;
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2. Tem que haver mais Exportação;
mas quem exporta são as empresas e não os Governos, porque são estas que produzem os produtos ou serviços e os vendem, no mercado externo;
Se lhes dificultam a existência, não abrem ou mesmo fecham.
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3. Tem que haver mais Investimento, sobretudo na Indústria.
Quem investe são empresários, e não os Governos, porque é a estes que interessa produzir e vender, para ganharem dinheiro.
Se lhes dificultarem a vida com burocracias e impostos altos, ou que variam à vontade de cada governo, estes não o fazem.
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Assim sendo as Conclusões perecem-me óbvias:
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Com muitos impostos e burocracias em Portugal, e pouco Poder de Compra dos Portugueses, só um louco investirá em mais empresas, logo na criação de mais empregos, que no seu conjunto gerem mais riqueza para o país.
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Então a pergunta que se coloca é:
- De que esteve à espera o Governo PSD/CDS para fazer o necessário para suprir ou diminuir drásticamente estes óbices?
- De que está à espera o Governo actual, para abater, ou diminuir, estas barreiras ao investimento?
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Quando assisto à presente discussão sobre o salário mínimo, e sobre uma eventual diminuição de custos para as empresas, entre os vários partidos, sinto-me incomodado e nem quero acreditar em tanta incompetência para resolver os problemas fundamentais dos Portugueses.
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Fico apenas com uma certeza, cada vez maior, que o que lhes interessa é como vão atacar-se uns aos outros para poderem manter-se no Poder ou para o poder conquistar.
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Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves

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